Caso Gabriel Luiz reforça importância do Sistema Único de Saúde do Brasil

Jorge Vianna parabeniza servidores da saúde e lembra que rede pública de saúde é único meio de atendimentos, no Distrito Federal,  em casos emergenciais



Por Kleber Karpov

Na quinta-feira (14/Abr), o jornalista da TV Globo do Distrito Federal, Gabriel Luiz, 29 anos, deu entrada no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), vítima de diversas facadas, em uma tentativa de assalto no setor Sudoeste. Atingido por cerca de 10 facadas, o rápido atendimento, por parte do Corpo de Bombeiros do DF (CBMDF) e da equipe de trauma do do Hospital de Base do DF (HBDF), o Gabriel foi salvo e sai do risco de morte.

O caso teve enorme repercussão, tanto pela simplicidade e simpatia que Gabrielzinho, como é carinhosamente chamado entre os profissionais de comunicação, como  pela popularidade do jornalista que embora muito jovem  conquistou enorme respeito, pela qualidade e seriedade das coberturas jornalísticas.

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Matéria do Metrópoles (15/Abr), intitulada Deputados se solidarizam com Gabriel Luiz e pedem rigorosa apuração, apontou a reação do meio político, na Câmara Legislativa do DF (CLDF), Casa em que Gabriel Luiz trabalhou e, que também realiza cobertura política. O presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da CLDF , deputado distrital, Fábio Feliz (PSOL), cobrou investigação rigorosa, ao que classificou de escalada absurda de violência.

Presidente da Comissão de Direitos Humanos da CLDF, o deputado distrital Fábio Felix (PSOL) afirmou que está torcendo pela recuperação rápida de Gabriel Luiz e cobrou rigorosa investigação sobre a motivação do ataque brutal. “Essa escalada de violência é absurda”, pontuou. O emedebista, Hermeto chamou também pediu a punição dos culpados pelo “crime desprezível”.

Na CLDF, também, os deputados distritais Martins Machado (Republicanos), Jorge Vianna (PSD), Arlete Sampaio (PT), Leandro Grass (PV), Chico Vigilante (PT), Iolando (MDB) e Reginaldo Veras (PV), se manifestaram em relação ao crime cometido.

Na Câmara Federal, a deputada federal, Sâmia Bomfim (PSOL-SP) apontou para a necessidade de investigação minuciosa. E, por meio de nota, o Partido Verde, condenou o ataque e pediu a responsabilização dos criminosos.

Serviço Público

Egresso da Saúde, Vianna, em entrevista à Radio Metrópoles (16/Abr), foi além do solidariedade ao jornalista, publicada pelo parlamentar nas redes no dia anterior, mas aproveitou para agradecer e ressaltar a importância dos profissionais que atuam diariamente, no resgate e no atendimento emergencial, para salvar milhares de vidas.

“Quero fazer um agradecimento especial a todos os profissionais envolvidos nessa recuperação, nesse socorro. Desde o Corpo de Bombeiros, que é um serviço Público, até os nossos colegas no Hospital de Base que é um serviço Público. Ele [Gabriel Luiz] foi salvo, não é porque ele é jornalista não, é porque todos os que conseguem atendimento na rede pública, são salvos.”, disse Vianna.

O deputado ratificou ainda a importância do serviço público para o atendimento emergencial no DF. “Sempre digo e repito para todo mundo ouvir, se um dia eu sofrer um acidente, seja de carro, moto, faca, bala, me levem para o Hospital de Base, eu confio e temos os melhores profissionais e equipes. Hospitais privados em Brasília não atendem politraumatizados. Não adianta ter carrão, seu plano de saúde, ser rico. Se você sofreu alguma agressão, acidente, você não vai ser atendimento em hospital privado, pois não têm equipe suficiente para atender uma emergência. Você vai ser atendido no SUS.”, disse ao ressaltar a importância do serviço público de saúde.

O distrital chegou ainda a sugerir a que a Globo, empresa onde Gabriel Luiz trabalha, fizesse uma reportagem para homenagear o serviço público e o Hospital de Base, para ressaltar a importância do sistema público de saúde do Brasil.

