Arlete Sampaio e Maninha viram ‘de ponta cabeça’, governador e secretário de saúde do DF



Médicas e ex-gestoras apontam falta de gestão, de conhecimento e sucateamento deliberado da Saúde Pública do DF, por parte de Rollemberg e Humberto Fonseca   

Por Kleber Karpov

Em uma ‘live’ na rede social Facebook programada pelo gabinete do deputado distrital, Wasny de Roure (PT), na noite dessa segunda-feira (29/Mai), a ex-vice governadora e ex-deputada distrital, Arlete Sampaio (PT) e a ex-secretária de Saúde, ex-deputada distrital e federal, Maria José Maninha (PSOL),  abordaram a saúde pública do DF.

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Médicas, ambas médicas fazem um ‘Raio X’ sobre os problemas de gestão, decisões equivocadas e a falta de planejamento, por parte da gestão do atual secretário de Estado de Saúde do DF, Humberto Lucena Pereira da Fonseca e da política do governador do DF, o socialista, Rodrigo Rollemberg (PSB), instituir as Organizações Sociais (OSs), agora, por meio do Instituto Hospital de Base do DF (IHBDF) e o estado mínimo na condução política do DF.

Programa Saúde da Família

Questionada sobre a semelhança do modelo proposto para a atenção básica de Humberto Fonseca com o Programa Saúde em Casa. Arlete Sampaio foi enfática ao afirmar que salvo a definição conceitual de Saúde da Família, a proposta de atual secretario de Saúde, não tem a menor condição de ser comparado ao Saúde em Casa.

Arlete observa que o programa de Fonseca é obscuro e deve atuar com equipes incompletas, além de o secretário ignorar a importância e promover o desmonte das estruturas de atendimentos dos Centros de Saúde (CSs).

Arlete lembrou que o Saúde em Casa era composto por mais de 300 equipes que funcionavam como retaguarda dos CSs. A médica criticou ainda a falta de debate com os entes envolvidos para se tratar da implantação do programa.

Maninha também negou a existência de qualquer semelhança entre o programa proposto por Fonseca com o Saúde em Casa. A começar pela limitação da cobertura proposta pelo atual secretário de Saúde e a retirada de médicos que atuam na rede para convertê-los em médicos generalistas, o que desfalca o atendimento nas estruturas do SUS.

“A diferença fundamental como disse a Arlete é que nós tínhamos profissionais que eram contratados especialmente para o programa Saúde em Casa. Médicos, enfermeiras e dentistas generalistas que cumpriam essa função. Nós não tiramos nenhum médico ou enfermeiro da rede para cobrir o buraco para o programa Saúde da Família.”, disse Maninha.

Debate na Atenção Básica

Ao ser questionada sobre a existência de debate, por parte da SES-DF, em relação as mudanças propostas para a atenção básica, Arlete observou a falta a total de diálogo por parte de Fonseca para com os servidores; lembrou a resistência, por exemplo, clínicos médicos em aceitar atuar enquanto generalistas e voltou a alertar para o desmonte dos CSs.

“A proposta de assistência de Saúde que começa com a atenção primária Saúde da Família, precisa do Centro de Saúde como um ponto de apoio, porque lá [no CS] tem um ginecologista, clinica médica, um cirurgião que podem atender os casos mais complicados que ainda não precisam ir par ao hospital, mas que encontram resolutividade no centro de Saúde.”.

Maninha sugeriu que o governo cria factoides e observou a importância da integralidade do SUS para resolver o problema do sistema de Saúde, além de criticar a tentativa de, a atual  gestão da Saúde, querer resolver o problema nas urgências e emergências, apenas com a estruturação da atenção básica.

Desabastecimento

Arlete criticou a falta de abastecimento da rede, mesmo com a Saúde do DF sob Estado de Emergência. O que segundo Maninha é reflexo da falta de gestor do sistema, o que atribuiu a uma “enorme confusão” por parte do governador do DF. “O orçamento hoje que o governo do DF dispõe para a Saúde é muito maior do que nós dispusemos no passado para gerenciar a Saúde.”, disse ao lembrar que à época, a Saúde do DF não contava com a facilidade de subsídios financeiros proveniente do Governo Federal.

“Eu não posso acreditar que você tenha desabastecimento de medicamentos dentro da rede porque não tem dinheiro. Não é isso. É porque não tem planejamento. Não conseguiram fazer planejamento de reposição. Porque você ir ao centro de Saúde buscar remédio para hipertensão e chegar no centro e ouvir da atendente que está faltando o medicamento é porque não teve planejamento. O Ministério da Saúde manda a medicação, mas o governo local, a Secretaria de Saúde não consegue planejar para fazer essa distribuição. É um problema de gerenciamento. Nada além do que isso.”, disse Maninha.

Primeira Parte

https://www.facebook.com/wasnyderoure/videos/1355532547859379/

Instituto Hospital de Base

Maninha foi enfática ao reafirmar que Rollemberg continua a insistir, com a nova proposta do Instituto Hospital de Base (IHBDF) a instituir OSs para gerir a Hospital de Base do DF (HBDF). A ex-secretária de Saúde acusa  Rollemberg e Humberto Fonseca de tentarem se livrar da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) ao sugerir a contratar de profissionais de saúde para o IHBDF,  por regime celetista.

“É uma grande ousadia de um governador estar apresentando uma proposta como essa que na verdade é a privatização da Saúde para fugir da Lei de Responsabilidade Fiscal e criar um quadro de extinção do servidor público, pois é isso que ele quer. Para ele [Rollemberg], servidor público custa muito.”, afirmou Maninha.

Arlete por sua vez foi enfática ao afirmar que o Projeto de Lei 1.486, que institui o IHBDF “é um equívoco no conteúdo e na forma” e lembrou que Humberto Fonseca tenta comparar o IHBDF com a Rede Sarah, que considera impossível dado as naturezas de atendimentos das duas unidades de Saúde, para tentar justificar o Instituto.

“Eu pergunto, daqui há alguns dias vão fazer o Instituto do Hospital de Taguatinga? Depois o Instituto do Hospital do Gama? É uma palhaçada isso que está se propondo”, criticou.

A médica alertou também para o perigo do Artigo 7o do PL 1.486, que permite aos gestores do IHBDF contratar, empresas e até pessoas físicas, para atender as demandas da unidade.

“Eles querem fazer um instituto que é uma ‘casca’ de diretores do Hospital de Base e aí começa a contratar serviços. Então vamos contratar o serviço de ortopedia, de anestesia, o serviço de não sei do quê. Isso é uma bagunça, isso  não existe, é uma proposta equivocada.”, afirmou.

Para Arlete, a Câmara Legislativa do DF (CLDF) deve montar uma Comissão da Saúde para promover um debate, sério, sobre a assistência à Saúde do DF e rejeitar a tentativa de Rollemberg tentar colocar o HBDF nas mãos das OSs, por meio do PL do Instituto.

Instabilidade emocional

As médicas falaram ainda sobre os vários problemas vividos pelos servidores da SES-DF, a exemplo dos pagamentos das Horas Extras, da falta de estruturas e de condições de trabalho, do desabastecimento e sucateamento da rede.

Segunda Parte

AO VIVO: RAIO-X DA SAÚDE NO DFPARTE 2Assista ao diálogo sobre a saúde no DF com as médicas Maria José Maninha e Arlete Sampaio.Compartilhe esta transmissão!

Posted by Wasny de Roure on Monday, May 29, 2017



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