Na linha de frente do combate à covid-19, profissionais de Enfermagem e médicos estiveram entre as primeiras vítimas da pandemia no Brasil. O artigo Óbitos de médicos e da equipe de Enfermagem por Covid-19 no Brasil: uma abordagem sociológica, publicado no volume 28/2 (2023), da revista Ciência & Saúde Coletiva, analisa o perfil dos mortos das profissões que, juntos, representam 72,5% dos trabalhadores especializados da Saúde no Brasil.
“A vulnerabilidade dos profissionais de Saúde é consequência de sobrecarga e precarização do trabalho, dificuldade de acesso aos equipamentos de proteção individual (EPI), entre outros fatores relacionados ao trabalho cotidiano”, afirmam os pesquisadores.
Os profissionais de nível médio (auxiliares e técnicos) e negros (pretos e pardos) são maioria entre os mortos nas equipes de Enfermagem. 31% dos enfermeiros que morreram por covid-19 eram brancos, e 51%, pretos e pardos. Entre os profissionais de nível médio, 29,6% eram brancos e 47,6%, pretos e pardos. Foi registrado um percentual significativo de raça “não infomada”. Entre os médicos, esse dado não foi coletado.
A pandemia atingiu toda a assistência à saúde no país, nas mais diferentes áreas do cuidado. As mortes não se concentram apenas entre os profissionais que atuavam no atendimento a pacientes com sintomas respiratórios, alcançando, entre entre os médicos, especialidades como obstetras e ortopedistas.
Suprindo lacunas
A pesquisadora Maria Helena Machado denuncia a falta de um sistema nacional com dados sobre óbitos. “Buscamos dados nos conselhos profissionais e apenas dois tinham dados disponíveis e confiáveis – o Cofen e o CFM”, afirma.
“Não podemos continuar em um país no qual mortes dos trabalhadores de saúde são calculadas somente por estimativas. Um sistema de informação potente, que interligue entidades, sindicatos e o Estado brasileiro, o Ministério da Saúde e as secretarias, é necessário”, destaca a autora.
“O Observatório da Enfermagem foi lançado pelo Cofen em março de 2020, em um esforço de coleta de dados, até então desconhecidos”, relata Neyson Freire, assessor de Comunicação do Cofen e co-autor do estudo.
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