Por Kleber Karpov
O domingo (30/mar) foi marcado por manchetes a reportar a compra, nesta semana, do Banco Master por parte do Banco de Brasília (BRB). O banco comprou, por cerca de R$ 2 bilhões, 58% do capital total do Master. Para o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, o banco ganha com ampliação da carteira de clientes, de produtos e, também, com a ampliação da presença no mercado nacional.
A aquisição do BRB foi de 49% das ações ordinárias, que dão direito a voto nas decisões do controle do controle do Master, além de 100% das ações preferenciais, o que totaliza os 58% do capital total das ações. Algo que acabou por ser elencado, ao longo do dia, em manchetes a questionar a compra do Banco de Brasília.
Ameaças?
Análises do chamado ‘mercado’ e de instituições financeiras, sugerem ser sensíveis os ativos do Master, com a concentração de carteira em títulos de dívidas públicas, os famosos precatórios. Ou ainda os passivos como títulos de CBS, a serem quitados nos próximos anos. Condições essas a tornar, pouco atraentes, aos bancos privados, a aquisição do Banco Master. Esses mesmos analistas, apontaram uma ‘incompatibilidade’, entre os portfólios do BRB e do Master, ao sugerirem faltar sinergia de uma instituição em relação a outra.
Oportunidades
Porém, o que pode ser uma ameaça aos bancos privados, acostumados a margens de lucros, exponenciais, para o presidente do BRB esses são diferenciais com potencial para ampliar o portfólio de serviços, aumentar a capacidade de negócios e promover o crescimento do Banco de Brasilia.
“O Banco Master atua em segmentos de Mercado que o BRB não atua, o BRB vai ser um banco mais completo, maior, presente em todo país, com atuação em mercado de capitais e operações de câmbio no segmento de middle e corporate. Esse banco mais forte, mais competitivo, em sendo autorizado pelos órgãos reguladores, vai ter um papel relevante no mercado financeiro brasileiro.”, disse Costa em entrevista ao Metrópoles (Veja Aqui).
Importante ressaltar ainda que na negociação, segundo Costa à imprensa, os ativos de maior risco do Master, a exemplo dos precatórios, direitos creditórios proveniente de decisões em ações judiciais e ações de empresas, não entraram no escopo da negociação.
A intenção de Costa é reposicionar a atuação mercadológica do Master enquanto subsidiária do BRB, além de suprimir atuações consideradas agressivas e sensíveis à saúde financeira da instituição bancária. Segundo Costa, há de ocorrer um “reposicionamento estratégico da atuação do Master para que fique mais compatível com a visão de negócios e o posicionamento estratégico do BRB. Todas as operações que não se enquadram nesse novo posicionamento estratégico serão cindidas.”.
Futuro
O Sindicato dos Bancários do DF (BancáriosDF), por meio de Nota Pública, chegou a questionar a legitimidade do Conselho de Administração do BRB, na tomada de decisão da compra, sem aval da Câmara Legislativa do DF (CLDF), além de relatar o temor dos funcionários quanto ao futuro do banco e eventuais impactos ao Distrito Federal.
“A negociação para a compra de ações do Banco Master, amplamente noticiada pela imprensa, tem sido alvo de análises críticas por parte de especialistas econômicos e de outras instituições do Sistema Financeiro Nacional. Essa movimentação levanta sérios questionamentos sobre a responsabilidade na gestão do BRB e os possíveis impactos dessa decisão sobre o patrimônio público e a economia do Distrito Federal.”, apontou o sindicato.
Especulações
Por meio da rede social X (Antigo Twitter), o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Capelli, que sugeriu estar em curso “um dos principais escândalos do país”.
Posição essa rebatida por parte do governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), ao relatar à existência de especulações em relação a aquisição do Master pelo BRB e lembrar as condições em que recebeu o então BRB, por parte do antecessor, o ex-governador do DF, Rodrigo Rollemberg (PSB). “Quase quebraram o BRB na gestão deles. Recebemos a chave da Polícia Federal na época do Rodrigo Rollemberg. Isso o Capelli não fala.”.
Páginas policiais
Sob essa ótica, fevereiro de 2020, Rocha faz questão de lembrar que retirou o BRB das páginas policiais e levou o banco para as editorias de Economia e finanças dos principais veículos de imprensa do país. Isso por ter tornado o Banco uma instituição responsável e respeitável.
“A exatamente um ano atrás nos tivemos a operação ‘Circus Maximus’ que prendeu os dirigentes do BRB. E veja qual é a situação hoje. É um banco que tem a menor taxa de financiamento imobiliários, as menores taxas de empréstimos consignados para os nossos servidores. É um banco que saiu das páginas policiais e está nas páginas de economia de qualquer jornal desse país. É o que mais financiou no imobiliário, depois da Caixa Econômica e está ajudando os empresários do Distrito Federal.”, disse Rocha à época.
Caso esse também abordado pela vice-governadora do DF, Celina Leão (Progressista), em setembro de 2022, sobre o impacto de ter um banco estadual em pelo crescimento dado a seriedade da gestão. “Nós pegamos o BRB das páginas policiais, era um banco que estava naufragando e nós colocamos um gestor. Hoje o BRB é lucrativo, são várias contas conquistadas, a partir da credibilidade que o banco teve, são mais de 400 mil contas. O BRB saiu de um banco local para ser um banco nacional. Grandes empresas buscam o BRB para ser o financiador”, disse Celina.
Segurança
Por outro lado, o presidente do BRB esclarece que para fins de aquisição, o Banco Master passa, desde janeiro, por uma série de auditoria, além de todo o processo estar sob acompanhamento de escritórios de advocacias, especializados em aquisições, além de todo processo ser submetido ao Banco Central (BC) e ao Conselho Administrativo de Defesa do Consumidor (Cade). Como bem o lembra Costa, cabe ao BC, a aprovação final para a consolidação da aquisição.
Números e dividendos
Segundo Costa, atualmente o BRB, conta com “uma carteira de crédito de mais de 70 bilhões de reais, 15 milhões de clientes e mais de 100 bilhões em captações.“. E com a aquisição do Banco Master, deve passar a nona maior carteira de crédito de um banco brasileiro, a maior carteira de crédito de um banco estadual. “Esse banco também vai gerar mais resultado, pagar mais dividendos para os acionistas.”.
Ineditismo
Embora o ‘mercado’ aponte seus receios na aquisição do Master, por parte do BRB, por ser um banco público, outros dois casos já ocorreram no país. Em 2009, a Caixa Participações, braço de investimento da Caixa Econômica Federal (CEF), comprou comprou 49% do capital votante do Banco PanAmericano e 35,5% do capital do banco Panamericano e 20,69% das ações preferenciais, ao custo de R$ 739,2 milhões. No mesmo ano, o Banco do Brasil, adquiriu o Banco Votorantim por R$ 4,2 bilhões, ao equivalente a 49,99% do capital votante e 50% do capital social total.
