Atendimento em ‘campo de concentração’ revolta enfermeiros do HRT



Da Redação Brasília Sincera

Quem entra na Emergência do Hospital Regional de Taguatinga (HRT) tem a sensação que entrou no campo de concentração nazista mais famoso do mundo, Auschwitz. A visão é  de um aglomerado de pessoas – inclusive com doenças infecto-contagiosas – deitadas lado-a-lado em dezenas de macas do hospital, SAMU e Corpo de Bombeiros do DF ou no chão, além de acompanhantes se espremendo para conseguir um espaço para ficar. É tanta gente mal acomodada que alguns internam para ficar sentados nas cadeiras utilizadas pelos profissionais ou  em pé aguardando um lugar. Além da precária estrutura física, os pacientes padecem da falta de medicamentos, insumos, exames e pareceres, chegando a permanecer na unidade por mais de um mês para receber alta.

Em reunião marcada pela gerente de Enfermagem do HRT (Genf/HRT), Lucivane Julia de Queiroz Gonçalves, nesta segunda-feira (4), os enfermeiros relataram à gestora o cenário de horror em que trabalham, diariamente. Diante da gravidade dos fatos, os profissionais denunciaram que os pacientes estão morrendo e/ou “apodrecendo” pela ausência da devida assistência adequada, pois há plantões em que um único profissional fica responsável para atender mais de 150 pacientes e ainda tem que atender  até cinco paradas cardiorrespiratórias, simultaneamente.

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A desordem é tão grande que não é raro os profissionais encontrarem pacientes mortos, sem saber precisar a hora do óbito, e terem que “fingir” que estão prestando a última à assistência ao doente, para ter coragem de comunicar o falecimento para a família.

Em informações recebidas com exclusividade pelo blog Brasília Sincera (BS), alguns servidores que preferem não se identificar, por medo de represália, relatam que é tão calamitoso o atendimento no PS/HRT que, caso um paciente da Cardiologia, Pediatria, Clínica Médica, Cirurgia ou Ortopedia tenha real necessidade de estabilidade hemodinâmica, abdômen agudo ou outras complicações, o mesmo é atendido no chão, como aconteceu no último sábado (2).

Segundo os enfermeiros, em alguns plantões há mais pacientes entubados na Emergência do que na UTI, sem a mínima condição de atendimento, pois faltam bombas de infusão, monitores cardíacos, aspiradores, respiradores, entre outros.

Ao BS, os profissionais disseram ainda que, recentemente, uma criança de dois anos foi à óbito por derrame pleural, que não pôde ser drenado por falta de equipamento. Ao comunicarem aos pais o falecimento, eles se revoltaram e chamaram toda equipe de “assassinos”, deixando-os arrasados, pois haviam feito o podiam para salvar o bebê.

Durante a reunião, embora a Genf/HRT tenha  ouvido e concordado com boa parte dos relatos dos trabalhadores, eles descrevem a total descrença na gestão para resolver problemas tão graves, pois corriqueiramente é comunicada sobre as condições do “confinamento” e não toma nenhuma solução para resolver, assim como a Superintendente da Região de Saúde Sudoeste, Lucilene Maria Florêncio de Queiróz que, ignora totalmente as fotos e mensagens enviadas pelos profissionais, que tentam evitar que mais pacientes não morram por negligência do Estado.

Como num grito de socorro, os enfermeiros buscaram o apoio do blog Brasília Sincera para denunciar a exploração de mão-de-obra profissional e o extermínio de pessoas que buscam assistência à saúde em Taguatinga, pois já não creem mais na “atuação” do COREN-DF, sindicatos e Ministério Público.

Fonte: Brasília Sincera



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