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01 nov 2024 18:30


Caos no Instituto HBDF: Falta de ar condicionado, desmaio de servidor em Centro Cirúrgico e confusão com sindicato

Anunciado como solução dos problemas da Saúde do DF,  IHBDF piora qualidade de atendimento à população e reforça descaso em relação aos servidores

Por Kleber Karpov

Nesta quarta-feira (21/Mar), o dia foi de caos no Instituto Hospital de Base do DF (IHBDF). Sem ar condicionado no Centro Cirúrgico (CC), uma servidora chegou a desmaiar enquanto trabalhava. Ao apurar ‘in loco’, denúncias de sobrecarga dos servidores, em decorrência do dimensionamento de equipes, diretores do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem do DF (SINDATE-DF) foram hostilizados por seguranças e a confusão tomou conta do Pronto Socorro (PS) do hospital.

Risco de contaminação

Na terça-feira (20/mar), um servidor do IHBDF denunciou ao Política Distrital (PD), sob sigilo de identidade, que todas as salas do CC estão funcionando sem ar condicionado. Na manha desta quarta-feira, PD recebeu outra informação da mesma fonte, que uma servidora chegou a desmaiar no Centro Cirúrgico, em decorrência do calor.

Ainda de acordo com a fonte, o problema também atingiu o PS, problema classificado como grave pelo servidor. “Estamos com o Centro Cirúrgico sem ar condicionado em todas as salas. E agora também no Pronto Socorro. Isso é extremamente perigoso  e há normas que estabelecem que o centro cirúrgico tem que ter climatização para reduzir a possibilidade contaminação hospitalar dos pacientes internados.”, afirmou.

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), os serviços de saúde devem obedecer a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 50/2002 prevê que áreas críticas, consideradas áreas fechadas, tais como Centro Cirúrgico, Central de Material Esterilizado (CME), Centro Obstétrico (CO), entre outras devem ser climatizadas. Nesse caso a ANVISA se orienta pela Norma Brasileira (NBR) 7256/2005, que tratam de ar condicionado para fins de conforto e para ambientes que exigem assepsia

A NBR 7256/2005, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) estabelece os requisitos para projeto e execução das instalações de tratamento de ar em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS), temperatura variável do Centro Cirúrgico deve variar entre 24o o e 30o centígrados e a umidade relativa do ar, de 40% à 60%, critérios esses, que sem climatização ficam comprometidos, nas palavras do servidor.

A Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF) explicou que “houve a reabertura de vários pontos do sistema de ar condicionado que estavam desligados, visando aumentar a cobertura de alguns setores que não estavam cobertos em relação à refrigeração, porém, sobrecarregou o sistema acarretando em um aumento da demanda do conjunto motobomba, que não suportou a carga.”.

Ainda de acordo com a pasta, o IHBDF “já providenciou a compra de novos conjuntos motobomba para substituição e trabalha para que o sistema seja normalizado.”, porém, sem dar previsão, de quando o problema deve ser resolvido.

Sobrecarga de servidores e tumulto

O problema do ar condicionado foi o estopim para causar a revolta dos servidores que acionaram o SINDATE-DF, pois no PS, com o dimensionamento de pessoal estabelecido pelos gestores. Segundo o vice-presidente do SINDATE-DF, no IHBDF, um único técnico em enfermagem passou a ser obrigado a garantir a assistência à 20, 25 pacientes.

Ao comparecer no hospital para apurar o problema, durante a conversa com servidores, Vianna acabou por ser hostilizado por seguranças. “Fomos conversar com os trabalhadores sobre essas dificuldades e fomos surpreendidos pelos seguranças que nos abordaram pedindo que nos retirássemos pois não poderíamos fazer imagens, vídeos, coisa que não tínhamos intenção de divulgar.”, disse ao explicar que “estávamos lá para ouvir os trabalhadores e levar as reclamações ao diretor do Instituto, como o fizemos.”, disse ao observar que “mas o mal entendido foi resolvido e está superado.”, concluiu.

