Pelo menos duas regiões, Itapoã e Paranoá, foram afetadas
Da Redação
O cidadão enche o copo de água e, com gosto, sacia a sede. A dona de casa abre a torneira e higieniza e prepara os alimentos de toda a família. Mas a população sequer notou, a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) fez uso de hipoclorito de sódio vencido para tratar a água consumida no DF. A substância é usada para desinfetar a água e matar diversos micro-organismos, como a salmonela, bactéria que pode levar à óbito.
A denúncia foi realizada pelo Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos do Distrito Federal (Sindágua-DF). Sindicalistas flagraram barris de hipoclorito de sódio com data de validade até 24 de julho. Mas a Caesb usou o produto, vencido, pelo mesmo até o dia 12 de agosto deste ano.
Moradores do Paranoá e Itapoã podem ter ingerido o produto. Entretanto, no vídeo abaixo, o responsável pela gravação diz que existe “uma quantidade ainda maior estocada em outra unidade” de abastecimento da Caesb. Ou seja, mais regiões podem ter sido afetadas.
Risco à saúde
O caso horrorizou engenheiros e químicos. Para o especialista em saneamento pela Universidade de Brasília (UnB), Marco Antônio Almeida Souza, o mais perigo em usar o hipoclorito de sódio é quando o material, com composição alterada pelo prazo de validade, passa a ter impurezas consideradas tóxicas.
“Esse produto pode perder a validade como desinfetante e oxidante e não executar sua função que é livrar a água de substâncias como coliformes fecais e bactérias.”
A engenheira ambiental da Universidade Católica de Brasília (UCB), Beatriz Barcelos, também concorda com Marco Antônio. Ela acredita que “não é recomendável, em hipótese alguma, utilizar produtos vencidos para desinfetar água que será consumida pela população”.
Já para a engenheira química da companhia, Cláudia Morato, “o laboratório central da Caesb realizou exames e comprovou que a água estava própria para consumo. Portanto, o material vencido não colocou em risco a qualidade da água distribuída pela estação”. Além disso, ainda conforme Cláudia, “em virtude da greve, pedimos um estoque maior dessa substância para não prejudicar o abastecimento”.
Por meio de nota, a assessoria de imprensa da Caesb discordou dos especialista, “o hipoclorito de sódio não se torna um produto descartável, que não possa ser utilizado, apenas tendo por referência a data de vencimento”.
Veja a nota na íntegra:
“A Caesb informa que não procede a denúncia de supostos riscos pelo uso do produto hipoclorito de sódio com data de validade vencida. Ao contrário de alimentos, o hipoclorito de sódio não se torna um produto descartável, que não possa ser utilizado, apenas tendo por referência a data de vencimento. No caso deste produto, para sua utilização com data de validade vencida, foram realizadas análises laboratoriais pelo laboratório central da Caesb, sendo constatado que ainda permanecia de acordo com as especificações técnicas, ou seja, com as propriedades físico-químicas necessárias para seu uso.
Esse produto é empregado para desinfecção da água e a sua utilização somente é realizada após rígido controle da qualidade e na quantidade necessária. Todos os produtos químicos utilizados pela Caesb passam por rigoroso controle do Laboratório Central da Companhia. A água tratada e distribuída para a população é submetida a controle permanente e contínuo de qualidade, de acordo com o estabelecido na Portaria n° 2.914/2011, do Ministério da Saúde.
Divulgar notícia tendenciosa e sensacionalista sobre a utilização de produtos químicos pela Caesb, bem como sobre a qualidade da água distribuída à população, é uma afronta aos serviços prestados com qualidade pela Caesb, reconhecidos no plano nacional e internacional e que têm cuidados, zelos e preocupações com a saúde pública da população.”
*Com informações do Metrópoles