Por Marco Túlio Alencar
Os números divulgados pela Secretaria de Saúde indicando que o Distrito Federal já ultrapassa 138 mil casos e mais de 2 mil mortes em decorrência da Covid-19 fizeram os deputados distritais voltarem ao tema da pandemia na sessão remota da Câmara Legislativa desta terça-feira (18). A maioria dos parlamentares também se colocou contrária à volta das aulas presenciais em escolas públicas e privadas neste momento.
A deputada Arlete Sampaio (PT) destacou que os dados fazem crer que “o DF não sai do pior momento da pandemia neste mês de agosto”. Ela observou ainda que, em um período de trinta dias, os registros dobraram. “Faço uma recomendação e um apelo para que as escolas não abram agora, mas, somente quando houver segurança para garantir a vida da comunidade escolar”, insistiu. A parlamentar ainda informou que tem recebido relatos sobre o aumento de mortes, no Sol Nascente, ocorridas em residências.
Por sua vez, o deputado Leandro Grass (Rede) enumerou uma série de medidas que deveriam ser adotadas pelo governo para reverter a situação. “O Distrito Federal poderia ter se tornado referência, inclusive, mundial no combate ao coronavírus”, comentou. Segundo o distrital, o GDF precisa priorizar áreas mais adensadas, que registram os maiores índices de contaminação; prestar assistência social, unindo-se ao terceiro setor para atender pessoas do grupo de risco e os mais vulneráveis; prover internet para todos os estudantes; além de fazer com que o BRB esteja a serviço da cidade: ampliando postos de atendimento, abrindo linhas de crédito baratas e acessíveis.
Para Chico Vigilante (PT), a pandemia está sem controle. “O governo precisa tomar providências e nada de abertura de escolas, sejam privadas ou pública”, afirmou. O deputado também se solidarizou com o cantor Cauan, da dupla sertaneja com Cleber, que se encontra internado em Goiânia, na UTI, vítima da Covid-19. Já o deputado Agaciel Maia (PL) fez uma análise conjuntural e concluiu que, pela primeira, em decorrência dos estragos provocados pela pandemia no setor econômico, a direção das decisões do Ministério da Economia não será dada pelos bancos. “Devido a uma imposição pela necessidade do povo pobre, o sistema sofrerá uma derrota e o governo terá de estender o auxilio emergencial”, avaliou.
Salvar vidas
O deputado Jorge Vianna (Podemos) relatou que, ao ler uma notícia sobre a morte de um casal com horas de diferença, acometido pela Covid-19, sofreu “o maior baque desde o início da pandemia”. Ele considerou que a vida da família deu um giro com a perda dos pais e, por isso, fez um apelo ao governador. “Faça o que pode e o que não pode. Consiga os recursos necessários, onde quer que seja, para salvar vidas. Esse é o momento mais crítico de todos e não podemos permitir o retorno das escolas nesse contexto”, declarou, colocando-se à disposição do GDF.
Ao tratar de pesquisas divulgadas pela Codeplan, o deputado Delmasso (Republicanos) chamou a atenção para o índice de desemprego entre a população de 15 a 29 anos de idade (26,2%) que é superior 12 pontos percentuais ao número geral de desempregados. “Esta é uma situação que tende a se agravar por causa da pandemia”, analisou. Na visão do distrital, o governo deve voltar seus esforços, especialmente, para Samambaia, Recanto das Emas e Ceilândia, onde reside a maioria dos jovens sem emprego. “São necessário investimentos em qualificação profissional, geração de emprego e renda, além de inclusão social e digital”, argumentou.
Referindo-se a aglomerações registradas no último final de semana na região da Ceilândia, principal foco do coronavírus no DF, o deputado Delegado Fernando Fernandes (Pros) solicitou mais policiamento e fiscalização: “Eventos, como uma festa que reuniu centenas de pessoas no Incra 7, viraram manchetes nacionais e internacionais”, justificou. Na opinião dele, a população não está colaborando e, depois, “reclama do sistema de saúde”. Enquanto o deputado Hermeto (MDB) mostrou preocupação com o transporte coletivo na propagação do vírus. “Não temos de procurar culpados, mas nos proteger”, declarou, salientando que não é hora da volta às aulas.
Apenas a deputada Júlia Lucy (Novo) colocou-se favorável ao retorno presencial nas escolas. “Temos acompanhado a oferta clandestina de serviços educacionais. E, nesse momento, é preciso preservar a vida, mas também olharmos para a realidade dos fatos. Por esse motivo, defendo, com tranquilidade, a retomada. Crianças e adolescentes estão se aglomerando sem controle e a escola é um local seguro”, ponderou. Ela lamentou que o GDF tenha se abstido de debater a questão.