Porém, presidente eleito pode ficar refém da confidencialidade
Por Kleber Karpov
Após as eleições, os governos abrem o chamado ‘período de transição’ para que a gestão possa passar dados, números e informações, muitas consideradas confidenciais, para que as equipes dos novos governos, possam se inteirar, e à partir dos dados recebidos, começar a planejar os anos seguintes, de forma mais efetiva.
Na manhã, uma postagem no perfil oficial do presidente, eleito, Jair Bolsonaro (PSL), na rede social Twitter, que pode ter passado despercebido a milhões de brasileiros, mas se faz reveladora. “Esta semana damos mais um grande passo com o início do funcionamento do grupo de transição de governo, absorvendo informações para restruturação do Brasil. Em Brasília, teremos acessos iniciais a números e informações que serão passadas aos brasileiros!”.
Com a frase, Bolsonaro dá um indicativo que as informações recebidas, do governo federal, devem ser passadas à população. No entanto, vale lembrar que muitas dessas informações são resguardadas por sigilo e que os integrantes da equipe de transição devem resguardar as informações confidenciais a que tiverem acesso, conforme previsto na Legislação.
Transparência
Para o doutor em Ciências Políticas e professor aposentado da Universidade de Brasília (UnB), Paulo Kramer, o presidente eleito acenou à população brasileira, que deve agir com transparência, ao fazer tal declaração.
“Tem algumas informações que exigem sigilo, então, eu acredito que o que ele quer é contribuir para dar o máximo de transparência a opinião pública daquilo que ele vai encontrar durante a transição.”, explicou.
Kramer lembrou ainda que, além de checagens de segurança, que devem ser realizadas pela realizadas Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), “cada membro assina um termo se comprometendo a resguardar a confidencialidade de tais conteúdos.”.
Confidencialidade à parte, a exposição, por si só, das reais condições do país econômicas e financeiras, além das ações a serem tomadas com Bolsonaro, além do tom dado a ações anti-corrupção, à frente da condução do país, podem ser um aceno, também, de mudanças profundas que devem ocorrer na administração pública e na sociedade brasileira.
Resta a ser esclarecida e, percebida, pela população brasileira no pós eleições, à lacuna sobre o tom a ser dado quanto às ações voltadas às condições de desigualdades e diversidades sociais no país, principalmente, o suporte aos gestores dos mais de 5500 municípios brasileiros.