Por Kleber Karpov
A Câmara dos Deputados realiza na manhã de quarta-feira (08/Nov), audiência pública para debater a inclusão da vacina contra Covid-19 no Calendário Nacional de Vacinação do Programa Nacional de Imunização (PNI), a partir de 2024. O requerimento é de autoria dos deputados Nikolas Ferreira (PL-MG) e Bia Kicis (PL-DF).
Bia Kicis, que solicitou o debate, investigada no inquérito das fake news e acusada de espalhar boatos sobre a covid-19, se posiciona contrária a obrigatoriedade da vacinação de crianças de seis meses a cinco anos. “É importante a audiência pública com a presença de especialistas, para esclarecimento acerca da obrigatoriedade vacina em crianças e as possíveis punições em caso de descumprimento”.
Da listagem, convidados pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, presidida por Bia Kicis, a deputada conta com a presença confirmada de quatro especialistas: Roberto Zeballos, Médico Mestre e Doutor em imunologia; Francisco Cardoso, Médico Infectologista; Caio Salvino, Farmacêutico Bioquímico e Microbiologista; e Annelise Mota de Alencar Meneguesso, Médica Endocrinologista e Conselheira Federal de Medicina (CFM), suplente, pela Paraíba, que teve a conta suspensa no microblog Twitter, atual X. Obviamente, está entre os convidados, a ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima e devem participar outros especialistas e representantes da sociedade civil organizada.
Dentre esses, alguns considerados parte do chamado ‘ministério paralelo’ do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL/RJ); que fizeram uso dos chamados tratamentos precoces, com medicamentos sem comprovação científica de eficácia, a exemplo de cloroquina e hidroxicloroquina.
Sob essa ótica
Política Distrital (PD) acompanhou as posições e manifestações dos médicos, nas redes sociais, sobre a inclusão da obrigatoriedade de vacinação de crianças de seis meses a cinco anos. Zeballos se posiciona favorável a vacinação, mas faz contrapontos a necessidade de imunização, ao levar em consideração fatores como eficácia, custo e benefícios.
Em relação a Salvino, chama atenção uma exposição do bioquímico canadense especializado em biologia molecular e biofísica, Stepen Payne, professor da McGill University, em uma postagem no X: “Meet Dr. Caio Salvino, Brazilian Pathologist. I work with him until he turned Anti-vaxx. Go figure.” que em tradução livre é algo como ‘Conheça o Dr. Caio Salvino, patologista brasileiro. Trabalhei com ele até ele se tornar Anti-vaxx. Vai entender.’
Meet Dr. Caio Salvino, Brazilian Pathologist. I work with him until he turned Anti-vaxx. Go figure. pic.twitter.com/cBVTSSkRaF
— prof. Steven Payne (@Lrover16) April 7, 2023
A apresentação de Payne, em questão, se deu em uma postagem, sobre teorias da conspiração relacionadas à Covid-19, postada por David Gorski, cientista, oncologista e cirurgião de câncer de Mama e professor de cirurgia, especialista em cirurgia de câncer de mama no Karmanos Cancer Institute. Gorski é editor do site Medicina Baseada na Ciência e crítico do movimento antivacinação.
Cardoso por sua vez foi mais ‘incisivo’ ou intolerante ao se manifestar sobre a decisão da ministra da Saúde de incluir as crianças de seis meses a cinco anos no calendário do PNI, para vacinação contra a Covid-19.
A Ministra Nísia de Ogum Trindade ganhou o prêmio de fantasia mais assustadora do Halloween 2023. Em pleno dia das bruxas, ela incorporou a “persona” com perfeição, e fantasiada de “Sinistra da Saúde”, anunciou a bruxaria e travessura mais perversa do dia: disse que vai… pic.twitter.com/DuENnG0M23
— Francisco Cardoso (@Dr_Francisco_) November 1, 2023
Ministério da Saúde
De acordo com o Ministério da Saúde, a vacina é a principal medida de combate ao vírus e às formas graves da doença. A vacinação contra a Covid-19 para crianças de 6 meses a menores de 5 anos de idade é constituída por três doses, com intervalo de 8 semanas entre a 1ª e a 2ª dose, e intervalo de 4 meses entre a 2ª e a 3ª dose.
Em tempo
Aliás, PD, deixa a recomendação de leitura do artigo ‘A alternativa para vacinar crianças não é apenas “não vaciná-las”’, com título original ‘The Alternative to Vaccinating Children Isn’t Just “Not Vaccinating” Them‘, de autoria do neurologista e psiquiatra Jonathan Howard é um neurologista e psiquiatra, também autor de “Queremos que eles sejam infectados: como a busca fracassada pela imunidade coletiva levou os médicos a abraçar o movimento antivacina e cegou os americanos para a ameaça do COVID”.