Por Juliana Bannach
A pandemia da Covid-19 vem causando um profundo impacto nas estatísticas vitais da população brasileira. Além das quase 10 mil vítimas fatais atingidas pela doença no Distrito Federal, o novo coronavírus vem alterando a demografia de uma forma nunca vista desde o início da série histórica dos dados estatísticos dos Cartórios de Registro Civil em 2003: nunca se morreu tanto e se nasceu tão pouco em um primeiro semestre como neste ano de 2021, resultando na menor diferença já vista entre nascimentos e óbitos.
Os dados constam no Portal da Transparência do Registro Civil, base de dados abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos praticados pelos Cartórios de Registro Civil do País, administrada pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), cruzados com os dados históricos do estudo Estatísticas do Registro Civil, promovido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base nos dados dos próprios cartórios brasileiros.
Em números absolutos os Cartórios do Distrito Federal registraram 11.926 óbitos até o final do mês de junho. O número, que já é o maior da história em um primeiro semestre, é 79,4% maior que a média histórica de óbitos no Distrito Federal, e 53,2% maior que os ocorridos no ano passado, com a pandemia já instalada a quatro meses no Distrito Federal. Já com relação a 2019, ano anterior à chegada da pandemia, o aumento no número de mortes foi de 63,3%.
Com relação aos nascimentos, o Distrito Federal registrou o menor número de nascidos vivos em um primeiro semestre desde o início da série histórica em 2003. Até o final do mês de junho foram registrados 20.967 nascimentos, número 23,3% menor que a média de nascidos no País desde 2003, e 19,2% menor que no ano passado. Com relação à 2019, ano anterior à chegada da pandemia, o número de nascimentos caiu 27,4% no Distrito Federal.
O resultado da equação entre o maior número de óbitos da histórica em um primeiro semestre versus o menor número de nascimentos da série histórica no mesmo período é o menor crescimento vegetativo da população em um semestre no Distrito Federal, aproximando-se, como nunca o número de nascimentos do número de óbitos. A diferença entre nascimentos e óbitos que sempre esteve na média de 20.673 mil nascimentos a mais, caiu para apenas 9.041 mil em 2021, uma redução de 56,3% na variação em relação à média histórica. Em relação a 2020, a queda foi de 50,3%, e em relação a 2019 foi de 58,1%.
“O Portal da Transparência vem sendo usado por toda a sociedade para ter um retrato fiel do que tem acontecido no País neste momento de pandemia”, explica Gustavo Renato Fiscarelli, presidente da Arpen-Brasil. “Os números mostram claramente os impactos da doença em nossa sociedade e possibilitam que os gestores públicos possam planejar as diversas políticas sociais com base nos dados compilados pelos Cartórios”, completa.
Natalidade e Casamentos
Embora não seja a regra, a série histórica do Registro Civil demonstra que o aumento no número de casamentos está diretamente ligado ao aumento da taxa de natalidade no Distrito Federal, o que deve fazer com que os nascimentos ainda demorem um pouco a serem retomados. No primeiro semestre de 2021, o Distrito Federal registrou o quinto menor número de casamentos desde o início da série histórica.