Deputado encontra estoques de diversos materiais, supostamente em falta na rede, e deve acionar secretaria para solicitar organização dos materiais no almoxarifado, além de cobrar transparência por parte do governo
Por Kleber Karpov
Na noite do domingo (22/Mar), o deputado distrital, Jorge Vianna (Podemos), enquanto parlamentar e presidente da Comissão de Educação, Saúde e Cultura (CESC), da Câmara Legislativa do DF (CLDF), realizou vistoria nas instalações do Parque de Apoio da Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF). O local é utilizado, entre outras finalidades, como almoxarifado da Pasta.
Segundo o deputado, ao longo da semana, o parlamentar recebeu diversas mensagens de servidores da SES-DF, decorrente da falta de máscaras, nas unidades de saúde do DF. Vianna observou que foi responsável por direcionar R$ 1 milhão, em emenda parlamentar, para a aquisição de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para a saúde do DF.
Enquanto explicava o motivo da fiscalização ao Parque de Apoio da SES-DF, Vianna mostrou vários pacotes de máscaras cirúrgicas, além capotes, no almoxarifado. “A tão sonhada máscara, está aqui. Máscaras cirúrgicas, estão vendo aqui”, disse ao mostrar dezenas de pacotes do EPI.
No entanto, o deputado observou ainda que, dentre as denúncias recebidas houve menção a retirada de “excessos”, de máscaras, do Hospital Regional de Samambaia (HRSAM), levadas em caminhões, para ser levado para outro local.
“Hoje recebi um vídeo de várias pessoas e fotos que caminhões saíram do Hospital de Samambaia com material. Perguntei, investiguei e me informaram que os caminhões estão retirando os excessos para mandar para uma central. Pode ser que seja esses materiais [armazenados nos estoques do parque de apoio], e que seja redistribuído. Para não ser leviano, aquele material que eu vi, tem lá. Quero saber se esse material é fruto de um recolhimento das unidades de saúde ou se realmente é o estoque que tem.”.
Fiscalização
Durante a gravação do vídeo, acompanhado da supervisão de vigilância das unidades da SES-DF, Vianna fez questão de deixar claro que estava realizando fiscalização, diante dos questionamentos recebidos por servidores da falta de EPIs, nas unidades de saúde.
“Estou fiscalizando uma coisa que é dever do parlamentar. Não estou dizendo aqui que está havendo fraude, que estão estocando e não querem liberar. Não estou dizendo isso. E nós vamos cobrar. Se houver, por parte da Secretaria de saúde, algum ato errado, então eles vão responder por isso.”, afirmou Vianna.
Vianna afirmou ainda que deve oficiar a SES-DF, para saber quais os EPIs em falta nas Secretaria de Saúde. “Pediram recursos da gente, mandamos, o meu já foi liberado. Está com dificuldade de comprar, não tem onde comprar, o fornecedor não consegue produzir para todos, ok, mas avisa para mim, para você trabalhador, à população. Estou aqui por causa do silêncio. Quanto temos no estoque, quanto temos que comprar, quanto utilizamos nos hospitais, por dia. Ninguém sabe.”, disse Vianna.
Desorganização
Durante a fiscalização no Parque de Apoio, Vianna se deparou com estoques de diversos produtos e insumos, a exemplo de seringas para insulina, fraldas geriátricas, colchões, lençóis descartáveis, alguns desses itens, segundo o deputado, em falta nas unidades de saúde. “Tem que fazer uma logística imediatamente na Secretaria de Saúde.”, disse ao exemplificar. “Você vê muitos colchões aqui e você vê pacientes deitados [nas unidades de saúde] sem colchão”.
Vianna chamo atenção ainda para a quantidade de fraldas geriátricas estocados no Parque de Apoio, item constantemente, em falta nos hospitais do DF. “Quantos vôzinhos e vózinhas estão precisando de fraldas. Aqui [estão] a suas fraldas. Em todo lugar tem fralda.”, enfatizou Vianna ao chamar atenção do governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB) para a desorganização dos estoques.
Estranhamente
Pouco após concluir a fiscalização no Parque de Apoio, o deputado foi surpreendido com uma matéria publicada no site do Jornal de Brasília intitulada ‘Jorge Vianna: oportunismo em tempo de coronavírus’. A matéria, sugere que Vianna “invadiu as instalações” da SES-DF.
Também sem entrar no mérito, do suposto oportunismo de parlamentar, uma vez que o vídeo gravado por Vianna não foi disponibilizado pelo Jornal, a matéria revela aponta ainda pareceres de “fontes palacianas”, sobre manifestação do deputado em relação ao pedido de suspensão, por parte dos servidores, de baterem o ponto eletrônico.
