Arrecadação de leite materno no DF apresenta melhora no primeiro bimestre

Foram coletados 3.134 litros nos primeiros dois meses de 2023 – total que, no mesmo período de 2022, foi de 2.472 litros –, mas números estão abaixo da necessidade mensal



Por Rafaella Felix

O Banco de Leite Humano do Distrito Federal coletou 3.134 litros no primeiro bimestre de 2023. Em janeiro, foram doados 1.559 litros, o que representa 77% da meta mensal. No mês seguinte, a quantidade foi maior: a doação alcançou 1.574 litros, mas, mesmo assim, ainda está abaixo do esperado. “Temos novas demandas. Hoje nossa necessidade é de 2 mil litros de leite por mês”, destaca a coordenadora das Políticas de Aleitamento Materno do Distrito Federal, Miriam Santos.

“Para a gente, é só leite, mas para os prematuros é a vida deles. Por isso, convido outras mulheres a doarem também”, diz Letícia Nascimento, mãe de Isabella Louise. Foto: Divulgação-Agência Saúde-DF

Com a solidariedade das mães doadoras e as campanhas de conscientização promovidas pelo Banco de Leite, 2.673 bebês foram beneficiados nos primeiros meses deste ano. Foram 1.425 atendidos em janeiro e 1.248 em fevereiro. Na comparação com o ano passado, os dados melhoraram. No primeiro bimestre de 2022, 2.248 bebês receberam doação de leite materno, tendo sido coletados 2.472 litros de leite humano.

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Para atender cada vez mais bebês, a contribuição das mães lactantes é fundamental. Sanmya Meneses, servidora pública, dá o exemplo. Ela teve Lara em outubro do ano passado e, desde novembro, compartilha seu leite com os estoques da SES. “Desde que comecei a amamentação, tenho muita produção de leite, e a minha bebê não dá conta de tudo. Por isso, não pensei duas vezes e decidi fazer a doação”, conta.

Sanmya é uma das 1.383 doadoras deste ano. Assim como ela, 752 mães tiveram a iniciativa de doar no primeiro mês de 2023. Em fevereiro, as doadoras somaram 631. Ela chegou a entregar mais de um litro por mês. “Sei que cada gota importa, e o que me motiva é saber que eu e a Lara estamos ajudando a salvar vidas”.

E cada gota importa mesmo. O volume de leite recebido por cada bebê depende do tempo de gestação, da idade de vida, do peso e da patologia. “Alguns prematuros tomam de 1 a 20 ml por vez, enquanto os pacientes cardiopatas podem tomar 45 ml”, explica Miriam Santos.

Além de atender aos pacientes das unidades de terapia intensiva neonatais da rede pública de saúde, o Banco de Leite do DF pretende distribuir leite materno para os bebês cardiopatas do Instituto de Cardiologia e Transplantes do Distrito Federal (ICTDF) e aos recém-nascidos internados no Hospital da Criança de Brasília (HCB). Entretanto, para isso precisam chegar 2 mil litros por mês. Por isso, a doação de cada mãe é tão importante.

A mão que ajuda

Quinta-feira é dia de Letícia Nascimento entregar a doação de leite materno que coleta durante a semana. O vínculo entre Letícia e o Banco de Leite começou há três meses, com o nascimento da pequena Isabella Louise, primeira filha da universitária. “Assim que ela nasceu e eu organizei melhor a rotina, decidi doar. Doar leite é bom até para mim, porque ajuda a não empedrar meu leite e amamentar melhor minha filha”, ressalta.

O Banco de Leite do DF pretende distribuir leite materno para os bebês cardiopatas do Instituto de Cardiologia e Transplantes do Distrito Federal (ICTDF) e aos recém-nascidos internados no Hospital da Criança de Brasília (HCB). Foto: Sandro Araújo-Agência Saúde – DF

Em janeiro, a estudante de Farmácia ligou no telefone 160 e fez cadastro no site Amamenta Brasília. Após o cadastramento, a equipe responsável entrou em contato e, nos dias seguintes, Letícia recebeu o kit para fazer a coleta. Atualmente, a mãe da Isabella consegue coletar quatro potes de leite, cada frasco com 350 ml, toda semana. “Para a gente, é só leite, mas para os prematuros é a vida deles. Por isso, convido outras mulheres a doarem também”, reforça.

O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) passa semanalmente na residência de cada mãe para receber a doação e deixar novos potes para coletas futuras.

A mão que recebe

Sabe quando os papéis se invertem e, no lugar de fazer o bem, você recebe o bem? Isso aconteceu com Mylena Alencar, que era doadora, mas após uma automedicação não conseguiu mais produzir leite para amamentar a filha única, Maria Elisa, que começou a precisar da doação de leite. “Quando eu doei, ajudei alguém. Quando eu precisei, alguém me ajudou. Uma mão lava a outra, e a doação ajuda todo mundo”.

Ainda na gravidez, Mylena já tinha decidido que seria doadora de leite materno. “Eu via a propaganda, achava interessante e decidi que, se tivesse muito leite, iria doar”. Mas, com a dificuldade para amamentação da primogênita, ela passou a ser beneficiada pelo banco de leite materno.

Maria Elisa nasceu prematura e precisou ficar internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional de Taguatinga (HRT). A criança continua na UTI, sem previsão de alta e recebendo leite materno doado de três em três horas até a relactação de Mylena.

A mãe da Maria vai iniciar tratamento, com acompanhamento médico, para voltar a amamentar a filha, mas continua incentivando o ato de doar. “O leite que muitos desperdiçam pode ser a cura, a salvação para outras crianças. Vale bastante a pena a doação”, afirma.

Doe você também

Para também ser doadora de leite materno e fazer parte desta corrente do bem, basta ligar para o número 160 (opção 4) ou acessar o site do Amamenta Brasília. Depois disso, as equipes vão entrar em contato para agendar a visita do Corpo de Bombeiros. Assim, você colabora com o aleitamento materno e com a saúde infantil.

Acesse aqui para ter mais informações sobre os bancos de leite humano do DF.



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FONTEAgência Saúde DF
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