Por Karinne Viana
“Que teu alimento seja teu remédio e que teu remédio seja teu alimento”. Essa frase, dita por Hipócrates, o “pai da medicina”, reflete a importância da nutrição como um dos principais pilares da saúde. Uma alimentação equilibrada desempenha um papel fundamental na prevenção e tratamento de doenças, influenciando diretamente o bem-estar físico e mental. Contudo, pesquisas têm demonstrado que a população brasileira continua a fazer escolhas alimentares inadequadas, com um aumento no consumo de alimentos ultraprocessados, especialmente entre os adolescentes, e uma diminuição no consumo de alimentos tradicionais da cultura alimentar do país, como arroz e feijão.
“A nutrição é essencial para o funcionamento do corpo, e a segurança alimentar e nutricional, que envolve tanto o acesso a alimentos em quantidade suficiente quanto em qualidade adequada, é fundamental para a promoção da saúde”, afirma a gerente de Serviços de Nutrição da Secretaria de Saúde (SES-DF), Carolina Gama.
Segundo o boletim informativo da SES-DF sobre o perfil nutricional e de consumo alimentar da população acompanhada pela Atenção Primária à Saúde (APS) do DF, em 2022, 83% dos adolescentes acompanhados consumiram alimentos ultraprocessados, enquanto 68% consumiram bebidas adoçadas. Além disso, 41% ingeriram macarrão instantâneo, salgadinhos de pacote ou biscoitos salgados, e 55% consumiram biscoitos recheados, doces ou guloseimas. Outra observação importante é o percentual crescente de crianças que, a partir dos 2 anos até a adolescência, apresentaram excesso de peso.
Com histórico familiar de obesidade, a estudante Maysa Vieira, 15 anos, costumava se alimentar de frituras, doces e fast food. Mas há um ano ela decidiu mudar seus hábitos alimentares. A jovem recebe acompanhamento nutricional na Unidade Básica de Saúde (UBS) 4 da Estrutural e, desde então, só tem percebido benefícios. “Comecei a comer mais salada, arroz, feijão e legumes. Perdi peso, me sinto mais disposta para fazer as coisas, durmo melhor e não sinto mais vontade de comer por impulso. Além disso, percebi muitas mudanças positivas no meu corpo e minha autoestima está melhor”, conta.
Promoção da saúde
A nutricionista da SES-DF explica que uma alimentação é considerada saudável quando é composta por alimentos naturais ou minimamente processados. “A alimentação saudável inclui frutas, legumes, verduras, carnes, ovos, grãos e castanhas, livre de alimentos ultraprocessados e industrializados, que contêm corantes, conservantes e adoçantes, além de serem ricos em sódio, gordura e açúcar”.
Neste cenário, o Dia Nacional da Saúde e Nutrição, celebrado neste domingo (31), ressalta a importância de uma alimentação equilibrada e nutritiva para promover a saúde, contribuindo para a prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares e câncer. Além disso, a data auxilia na desconstrução de conceitos, como a ideia de que “alimentação saudável custa caro” ou “é viver em dieta”.
Para desenvolver ações estratégicas de alimentação e de nutrição no DF, a Secretaria de Saúde planeja as suas ações por meio dos Planos Distritais de Promoção da Saúde, de Segurança Alimentar e Nutricional e de Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis. Nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), por exemplo, há ações desenvolvidas por meio de grupos de hábitos de vida saudáveis.
“No contexto das UBS, os nutricionistas ancoram suas atividades na educação alimentar e nutricional, incluindo atendimentos coletivos e individuais. Além disso, há ações intersetoriais desenvolvidas em parceria com outras secretarias, a exemplo do Fórum Distrital de Promoção da Alimentação Adequada e Saudável nas Escolas da rede de ensino do DF”, ressalta Gama.
Como ter uma alimentação saudável?
Tanto a SES-DF quanto o Ministério da Saúde (MS) recomendam alguns passos para ter uma alimentação equilibrada e hábitos saudáveis:
- É essencial mudar o prato: menos alimentos industrializados e mais alimentos naturais
- Evitar o consumo de alimentos ricos em calorias, gordurosos e salgados
- Aumentar o consumo de frutas, verduras e legumes, cereais integrais e feijões
- Beber bastante água
- Reduzir ou evitar o consumo de bebidas alcoólicas e o uso do cigarro
- Fazer exames preventivos e consultar o médico periodicamente
- Praticar exercícios físicos regulares, diariamente ou pelo menos três vezes por semana após avaliação médica
- Dormir pelo menos 8 horas num período de 24 horas