A deputada Celina Leão reuniu, nesta sexta-feira (26), na Câmara Legislativa do DF (CLDF), a imprensa para uma entrevista coletiva onde defendeu-se das denúncias que visam incriminá-la em uma investigação já existente contra o governo do Distrito Federal e que provocaram seu afastamento da presidência da Câmara Legislativa. Para tanto, divulgou dois trechos do diálogo gravado entre ela e a deputada Liliane Roriz (PTB). “Vou me ater apenas a minha defesa e as acusações da deputada Liliane Roriz a minha pessoa”, iniciou a parlamentar.
Durante pouco mais de meia hora, a parlamentar falou com os jornalistas e se referiu ao inquérito, aberto no dia 18 de julho deste ano, que remete à questão da saúde, no Distrito Federal, com várias denúncias graves, inclusive com encaminhamento à Procuradoria Geral da República. “Mas a parte que fala sobre a minha pessoa começou no dia 12 de agosto, que remete ao áudio da deputada Liliane”, ressaltou.
“O que a gente percebe, de cara, é que há algumas edições. Eu quero me pronunciar sobre duas conversas com a deputada Liliane, um diálogo republicano e que, da forma como foi divulgada, a conversa está descontextualizada”, disse ela desqualificando a gravação que Liliane entregou ao MP. No primeiro áudio as parlamentares conversam sobre emendas para a Educação. No segundo, Celina diz que, em um momento, Liliane pergunta se ela esteve com um empresário e se eu havia pedido algo a ele. “Eu disse que nunca estive com ele, e muito menos que pedi algo a ele”, falou Celina na gravação.
A deputada repetiu aos jornalistas que nunca se encontrou com ninguém para tratar de propina e que as duas falas desmontam as acusações feitas pela deputada Liliane. “Nunca pedi nada, nem falei com empresários”, demonstra Celina nos áudios. E mais: “isso desmente o que a deputada falou. E aposto que Liliane Roriz não trabalhou sozinha e acredito que a colega tenha recebido algo em troca para divulgar os áudios. Isso é muito grave”. Celina ainda lembrou de outro áudio de duas horas e meia, no qual Liliane a provoca muitas vezes a fim de que ela fale sobre alguma ilicitude.
Outro ponto destacado por Celina foi de que a divulgação dos áudios foi exatamente no dia do julgamento das ações de Liliane Roriz, na Justiça, a qual ela foi condenada. Celina diz que Liliane entregou os áudios dessa possível ilicitude seis meses depois de tê-los gravado. “Se ela tinha certeza de uma ilicitude dessa, por que não entregou logo? É claro que ela não tinha elementos. Se eu digo numa gravação que não fiz nada e ela diz também, qual é a prova da material? Vamos pedir perícia de todos os áudios que têm edições graves, porque quando se faz edição, você pode tirar frases de um contexto e colocar em outro. Essa pessoa estava há mais de um ano tentando gravar os colegas. O que se refere a mim ela pode colocar nesse contexto. O mais importante nesta tarde é que nós tivemos acesso à gravação e elas desmentem as acusações da deputada”, esclareceu Celina.
Sob este aspecto, Celina acusou o governador Rodrigo Rollemberg de manobra política, justamente quando a CPI da Saúde da Câmara Legislativa apura irregularidades na Secretaria de Saúde. “Tem muita coisa por trás disso. Liliane Roriz não fez isso sozinha”, repetiu, sustentando que o governador na verdade quer atingir todo o seu grupo político, em virtude das eleições de 2018. “Meu nome sempre apareceu bem nas pesquisas. Agora dá pra pensar nisso [a candidatura] de verdade”, disse. E lembrou que o ataque à Mesa Diretora é visível. “Eu não iria sozinha, eu iria com um grupo e foi esse grupo que ele quis atingir”, associa Celina.
Celina Leão também voltou a reclamar da denúncia feita pelo deputado Chico Vigilante (PT) de que servidor de seu gabinete teria saído da Câmara Legislativa com computador, no intuito de destruir provas contra ela. “Primeiro disse que era computador, mas não tem imagem nenhuma disso. Nossos bens da Câmara são todos tombados, não tem como. Depois disse que seria um laptop, é papel. É um absurdo o que estamos passando!”.
Celina reforçou sua confiança na investigação feita tanto pelo Ministério Público do DF quanto pela Polícia Civil. “São instituições as quais respeito”. E completou dizendo que considera natural o pedido de cassação dos membros da Mesa Diretora, apresentados por partidos políticos e entidades da sociedade civil, na CLDF, alegando que vivemos em um País democrático. “Acreditamos que as coisas serão elucidadas, até porque quem nos conhece há muito tempo, sabe nosso trabalho, mas para quem teve todo o trabalho de ler o processo e o inquérito, sabe que o alvo do inquérito, com certeza não é a Câmara Legislativa. Essa crise na Casa é muito grave, mas temos uma perspectiva de normalidade. E que o Poder Legislativo seja respeitado em sua integralidade”, concluiu Celina.
Fonte: Ascom Celina Leão