Por Delmo Menezes
O Brasil enfrenta um cenário preocupante com a possibilidade de uma nova epidemia de Chikungunya. A doença, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo vetor da Dengue e Zika, já causou surtos expressivos no país em 2024, e a negligência em medidas de controle pode ter consequências graves.
A falta de recursos humanos qualificados, insumos adequados e políticas de comunicação em saúde, impacta negativamente no controle da doença, principalmente em áreas mais vulneráveis. Regiões menos desenvolvidas sofrem com a escassez de infraestrutura e acesso limitado a serviços de saúde, dificultando a detecção precoce e o tratamento eficaz da Chikungunya.
A desarticulação entre os entes federativos dificulta a implementação de ações coesas e eficazes no combate ao mosquito e à doença. A falta de coordenação resulta em esforços fragmentados e menos eficientes, prejudicando a eficácia das medidas de controle e prevenção.
A escassez de recursos financeiros limita as ações de controle do mosquito, como campanhas de conscientização, mutirões de limpeza e aplicação de inseticidas. A falta de financiamento adequado compromete a capacidade dos programas de saúde pública de responder de maneira proativa e abrangente à ameaça da Chikungunya.
O Distrito Federal em alerta
Com mais de 400 mortes no DF neste ano e a sobrecarga do sistema de saúde na rede pública, acende-se um alerta para o risco de surtos de outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. A alta incidência de Dengue em 2024, destaca a vulnerabilidade da região a epidemias de outras doenças transmitidas pelo mesmo vetor.
De acordo com especialistas consultados pelo Agenda Capital, é alto o risco de epidemia de Chikungunya no DF a partir do mês de dezembro deste ano.
A ausência de medidas preventivas aumenta a probabilidade de um surto explosivo da doença, com impactos graves na saúde pública e na economia local. Sem ações preventivas eficazes, o Distrito Federal pode enfrentar uma crise sanitária de grandes proporções. Um novo surto epidêmico pode levar ao colapso o sistema público de saúde da capital.
Medidas urgentes:
- Ações imediatas de controle do mosquito: Intensificar as ações de eliminação de criadouros, mutirões de limpeza, aplicação de inseticidas e campanhas de conscientização. Medidas proativas são essenciais para reduzir a população de mosquitos e prevenir a transmissão do vírus.
- Integração entre os Governos: Fortalecer a colaboração entre os diferentes níveis de governo para a implementação de políticas públicas coesas e eficazes. A coordenação intergovernamental é importante para uma resposta integrada e eficiente ao desafio de controlar a Chikungunya.
- Aumento dos investimentos: Destinar recursos financeiros para garantir a infraestrutura, insumos, equipamentos e pessoal qualificado necessários para o combate ao mosquito e à doença. Investimentos adequados são fundamentais para a implementação eficaz de medidas de controle e prevenção.
- Preparação do sistema de saúde: Ampliar a capacidade de atendimento e garantir acesso universal ao diagnóstico e tratamento da Chikungunya.
Responsabilidade compartilhada
O combate à Chikungunya e o Aedes Aegypti exige um esforço conjunto de governos, sociedade civil e cada indivíduo. É fundamental:
- Eliminar criadouros do mosquito: Manter caixas d’água tampadas, eliminar água parada em recipientes e descartar corretamente o lixo.
- Usar repelente: Aplicar repelente nas áreas expostas do corpo, principalmente ao ar livre.
- Se proteger durante o dia: O mosquito é mais ativo durante o dia, portanto, usar roupas que cubram a pele e utilizar mosquiteiros em locais com risco de transmissão.
- Consultar um médico em caso de sintomas: Febre, dores articulares intensas, dor de cabeça, náuseas e vômitos podem ser sinais da doença.
Fatores que contribuem para o risco de novas epidemias:
- Grande número de pessoas susceptíveis: A maioria da população ainda não possui imunidade à doença.
- Clima favorável: Temperaturas elevadas e alta pluviosidade criam um ambiente ideal para a proliferação do mosquito.