Após a confusão a direção do SINDATE-DF se reuniu com o diretor presidente do IHBDF, Dr. Ismael Alexandrino criticou a suspensão do processo seletivo do Edital nº 1- IHB-DF/2018, por parte do Tribunal Regional do Trabalho 10a Região, na segunda-feira (19/Mar), o que atrapalhou o dimensionamento de pessoal do PS.

Vianna afirmou ainda que sugeriu ao diretor, a concessão de horas extras aos servidores do IHBDF, para aumentarem a cobertura de atendimentos aos pacientes internados no PS. “Pedimos que de forma emergencial que dessem horas extras para quem quisesse fazer nos PS”, disse, porém, com uma ressalva. “mas que seja pago pelo Instituto, uma vez que a Secretaria demora meses para pagar e pelo Instituto, queremos que seja pago imediatamente.”, concluiu Vianna.

Discriminação

Por falar em suspensão do Processo Seletivo, julgada pelo TRT 10a Região, por força de ação do Ministério Público do Trabalho (MPT), a justiça trabalhista ratificou, que o IHBDF começou um processo de discriminação por parte dos colaboradores.

O MPT, apontou que o Edital contém exigências discriminatórias, previstas nos itens 3.8 e 3.9 do edital que apontam as necessidades de se “Ter aptidão física e mental para o exercício das atribuições do cargo” e ainda “Não ter sido desligado do quadro de pessoal do IHBDF no período inferior a seis meses […]’, respectivamente.

O tempo diferenciado, dispensado aos candidatos com e sem deficiência também foi considerado um ato discriminatório. “Enquanto os candidatos não portadores de deficiência possuíam prazo de inscrição de 13 dias (23 de janeiro a 5 de fevereiro), as pessoas com deficiência tiveram apenas 32 horas (das 10h do dia 23 de janeiro até as 18h do dia 24 de janeiro) para se inscrever, enviando o CPF e o laudo médico que comprovasse a deficiência.”, consta na ação julgada pelo  desembargador do TRT 10a Região, Mário Macedo Fernandes Caron.

Porém…

Porém, para servidores da SES-DF, lotados no IHBDF, a discriminação também é patente, no tratamento diferenciado entre médicos e profissionais de enfermagem. Enquanto a gestão finalizou a área de descanso dos médicos, os enfermeiros e técnicos em enfermagem são obrigados a descansar em um verdadeiro ‘muquifo’, de acordo com uma enfermeira que pede sigilo de identidade.

“A dependência de descanso da enfermagem fica em um local fora do hospital, as condições do muquifo são péssimas e a insegurança é total”, disse, ao informar que houve houve um roubo na sala de descanso na segunda-feira (19/Mar). “Uma colega foi assaltada na segunda-feira e furtaram 2 celulares. Só não foi pior porque estava na passagem de plantão e o cara foi visto bem na hora e conseguiu correr antes de ser pego. E é bom frisar que não foi por causa da greve dos vigilantes, mas porque nossa área de descanso fica fora do prédio e não tem vigilância.”, afirmou.

A informação foi confirmada por PD, junto à SES-DF. De acordo com a Pasta “A gerência de segurança orientou a vítima a registrar boletim de ocorrência, e segue dando suporte e acompanhando o caso.”.

Porém, a servidora explicou que, dentro do hospital, há sala que pode ser utilizado como dependência de descanso e conta com o bom senso dos gestores. “O que queremos é que nossa área de descanso seja transferida para dentro do hospital, pois tem sala para isso dentro da unidade.”, explicou.

Assalto à parte, a servidora encaminhou fotos, que demonstram o tratamento diferenciado entre médicos e profissionais de enfermagem, dispensados pela gestão do IHBDF. “Agora, cadê o tratamento igualitário previsto na legislação?”, questionou.

Confira a dependência dos médicos e da enfermagem

Precarização

Ao se falar em tratamento diferenciado, outro ponto abordado na ação do MPT, que resultou na suspensão do processo seletivo, foi a baixa remuneração, proposta no certame, do Processo Seletivo, por indicar redução salarial, típica de precarização ao se comparar os valores praticados pelo GDF, em relação à Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF), aos profissionais de saúde.

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