 

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A Globo fez

Coincidência ou não, a sugestão do distrital foi abordada pela Rede Globo. Na edição do Jornal Nacional, de sábado (16/Abr), a emissora produziu e veiculou reportagem, intitulada Rapidez e dedicação de médicos e socorristas são determinantes para salvar vidas’, em que abordou a importância do Sistema Único de Saúde (SUS), de todo país.

A reportagem deu a exata noção, não só da importância do SUS, mas da agilidade e sincronia da capacidade de atendimento, tanto dos profissionais que realizam resgates, a exemplo dos Bombeiros e dos Serviços de Atendimento Móvel de Urgência (SAMUs) espalhados no país, quanto das equipes multifuncionais aptas a resgatar, estabilizar e salvar milhares de vidas diariamente.

Opinião: Saúde x Política

Tão importante quanto reconhecer a importância dos atendimentos de resgates emergenciais, a imprensa brasileira, além da atuação fiscalizatória em que apuram denúncias da qualidade dos atendimentos médicos em todo o país. A especialização e o aprofundamento nos processos de produção de reportagens ligados à saúde, podem ter um impacto profundo na melhoria do SUS.

Vale observar que além de questões orçamentárias, estruturais e de recursos humanos, um dos fatores a impactar profundamente na qualidade do serviço público de saúde está no meio político. E a atenção ou um olhar mais apurado da mídia, ao ‘jogo político’ pode começar a se tornar determinante para a melhoria da saúde pública brasileira.

Para ilustrar o cenário, enquanto articulista que cobre a saúde pública do DF, desde 2014 e convive no segmento desde 1999, ver segmentos da mídia do DF, dar, ou tirar voz, de quem atua para melhorar, pode representar avanços ou retrocesso ao SUS. Isso em demandas que vão desde as péssimas condições de trabalho; baixas remunerações e incentivos; falta de definições de políticas públicas ou equivocadas; visibilidade e estímulo à participação social no processo de gestão pública, podem ser balizadores para garantir se melhorias.

Obviamente, que a falta de coberturas mais elaboradas e aprofundadas, talvez não ocorram de forma deliberada pois em geral, saúde pública, salvo reportagens especiais, são temas de coberturas factuais. Ao mesmo tempo que faltam profissionais de comunicação especializados na editoria saúde pública. Com isso, em muitas coberturas jornalísticas, se ignoram as motivações por trás de intenções de decisões tomadas, no que tange a setor.

Muito embora nem toda ‘reportagem’ publicada devesse ser classificar de jornalística, há poucas semanas este articulista teve a oportunidade de ler, com espanto e descrença, ao anúncio de uma figura ‘tarimbada’ do DF, que fala bonito, o anúncio de candidatura para concorrer a uma vaga à câmara federal.

Até aí tudo certo, afinal, todo cidadão brasileiro, desde que não se enquadre na lei da ficha limpa, tem a prerrogativa de poder se candidatar e ser votado para quaisquer cargos eletivos na esfera do poder legislativo. Porém,  chamou atenção ao justificativa da candidatura: defender os interesses dos servidores da saúde do DF, com direito a menção da luta das 30 horas e do piso salarial da enfermagem.

Algo no mínimo, tragicômico, pois quem conhece a ‘figura’, sabe que de todos os movimentos promovidos por profissionais de enfermagem do DF, tanto das 30 horas, quanto do piso salarial, desde o lançamento das respetivas campanhas, em nenhuma ocasião a pessoa, ‘defensora’ dos servidores da saúde, compareceu ou sequer emitiu qualquer manifestação em apoio à categoria.

Isso, sem entrar no mérito, de ações amplamente conhecidas por todas as categorias de profissionais de saúde do DF, sobre práticas questionáveis, para com tais trabalhadores. Ou sem mencionar ainda articulações para se emplacar nomes em cargos estratégicos, para definir ou influenciar em decisões de políticas públicas aos profissionais de saúde. O que não é algo de um todo ruim, e faz parte do ‘jogo político’, porém, em apurações jornalísticas, um olhar apurado sobre tais movimentações, podem garantir melhorias a toda cadeia de atendimento do SUS.



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