- Abundância do aedes aegypti: Mosquito transmissor da doença está presente em todo o país.
- Fatores socioeconômicos: Desigualdades sociais e condições precárias de saneamento básico facilitam a proliferação do mosquito.
Consequências de uma nova epidemia:
- Impacto na saúde pública: Aumento significativo no número de casos de Chikungunya, podendo levar à sobrecarga do sistema de saúde.
- Doença debilitante: A Chikungunya causa dores articulares intensas e outros sintomas que podem persistir por meses ou até anos, afetando a qualidade de vida das pessoas.
- Impactos econômicos: Perda de produtividade no trabalho, gastos com tratamento médico e possíveis sequelas da doença podem gerar impactos negativos na economia.
O Mosquito Aedes Aegypti e o Chikungunya
Ciclo de Vida do Mosquito
O Aedes aegypti é um mosquito de hábitos diurnos, com maior atividade ao amanhecer e ao entardecer. Seu ciclo de vida inclui quatro fases: ovo, larva, pupa e adulto. Os ovos são depositados em locais com água parada, onde as larvas e pupas se desenvolvem até emergirem como mosquitos adultos. A fêmea do mosquito é responsável pela transmissão de doenças, pois necessita de sangue para maturar seus ovos.
Transmissão do vírus Chikungunya
A transmissão do vírus chikungunya ocorre quando um mosquito fêmea pica uma pessoa infectada e, após um período de incubação, pica outra pessoa, transmitindo assim o vírus. A febre chikungunya é caracterizada por um início abrupto de febre alta e dor nas articulações, que pode ser debilitante e durar semanas ou até meses.
Sintomas
Os sintomas da chikungunya geralmente aparecem entre 2 e 12 dias após a picada do mosquito infectado. Além da febre e das dores articulares, podem ocorrer dores musculares, dor de cabeça, náuseas, fadiga e erupções cutâneas. Não há tratamento específico para a chikungunya, apenas cuidados paliativos para aliviar os sintomas, como uso de analgésicos e anti-inflamatórios, além de repouso e hidratação adequada.
Febre acima de 38,5 graus, de início repentino, e dores intensas nas articulações de pés e mãos – dedos, tornozelos e pulsos. Pode ocorrer, também, dor de cabeça, dores nos músculos e manchas vermelhas na pele. Cerca de 30% dos casos não chegam a desenvolver sintomas. O início dos sintomas pode levar de dois a dez dias para ocorrer. É o chamado período de incubação.
A principal diferença entre a dengue e a chikungunya é a dor nas articulações, muito mais intensa na chikungunya, afetando principalmente pés e mãos, geralmente tornozelos e pulsos. Ao contrário do que acontece com a dengue, não existe uma forma hemorrágica da doença e é raro surgirem complicações graves, embora a artrite possa continuar ativa por muito tempo.
Risco de epidemia no país
O Brasil enfrenta um risco real de uma nova epidemia de chikungunya, especialmente durante os períodos de maior incidência de chuvas, quando a proliferação do Aedes Aegypti é favorecida pelo aumento de locais com água parada.
Evitar uma nova epidemia de Chikungunya é possível. Através de ações conjuntas, medidas eficazes e a responsabilidade de todos, podemos proteger a saúde pública e garantir o bem-estar da população brasileira.
Juntos, podemos prevenir a proliferação do mosquito Chikungunya e evitar uma nova epidemia no Brasil.
Lembre-se: A negligência agora pode custar caro no futuro. Vamos agir juntos para prevenir a proliferação do mosquito Chikungunya e garantir um futuro mais saudável para todos!
Referências bibliográficas:
- Biblioteca virtual em Saúde do Ministério da Saúde
- Rede de bibliotecas da Fiocruz
- Bases de dados Lilacs, Pubmed, Scielo, Scopus e Web of Science
- https://brasilescola.uol.com.br/doencas/febre-chikungunya.htm