Alunos da rede pública conquistam ouro em Olimpíada Internacional de Matemática

O Centro de Ensino Médio 9 de Ceilândia é referência em olimpíadas do conhecimento na rede pública



Uma equipe de estudantes do Centro de Ensino Médio (CEM) 9 de Ceilândia foi premiada com a medalha de ouro na Olimpíada Internacional de Matemática Sem Fronteiras (MSF) de 2024. A prova foi aplicada entre 21 e 28 de maio e o resultado saiu em agosto. O CEM 9 de Ceilândia foi a única escola pública do DF, junto com o Colégio Militar Tiradentes, a receber a premiação máxima.

A Olimpíada Internacional Matemática Sem Fronteiras é uma competição que exige conhecimentos interdisciplinares, envolvendo matemática, interpretação de texto e uma língua estrangeira. Voltada para estudantes do ensino fundamental e médio, a MSF se destaca por ser uma competição internacional em equipes e interclasses.

Para conquistar a medalha de ouro, foi necessário um planejamento com aulas e atividades extraclasse duas vezes por semana, no contraturno escolar. A equipe, formada pelos alunos do 2º e 3º anos do ensino médio Anna Beatriz Luiza da Silva, Ana Luiza Sousa Silva, Adrian Raffael Lopes Sales, Giselly Fernandes de Melo, Lee Siler Kanashiro Martins e Mateus Otavio do Espirito Santo, foi orientada pela professora Paula Reiko Inoi Nishikawa.

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“A gente faz uma preparação desde o início do ano para as competições de matemática. Os alunos tiveram atividades teóricas e práticas além de simulados periódicos”, destacou a professora.

Uma das participantes da equipe de ouro do CEM 9, Anna Beatriz agradeceu o grande apoio que recebe dos professores e funcionários da escola. “Toda a equipe aqui da escola incentiva muito a gente. Eles sempre vêm aqui em sábados, feriados, para acompanhar a gente, ajudando sempre que eles podem mesmo”, ressaltou.

Incentivo em casa

Mateus Otavio, filho de um representante de vendas e de uma dona de casa, ressaltou que além das atividades escolares, têm um incentivo muito grande em casa para estudar. “Eu leio bastante, e minha mãe sempre incentivou a gente a estudar, principalmente em atividades extracurriculares. Então eu e minha irmã fazemos muitos simulados, provas, esse tipo de coisa, pra tentar melhorar e ter resultados bons”, disse.

Um dos segredos do sucesso obtido nas olimpíadas de conhecimento é o incentivo da própria família

Sobre o futuro, Mateus já tem seus planos bem delineados. “Eu quero muito trabalhar com modificação genética. Então a minha expectativa é fazer alguma engenharia de bioprocessos ou algum curso envolvendo biotecnologia”, contou.

Outra integrante da equipe, Ana Luísa, vive com a mãe, que é empregada doméstica, e o padrasto, que é bombeiro, e em casa também é muito estimulada a estudar. Ela achou a prova da MSF bastante desafiadora. “Nossa equipe era muito boa, eu trabalhei mais na parte da interpretação mesmo, porque matemática é um pouco desafiadora para mim. Mas foi um processo muito difícil”, relembrou.

Tradição

A tradição em preparação para olimpíadas de matemática do CEM 9 começou em 2007, dois anos depois da criação da Olimpíada Brasileira de Matemática em Escolas Públicas (OBMEP) em 2005. Desde então, a escola participa de todas OBMEP, além de outras olimpíadas voltadas à matemática, como o Canguru da Matemática e a própria Olimpíada Internacional Matemática sem Fronteiras (MSF). Em 2012, inclusive, seis alunos da escola participaram da edição do MSF realizada na Índia.

Quando questionada sobre o diferencial da CEM 9 de Ceilândia dentre as escolas públicas do DF, a diretora da instituição, Maria José Ferreira dos Passos, atribuiu a uma tradição de excelência que existe na escola. Além disso, uma das prioridades é ouvir todas as vozes dentro da escola.

A professora Paula Reiko Inoi Nishikawa orientou a equipe de estudantes que participou da Olimpíada Internacional Matemática sem Fronteiras

“O CEM 09 é uma escola de gerações. O antigo diretor ficou lá 39 anos, foi professor de vários docentes que atuam lá hoje. Desses 39, estive com ele por quase 16 anos e hoje estou como gestora. Nosso foco é valorizar, acolher, entender e oferecer condições estruturais, emocionais, sociais para docentes e estudantes”, destacou.

O professor de física Hebio Parreao Bezerra frisou que com as conquistas nas olimpíadas de matemática os próprios alunos passaram a sugerir que a escola se inscrevesse em outras, como a Olimpíada Brasileira de Astronomia Astronáutica (OBA). Para auxiliar, os professores oferecem aulas extras. “A gente consegue fazer esse trabalho por causa de uma parceria que a gente tem com a própria direção da escola, porque o antigo diretor, por exemplo, lutava muito por isso”, destacou.

Em 2024, os alunos da CEM 9 já foram premiados em nove olimpíadas diferentes: Olimpíada Internacional de Matemática sem Fronteiras (OIMSF), Olimpíada Brasileira de Geografia (OBG), Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA), Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente (OBSMA), Olimpíada Brasileira de Biotecnologia (OBBIOTEC), Olimpíada Brasileira de Biologia Sintética (OBBS), Olimpíada do Oceano (O2), Olimpíada Nacional de Ciências (ONC) e Olimpíada Nacional de Ciências (ONC).

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