Casa da Mulher Brasileira comemora um ano com 3,6 mil atendimentos

Equipamento de alta complexidade em Ceilândia acolhe vítimas de violência doméstica, com serviço psicossocial e capacitações profissionais e de autoconhecimento



Por Catarina Loiola

A Casa da Mulher Brasileira (CMB) comemora, nesta quarta-feira (20), um ano de sucesso como ponto de apoio no enfrentamento à violência doméstica. Desde o lançamento, em abril do ano passado, 3.600 mulheres receberam suporte humanizado, atendimento psicossocial, capacitações profissionais, apoio jurídico e policial. Os serviços são oferecidos de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h, na CNM 1, em Ceilândia.

“Essa Casa é a oportunidade que a mulher tem, de qualquer nível, de qualquer situação econômica ou escolaridade, de mudar de vida”Vandercy Camargos, secretária da Mulher

Para a secretária da Mulher, Vandercy Camargos, o programa é um dos mais importantes do Distrito Federal e tem como objetivo principal promover o bem-estar da população. “Essa Casa é a oportunidade que a mulher tem, de qualquer nível, de qualquer situação econômica ou escolaridade, de mudar de vida. Elas podem buscar uma mudança, romper qualquer ciclo de violência, porque aqui a mulher é assistida, apoiada e capacitada”, afirma.

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Os dois principais pilares da CMB são o núcleo psicossocial, com uma equipe multidisciplinar, e o programa Empreende Mais Mulher, que oferece qualificações técnicas, de autonomia e autoconhecimento. Assim, a Casa centraliza o suporte às vítimas, agilizando a resolução da ocorrência e define uma porta de saída para a crise.

Atividades promovem a interação entre as mulheres, que participam de encontros nos quais o autoconhecimento é estimulado | Foto: Tony Oliveira/Agência Brasília

“Muitas mulheres vêm para cá interessadas nos nossos cursos de capacitação e só depois descobrem que estão sofrendo algum tipo de violência. É um acolhimento com segurança e autonomia, então elas percebem que algo está errado e, com autonomia e o nosso apoio, conseguem pôr um fim no ciclo”, afirma a secretária.

As mulheres chegam ao local de forma espontânea, após tomarem conhecimento das funcionalidades, ou são encaminhadas pelos órgãos especializados, como o Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT), Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF) e Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam).

Genelice Vieira

No núcleo psicossocial, as mulheres vítimas de violência doméstica são atendidas por agentes sociais, assistentes sociais, pedagogos e psicólogos da Secretaria da Mulher

Serviços

No núcleo psicossocial, as mulheres vítimas de violência doméstica são atendidas por agentes sociais, assistentes sociais, pedagogos e psicólogos da Secretaria da Mulher. São analisadas as demandas das vítimas e traçada uma rota de resolução do problema, com o apoio dos órgão parceiros.

“As mulheres recebem um apoio jurídico com servidores especializados para entender os problemas e, dependendo da complexidade, recebem um acompanhamento continuado, de forma quinzenal ou uma vez por mês”, conta a coordenadora do Casa da Mulher Brasileira, Andrezza Ferreira Barbosa.

Já o programa Empreende Mais Mulher é focado em desenvolver a autonomia das participantes, com o Realize, que estimula o autoconhecimento, e o Mão na Massa, que promove cursos técnicos de temas como gastronomia e estética. Dênis Reis, responsável pelo Realize, afirma que a ideia é unir o conhecimento prático com competências comportamentais.

“As mulheres entendem que, quanto mais elas se conhecem, mais têm força para fazer as próprias escolhas e para sustentar ações para alcançar objetivos. A gente olha para a realidade dessa mulher, vê que ela precisa de autonomia econômica, e mostra para ela o caminho de empreender. Mas, junto com isso, a mulher vê quem ela precisa ser para chegar onde ela quer, reconhece os pontos fortes e os fracos, para conseguir se reerguer e cessa o ciclo de violência”, explica Dênis.

O prédio da CMB dispõe de salas para a realização de oficinas e cursos, laboratório de informática com computadores e acesso à internet, auditório e uma cozinha equipada para a realização de oficinas. Há também uma brinquedoteca para as crianças e adolescentes que acompanham as mulheres atendidas pela Casa.

 

“Quando estávamos com problema, rapidinho tudo deu certo. Agora a gente vem encontrar os nossos amigos”

Para a dona de casa Jucemar Penha, de 58 anos, a Casa da Mulher Brasileira é, realmente, a casa dela. Ela chegou ao local em fevereiro, após indicação de amigos, com problemas no casamento. “Consegui resolver, me separei e agora sou feliz. Venho pra cá quase todo dia, pra fazer as aulas de informática. Aqui é o meu lugar e de todo mundo, as pessoas são muito boas e somos todos amigos. Sempre que dá, estou aqui com minha neta, que fica na brinquedoteca”, conta Jucemar.

A amiga de Jucemar, a dona de casa Genelice Vieira, de 62 anos, também frequenta a CMB diariamente. “A gente é muito bem-recebida, os funcionários trabalham muito bem. Quando estávamos com problema, rapidinho tudo deu certo. Agora a gente vem encontrar os nossos amigos”, comenta ela.

Ações do GDF

A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP/DF) também realiza ações de enfrentamento ao feminicídio e à violência doméstica. Em março de 2021, foi lançado o programa Mulher Mais Segura, com medidas, iniciativas e ações de enfrentamento aos crimes de gênero.

Uma das ferramentas é o Dispositivo Móvel de Proteção à Pessoa (DMPP), que monitora, simultaneamente, vítima e agressor, em tempo real, estabelecendo distância segura entre eles e impedindo que o agressor se aproxime por meio de um dispositivo, que pode ser acionado também quando a vítima se sentir em perigo. Até abril deste ano, foram 69 monitoramentos e, atualmente, são 23 monitorados (13 vítimas e 10 agressores).

Denúncias sobre casos de violência doméstica podem ser realizadas online ou pelo telefone 197, opção 0 (zero), o e-mail [email protected] e o WhatsApp (61) 98626-1197. A Polícia Militar do Distrito Federal também atende a população pelo 190.



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FONTEAgência Brasília
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