Bactéria pode conter surto de Aedes Aegypti



Bacteria Wolbachia pode impedir a multiplicação de vírus no inseto

A estratégia parece contraditória e rendeu boatos na internet: espalhar mosquitos para combater a dengue. Mas pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostrou que a liberação de Aedes aegypti contaminados com a bactéria Wolbachia, que impede a multiplicação de vírus no inseto, pode ser uma alternativa às tentativas fracassadas de eliminar de vez o mosquito.

Seis meses depois dos primeiros lançamentos de mosquitos que não transmitem doenças, oito em cada dez insetos capturados nas áreas que participam da pesquisa têm a Wolbachia. Significa que a população de Aedes aegypti está sendo substituída por outra que não vai prejudicar a população. “Ao analisarmos a saliva do mosquito com Wolbachia, é muito significativa a redução da carga viral. Em alguns casos, chega a bloquear 100%, 90% do vírus da dengue. Recentemente, fizemos testes com chikungunya e zika. Os resultados preliminares são bastante positivos. Mostram que a presença da Wolbachia tem grande capacidade de bloqueio do zika”, afirmou o pesquisador Luciano Moreira, coordenador no Brasil da pesquisa Eliminar a Dengue: Desafio Brasil. O estudo, que não tem fins lucrativos, também é feito simultaneamente em Austrália, Indonésia, Colômbia e Vietnã.

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Na natureza. A Wolbachia está presente em 70% dos insetos na natureza, como a mosca da fruta e o pernilongo. Sem manipulação genética, os pesquisadores infectam o ovo do Aedes aegypti com microinjeções. A liberação, no Brasil, foi feita de duas formas: em Tubiacanga, na zona norte do Rio, os pesquisadores soltaram mosquitos nascidos em laboratório; em Jurujuba, Niterói, no Grande Rio, foram colocados dispositivos com ovos do mosquito, que nasceram ali mesmo. Em ambos os casos, a população com Wolbachia cresceu.

Os moradores dos bairros são orientados a manter os hábitos de sempre: usar repelentes, inseticidas, matar os mosquitos com raquetes elétricas, abrir as janelas caso o fumacê passe na rua. Os técnicos da Fiocruz colocam armadilhas em algumas casas e semanalmente visitam os endereços, recolhem os mosquitos e fazem uma triagem – separam os Aedes de outros insetos. Os mosquitos da dengue e da zika são enviados para o Instituto René Rachou, ligado à Fiocruz, em Belo Horizonte, e cada um deles passa por análise de DNA para identificar se tem a bactéria. Nas primeiras semanas depois da soltura dos insetos, 10% dos analisados tinham a Wolbachia. Ao fim de 20 semanas, eram 65%. Agora, o índice alcançou 80%. (AE)

Fonte: Diário do Poder



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