CLDF aprova moção de repúdio ao deputado federal Nikolas Ferreira por discurso transfóbico

Alguns parlamentares contrários defenderam a liberdade de expressão do deputado mineiro. Já Fábio Félix, autor da moção, destaca que não se deve desqualificar um segmento que "já é tão discriminado"



Por Denise Caputo

Com 12 votos favoráveis e sete contrários, o plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal aprovou, nesta terça-feira (21), moção de repúdio ao deputado federal Nikolas Ferreira (PL/MG) por discurso transfóbico proferido em 8 de março último, na tribuna da Câmara dos Deputados. Na ocasião, o parlamentar usou uma peruca loira e ironizou a existência de mulheres trans.

A votação da proposta, nesta tarde, gerou polêmica e quase foi retirada de pauta, mas acabou sendo analisada em separado das demais moções.

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Alguns parlamentares contrários defenderam a liberdade de expressão do deputado mineiro. “Não entendo uma moção de repúdio a quem não cometeu nada de errado, apenas exerceu a liberdade de expressão e deu uma opinião compartilhada por muitos da população”, disse o deputado Roosevelt Vilela (PL).

“Nosso repúdio não é à liberdade de expressão ou à imunidade parlamentar. Existe método para tudo: não dá para desqualificar um segmento que já é tão discriminado”, argumentou o autor da moção de repúdio, deputado Fábio Felix (Psol). O distrital reforçou que o Brasil é o país que mais mata pessoas transexuais e apontou que 90% das mulheres trans estão na prostituição compulsória por falta de acesso a educação e ao mercado de trabalho.

O parlamentar ainda ressaltou que comportamentos como o de Nikolas Ferreira acabam por estimular o ódio a um segmento de mulheres em situação de vulnerabilidade extrema. “Essa é a reflexão que queremos trazer”, concluiu.

Já o deputado Thiago Manzoni (PL) disse não concordar com atitudes preconceituosas, mas justificou seu voto contrário ao repúdio afirmando não admitir perseguição à “pauta conservadora”.

Também contrário, o deputado Pastor Daniel de Castro (PP) reclamou: “Não podemos ter nossa voz cassada”, apontando que os evangélicos representam “40% da população brasileira”.

A deputada Dayse Amarilio (PSB), por sua vez, afirmou: “Uma das coisas que me trouxe para a política é a dor. Temos o dever, como representantes da população, por termos voz, a ter cuidado com o que falamos, com o que podemos incitar”. E completou, de forma emocionada: “Essas pessoas (trans) estão morrendo. Isso não tem nada a ver com religião. Temos de ter responsabilidade”.

“Uma coisa é alguém falar algo que pode depois ser corrigido, outra coisa é a pessoa usar de seu papel público e levar uma peruca para o plenário, de forma deliberadamente planejada”, disse o deputado Max Maciel (Psol). “Isso traz violência política. Não podemos deixar passar batido e normalizar essa violência”, acrescentou.

Favorável à moção de repúdio, o deputado Chico Vigilante (PT) defendeu que o comportamento de Nikolas Ferreira “não tem nada a ver com religião ou com o pensamento da direita”. Para ele, foi “molecagem”.

Confira como votou cada deputado

Sim
Chico Vigilante (PT)
Dayse Amarilio (PSB)
Eduardo Pedrosa (União)
Fábio Felix (Psol)
Gabriel Magno (PT)
Jaqueline Silva (sem partido)
Jorge Vianna (PSD)
Max Maciel (Psol)
Pepa (PP)
Ricardo Vale (PT)
Robério Negreiros (PSD)
Wellington Luiz (MDB)

Não
Iolando (MDB)
João Cardoso (Avante)
Joaquim Roriz Neto (PL)
Martins Machado (Republicanos)
Pastor Daniel de Castro (PP)
Rogério Morro da Cruz (PMN)
Thiago Manzoni (PL)



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