Bolsonaro antecipa a própria ruína

Embora esteja na casa de apoiadores, nos EUA, e tenha negado participação em atos terroristas que resultaram em depredação do patrimônio público, ações de médio, longo prazo e leniência de ex-presidente Bolsonaro podem acelerar prisão



Por Kleber Karpov

Um dos motivos que se atribui a viagem do então presidente, Jair Bolsonaro (PL-RJ), além de evitar passar a faixa presidencial ao sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva, foi o medo de ser preso, tão logo deixasse de ser o chefe do Executivo. Com os ataques realizados por terroristas bolsonaristas e a depredação do patrimônio histórico das instituições dos três poderes da República, na tarde deste domingo (8/Jan), a avaliação é que essas chances aumentam exponencialmente.

Embora negue ter participação direta com os atos dos terroristas deste domingo, e tenha alegado atuar “sempre dentro das quatro linhas da Constituição”, Bolsonaro ao longo do mandato foi apontado: por sugestão, por incitação, silêncio indevido, conivência com algumas ações e leniência a diversos atos antidemocráticos, que ocorreram ao longo dos quatro anos de gestão.

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Vale lembrar que o ex-mandatário do país é investigado por suposta prática de ao menos nove crimes sob investigação. Mas, na condição de presidente da República, todos estavam nas mãos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), e sob eventuais ‘intervenções’ do procurador-Geral da República, Augusto Aras. Demandas essas que, com a posse de Lula e o fim do foro privilegiado, devem ser encaminhadas à primeira instância da Justiça, a ser apreciados por juízes, sorteados, com grande expectativa que algum expeça mandado de prisão do então chefe do Palácio do Planalto.

De volta aos EUA e hospedado na casa de apoiadores, sem data de volta, Bolsonaro abre margem a margem a especulação que não deve retornar ao Brasil. Sobretudo após divulgação por parte da imprensa que nos últimos meses, Bolsonaro e familiares estavam em processo de retirada de cidadania italiana. Algo considerado um destino, para a residência da família conservadora, dado que o comando do governo da Itália, foi delegado, a jornalista Giorgia Meloni, em outubro de 2022, primeira-ministra da Itália daquele país, em comum, serem ambos de extrema direita.

Porém, os atos terroristas deste domingo, além do repercutir em endosso de amplo apoio das instituições democráticas em todo país, que ratificaram e endossaram a legitimidade do governo Lula repercutiu também em manifestações internacionais de peso. Dentre essas, as dos presidentes dos EUA, do Joe Biden, da França, Emmanuel Macron, de países membros da União Europeia, da América do Sul e diversos outros.

Mas uma dessas manifestações chamam atenção, a primeira ministra da Itália, país para onde Bolsonaro parece ter intenção de passar uma temporada como cidadão italiano. No microblog Twitter, Giorgia Meloni postou. “O que está acontecendo no Brasil não pode nos deixar indiferentes. As imagens da irrupção nos gabinetes institucionais são inaceitáveis e incompatíveis com qualquer forma de dissidência democrática. O retorno à normalidade é urgente e nos solidarizamos com as instituições brasileiras”.


Nesse caso, vale observar que o parecer de essa posição de Giorgia Meloni, pode representar uma barreira à possibilidade de, a família Bolsonaro, ingressar na Italia, na condição de cidadão. E, com um agravante. O parlamento italiano, também está atento a essa possível movimentação. Isso é o que revela o deputado Fabio Porta, do Partido Democrático ao deixar claro que tal mudança é assunto para o parlamento daquele país, que tem intenção de colaborar com o governo brasileiro, caso Bolsonaro tenha intenção de fugir da Justiça brasileira.

Acuado nos EUA, Bolsonaro deve enfrentar outros dilemas, um que políticos americanos não estão dispostos a acolher risco de ter um ‘terrorista mor’. Nesse contexto, Alexandria Ocasio-Cortez já pediu a expulsão imediata de Bolsonaro da terra do Tio Sam. Vale observar que, cidadão comum, o ex-mandatário do Planalto deve estar naquele país na condição de turista, e não poderá ficar por mais de 90 dias.


Por outro lado, caso o judiciário venha a pedir a prisão de Bolsonaro, se o mesmo for considerado foragido, poderá ter o nome inscrito na lista da Interpol e, inclusive, ter o passaporte cancelado, a exemplo do que ocorreu recentemente com os fieis escudeiros, os golpistas Rodrigo Constantino e Paulo Figueiredo Filho.

Fato é que Bolsonaro, tanto incitou o ‘gado’, ou os ‘patriotários’, como ficaram conhecidos em alguns grupos da internet, após longas sessões de espera e protelação, por 72 horas, ao rompimento de um silêncio, que covardemente, o ex-chefe do Executivo não proferiu e que culminou, nas ações terroristas, por as criaturas anteciparem a ruína do próprio criador.



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