Vianna afirma ter recebido com estranheza a publicação e refutou veementemente o teor de tal matéria. Sobretudo, por fazer ilações inexistentes, além de deixar abrir espaço para ouvir a posição do deputado sobre a abordagem realizada pelo jornalista, que não assinou a matéria.
“Tenho um profundo respeito pelos veículos de imprensa, mas acredito que a matéria faz ilações inexistentes, que não refletem a realidade dos fatos. Na condição de deputado distrital e de presidente da CESC, diante de questionamentos sérios dos servidores, da falta de EPIs, e do transporte desses materiais de hospitais do DF, o mínimo que deveria fazer, enquanto membro do Legislativo é fiscalizar, o que fiz e constatei, por exemplo, haver estoque de máscaras, em falta nas unidades de saúde, e de outros produtos, como colchões, seringas de insulina e fraldas geriátricas, conforme pode ser visto no vídeo, que infelizmente, não foi postada pelo Jornal juntamente com a matéria.”, afirmou Vianna.
Ainda segundo o deputado, em relação ao “cargos e apadrinhados (Sic)”, Vianna esclareceu que não mantém ou tem interesse em nomeações junto ao governo. “Não tenho indicações e tampouco interesse em ter cargos no governo. Pois como tenho dito, exatamente essa condição me permite ajudar sim o governo, como o tenho feito, mas também, fiscalizar, criticar e questionar, as ações por parte do Executivo, sempre que se fizer necessário”.
Em relação ao pedido de dispensa dos servidores de baterem o ponto eletrônico, Vianna reiterou: “Acredito que temos um cenário, em que muitas pessoas não se deram conta do perigo, sobretudo de contaminação dos servidores. Nós já temos servidores da Saúde, com teste positivo para o coronavírus aqui no DF. E, repito, todos os meios que pudermos evitar de contágio direto e indireto, são encaminhamentos que devem sim ser considerados e se possível implementado pelo governador Ibaneis Rocha. Tanto que após eu sugerir no Plenário da CLDF, a Secretaria de Saúde baixou portaria que dispensou, parcialmente, o uso do ponto eletrônico, durante o intervalo do almoço. Mas, em nenhum momento sugeri que os servidores deixem de ter o controle de presença nos ambientes de trabalho. Pelo contrário, fui categórico, na Câmara Legislativa, em afirmar que, em havendo a dispensa do uso de ponto eletrônico, nesse momento excepcional, que deve haver um controle rigoroso por parte das chefias. Manifestação essa que está devidamente registrada pela Casa. Posição essa que mantenho como sugestão, pois estive, por exemplo no Hospital Regional de Taguatinga, semana passada e vi, com meus próprios olhos, o risco de exposição de servidores ao bater o ponto-eletrônico, por falta de álcool gel próximo ao local onde registram as entradas e saídas do HRT.”, disse.
Disseminação do coronavírus
O deputado também faz questão de reiterar sobre o risco de contaminação de servidores com o coronavírus, que pode ser minimizado com ações preventivas e, com o uso adequado de EPIs. A exemplo de outra ação do deputado, na quinta-feira (19), em que Vianna foi o responsável ainda por fazer chegar aos servidores do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), 100 macacões impermeáveis, após intermediar, juntamente com a direção do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem do DF (Sindate-DF), e a a Diretoria de Vigilância Ambiental do Distrito Federal (DIVAL), ligada a Subsecretaria de Vigilância Sanitária (SVS) da SES-DF. Iniciativa essa realizada, mesmo após o deputado ter direcionado emendas para compra de EPIs para a saúde.
“Os servidores da enfermagem estavam dando banho em paciente internada na UTI do HRAN, com coronavírus, sem vestimenta adequada, e eu, fui até a DIVAL e intermediei junto a Secretaria de Saúde a transferência de 100 macacões impermeáveis para o hospital.”, afirmou Vianna.
Ainda segundo o deputado, “ao que tudo indica, as projeções apontam que no Brasil, o impacto do coronavírus, deve ser pior que na Itália, onde hoje, 10,76% dos casos confirmados resultaram em óbito. E o mais grave, 20% dessas pessoas que vieram a óbito eram profissionais de saúde. Não podemos ser sensacionalistas, politicar ou ignorar tais dados, então reafirmo, temos que levar a sério e minimizar as possibilidades de contato, com a distribuição de EPIs e evitando ao máximo o contato dos servidores com locais que possam servir de foco de contaminação pelo coronavírus.”, ratificou.
Confira o vídeo da fiscalização
Fonte: Jorge Vianna