‘Burburinho’ ou recuo da Secretaria de Saúde, sobre desmonte de Cuidados Paliativos Oncológicos?



Secretaria nega desativação de serviço, além de apontar ampliação. Será?

Por Kleber Karpov

Na última semana ganhou força em grupos de servidores da Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF), o fechamento da ala de cuidados paliativos do Hospital de Apoio de Brasília (HAB). A denúncia também chegou à Política Distrital por meio de uma servidora que pedi para não ser identificada. De acordo com a denunciante, a suspensão do serviço deve deixar de atender 300 pacientes.

“Estão fechando a ala de cuidados paliativos que cuidam de 300 pacientes e vão remaneja-los para os hospitais. Cada um na sua regional. O que vai por em risco cada um deles. Visto que não temos estrutura mínima para nada atualmente. Imagine para atender pacientes tão complexos.”, afirmou.

Na rede social Facebook, a deputada distrital, Celina Leão (PPS), abordou o assunto, na última sexta-feira (24/Fev) e em um post anunciou que deve noticiar o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), além do próprio GDF. A parlamentar também condenou o “desmonte da saúde pública”, ao sugerir que a gestão do governador Rodrigo Rollemberg (PSB).

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“E com tristeza que fiquei sabendo hoje sobre fechamento do tratamento paliativo do Hospital de Apoio. Trezentos pacientes da Oncologia (portadores de Câncer) ficarão sem atendimento. O tratamento incluí analgésicos, sangue e exames de rotina para mante-los vivos. O médico responsável pelo atendimento já está lotado em outro setor. Se despediu em prantos dos pacientes. Os pacientes informaram que justificaram o término do atendimento para contenção de despesas. Não podemos aceitar isso !!! Vou oficiar ao GDF e ao MP … Chega de desmonte na saúde pública do DF . Iremos agir e tomaremos todas as medidas, inclusive judicias se for preciso … Será que esse governo não tem um pingo de dignidade . Sempre ataca quem mais precisa ??? Chega ! Vamos à luta !!!(SIC).”, postou Celina Leão.

O que diz a SES

O Blog apurou o fechamento do serviço junto a SES-DF. Por meio da Assessoria de Comunicação, a pasta refutou tal informação, além de mencionar que deve ampliar a oferta de serviços de Cuidados Paliativos.

“A Secretaria de Saúde esclarece que não procede a informação, divulgada nas redes sociais, de que será fechada a Ala de Cuidados Paliativos Oncológicos ou qualquer outro serviço do Hospital de Apoio de Brasília. Ao contrário do que foi veiculado, a unidade está ampliando os serviços de Cuidados Paliativos. Recentemente, foi inaugurada a  internação para cuidados paliativos geriátricos que hoje possui sete leitos e será ampliada para 10 leitos, a partir de março. A pasta reforça que o hospital é referenciada para toda a rede. Além disso, a unidade foi uma das primeiras a oferecer residências de medicina paliativa do Brasil.”.

Fonte oficiosa

Porém, um grande dilema na atual gestão da SES-DF é que a pasta, no que tange aos pareceres à imprensa parece ter se tornado uma fonte oficiosa. Apenas nas últimas duas semanas, Política Distrital recebeu três, posições por parte da Secretaria, em que a gestão aponta contradição. Duas em relação ao pagamento de Horas Extras e outra em relação a possível transferência da Cirurgia de Coluna do Hospital Regional do Paranoá.

Vale observar outros casos em que a secretaria também se colocou em contradição. Em novembro de 2016, o Blog questionou a SES-DF uma possível exoneração do coordenador de Tecnologia da Informação, Wilson Coelho, responsável pela implementação do Business Intelligence (BI), sistema de gestão estratégica da pasta. Na época houve o escândalo do ‘sumiço’ de dados de servidores do sistema Forponto.

Na ocasião a Secretaria foi categórica ao afirmar “A Secretaria de Saúde informa que a exoneração não procede e que o sistema B.I. está em fase final de elaboração.”. Porém, estranhamente, alguns dias depois houve a publicação no Diário Oficial do DF da exoneração de Coelho.

Outros casos chamam ainda mais a atenção, em relação à credibilidade da SES-DF, a exemplo de o secretário de Saúde do DF, Humberto Lucena Pereira da Fonseca, em entrevista ao DFTV há cerca de um ano, afirmar que regularizaria a questão dos atrasos das HEs. Ou ainda da novela mexicana da redução do banco de Horas Extras, que permitiria a nomeação de aproximadamente 2.000 servidores, que nunca saiu da gaveta, embora Fonseca à época tenha dado parecer diferente. O caso foi abordado por Política Distrital na matéria ‘GDF: Quando uma fonte oficial se torna oficiosa, governo abre precedente ao descrédito’ (Jun/2016).

Mas, por que a crítica?

Porque causou estranheza, ou melhor, levanta dúvida se de fato não há, ou houve tal intenção por parte da SES-DF, de desativar o serviço, um desabafo emocionado de uma irmã de um paciente internado no Hospital de Apoio de Brasília onde recebe assistência na ala de Cuidados Paliativos Oncológicos.

Isso porque, a pessoa em questão, que chora durante a gravação do áudio e apresenta estar extremamente angustiada, se trata de uma servidora da própria Saúde, membro de Conselho Regional de Saúde, com grande probabilidade de ter informações mais ‘solidas’ sobre uma eventual desativação do serviço.

Em relação a pessoa, Política Distrital não vai mencionar o nome, por não conseguir contatá-la e, principalmente, por se alguém em ampla perseguição, por parte da gestão da SES-DF, estranhamente, do Conselho Regional de Enfermagem do DF (Coren-DF), além do próprio Conselho de Saúde do DF (CSDF), que deve ser abordado, em breve, em outra matéria.

Política Distrital disponibiliza o áudio para que os leitores tirem suas próprias conclusões e sugere à deputada Celina Leão que o apresente ao MPDFT, à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde,  à Polícia Civil e também, à Polícia Federal, uma vez que a instituição dos Conselhos de Saúde, são prerrogativas do governo federal.

Confira o áudio



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