Deputados questionaram boas notícias trazidas por Ibaneis Rocha, principalmente, na área da Saúde
Por Marco Túlio Alencar
Deputados que fazem oposição ao governador Ibaneis Rocha contestaram declarações do chefe do Executivo do Distrito Federal que compareceu ao plenário da Câmara Legislativa, nesta quinta-feira feira (1º), na reabertura dos trabalhos, após o recesso parlamentar do mês de julho. “Quero dialogar”, afirmou a deputada Arlete Sampaio (PT), respondendo à fala do governador – que já havia deixado o plenário – reiterando a pretensão de manter um governo de diálogo e de construção coletiva.
“Gostaria, imensamente, que pudéssemos ser ouvidos”, disse a deputada, chamando a atenção para o que considera três áreas críticas do DF. “A saúde pública está desumanizada e o governo ainda não encontrou um modelo para enfrentar os problemas. Na educação, a saída tem sido a militarização das escolas, mas este é um equívoco. Além disso, assistimos ao desmonte do setor de assistência social. Há, por exemplo, cinco restaurantes comunitários fechados”, citou, insistindo: “Espero que o senhor nos escute e possa estabelecer um diálogo efetivo para tentarmos resolver os problemas da nossa Capital”.
O deputado Fábio Felix (PSol) considerou que “Ibaneis Rocha mora no Distrito Federal das ilusões”, justificando que a “perspectiva” que o governador trouxe à Casa “não combina com as evidências, os números e nem com a análise dos dados sociais”. Na avaliação do parlamentar, “há uma crise profunda: o desemprego aumenta; o Instituto de Gestão de Saúde do Distrito Federal (IGESDF) não melhorou o setor; e o GDF não tem projeto para a educação pública”. Para ele, a entrada de policiais, sem capacitação específica, nas escolas “é um projeto de marketing”. Felix assegurou que o cerne do problema é a desigualdade social. “Apesar de seu discurso, a gente não mora nesse DF que o senhor apresentou, nesta tarde, no plenário da Casa”, concluiu.
“Existe o mundo imaginário e o mundo real”, ponderou o deputado Chico Vigilante (PT). ” Tenho respeito pelo governador, mas ele não se referiu à Brasília real”, prosseguiu. Na opinião do parlamentar, “a realidade é grave, muito grave, e estamos dispostos a ajudar”. Ele fez uma rápida análise das contas públicas e observou que para “fechar o ano” serão necessários R$ 891 milhões. “Isso significa que, a partir de outubro, fornecedores e prestadores de serviço terão muita dificuldade de receber do GDF”, alertou.
O deputado Leandro Grass (Rede) criticou o que chamou de “gastos supérfluos” do governo local, como os quase R$ 12 milhões dispendidos com diárias e passagens. “Enquanto isso, as emendas parlamentares que representam os anseios da população não são levadas em conta”, comentou, salientando que somente 7% dessas emendas foram empenhadas desde o início do ano. Outro ponto abordado foi a situação do setor de saúde pública. Referindo-se às unidades geridas pelo IGESDF, enumerou: “Neste momento, por exemplo, falta incubadora, não há técnico de gesso, verifica-se problemas com oxigênio, e a pediatria está lotada”. Segundo Grass, existe um “fantástico mundo da saúde do DF que somente o governador vê”.
Gestão democrática
Com a aproximação da escolha dos gestores escolares, o deputado Reginaldo Veras (PDT) fez um apelo à Secretaria de Educação para que encaminhe com urgência à Câmara Legislativa as propostas, que vem anunciando, para a eleição, que precisam ser aprovadas pela Casa. “O projeto precisa chegar ainda na primeira quinzena de agosto, para garantir segurança jurídica à escolha”, argumentou.
Fonte: CLDF