Com processo em mãos, Celina Leão fala sobre Liliane Roriz e Operação Drácon



“Talvez eu seja a única política do Brasil, falando que não quer, não quer, nada errado”, afirma Celina Leão ao contestar acusações de Liliane Roriz

Por Kleber Karpov

A presidente, afastada da Câmara Legislativa do DF (CLDF), Celina Leão (PPS), ocupou a tribuna para, pela primeira vez, após ter acesso aos autos do processo, se manifestar em relação à discrepâncias nos autos das investigações do Ministério Público do DF e Territórios e da Operação Drácon da Polícia Civil do DF (PCDF), que investigam possível prática de corrupção, envolvendo emenda destinada à Saúde, em relação às acusações da distrital, Liliane Roriz (PTB).

Com cópia dos autos em mãos, Celina Leão lembrou que construiu uma carreira política de  15 anos, sem que nunca esteve envolvida em inquéritos policiais e afirmou que o mesmo não aconteceu com Liliane Roriz, condenada pela Justiça.

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A Leoa, como é carinhosamente chamada na CLDF, também observou que nos autos do processo, só teve o nome mencionado, a partir da página 474. A deputada observou que as páginas anteriores, se referenciavam ao governador do DF, Rodrigo Rollemberg (PSB), seus secretários, e familiares, a exemplo da esposa, Márcia Rollemberg, a quem não nominou.

De acordo com a Parlamentar, Liliane Roriz jogou o nome da família Roriz, na lama ao participar de uma armação política para tirar o foco das investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde, na CLDF. Isso porque a CPI, aprovada por Celina Leão, atinge em cheio a gestão de Rollemberg.

Celina Leão lembrou ainda a exposição seletiva um dos áudios publicitados por Liliane Roriz, que serviu de ignição para as investigações do MPDFT e da Operação Drácon.  “Talvez eu seja a única política do Brasil, falando que não quer, não quer, nada errado”, afirma Celina Leão ao contestar acusação de Liliane Roriz.

Desabafo

Na rede social, Facebook, Celina leão publicou um texto, intitulado ‘Em defesa da verdade’ em que comenta fala da carreira política construída ao longo dos últimos 15 anos e da acusação,   por parte de Liliane Roriz, o que chamou de “conluio político”, para, entre outros motivos, tirar o foco do Executivo das investigações da CPI da Saúde do DF.

Confira o texto postado por Celina Leão:

Em defesa da verdade

Tive oportunidade, hoje, em plenário, de fazer reflexões sobre o momento em que a Câmara Legislativa passa, nos últimos meses. Lembrei dos meus 15 anos de vida pública, sem máculas, o que é para mim, motivo de orgulho. Por essa experiência, posso falar e reafirmar que toda essa movimentação na Câmara, é política. Tenho muito orgulho de falar que minha vida pública se distanciou, e muito, da vida pública da deputada Liliane Roriz. Tive cargos públicos anteriores ao de deputada distrital e tive minha vida inteira vasculhada e nunca encontraram nada ilícito em minhas atividades, como agora.

Por essa experiência, posso falar e reafirmar que toda essa movimentação na Câmara, é política. Eu tinha de dar esclarecimentos a esta Casa porque consultei os autos e constatei que meu nome só é citado na página de número 474 desta suposta denúncia. Antes só se referia a secretários, ao governador, à mulher do governador, etc.

E nessas consultas, se antes tínhamos dois áudios, hoje temos o áudio periciado pela Polícia Civil. O que foi passado para a imprensa foi um áudio editado. E minha fala final, é de que não conversei com ninguém, de que não quero nada de nada, não vou mexer com nada, não quero nada de ninguém. Não tem nada mais afirmativo, numa conversa gravada que a frase expressa: eu não quero nada de nada. O que me causa estranheza é que em uma das falas da Liliane com o Valério, ela fala explicitamente: “eu não sabia de nada que estava acontecendo e a deputada Celina também não”. Eu não estou falando de supostas conversas, mas do que está nos autos.

Eles conseguiram camuflar a CPI da Saúde e acabar com as denúncias que haviam sobre o Executivo. Não tem nada mais contundente do que está nos autos. Isto é um conluio político.

É tão grave o que aconteceu, como a deputada Liliane Roriz dizer que a emenda no valor de R$ 30 milhões não era de autoria dela. Mas ela própria fez propaganda da emenda no Facebook dela, afirmando que o apoio dela foi fundamental para aprovar os R$ 30 milhões para a Emenda. E ela que dizia que a emenda não era de sua autoria. Eu não estava no plenário na hora da votação dessa Emenda, mas a deputada Liliane estava.

Ao longo de minha fala, destaquei que tudo isso foi uma armação e que essa Casa teve a sua honra manchada, por duas vezes, com a presença da polícia para busca e apreensão, pela mentira contínua da parlamentar. Até a denúncia da parlamentar, a Câmara tinha a melhor avaliação nos últimos 20 anos.

Depois acusaram um servidor ligado a mim, o Sandro Vieira, o qual foi acusado de ter sido visto saindo da Câmara com um computador e documentos. Foi publicada a imagem de um servidor de carreira que levava material, a qual foi atribuída ao Sandro que trabalha comigo. O servidor da foto é o Joel que trabalha há 20 anos na Câmara. Mas o despautério foi colocar na imprensa uma pessoa, usando uma máscara para falar que viu o servidor saindo com um computador. Essa pessoa que foi falar para o deputado que viu o servidor saindo com os documentos tinha, agora, de pedir desculpas ao parlamentar por ter dito uma mentira. E nos autos consta que o Sandro não saiu com nada. Assistam ao vídeo e confiram minhas colocações.

STJ

Após o avanço das investigações da PCDF e do MPDFT, os frequentes surgimentos de elementos que colocam em xeque as acusações de Liliane Roriz e dão margem a interpretação que a Justiça e os órgãos investigadores podem ter sido induzidos ao erro, com exceção de Celina Leão, os parlamentares, membros da Mesa Diretora da CLDF, conseguiram retornar aos cargos.

No entanto a Leoa teve que recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), após ter o pedido de recondução à presidência da Mesa Diretora, negado por 11 dos 20 desembargadores da Comissão Especial do Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT).

Elementos novos

Nesse sentido, vale observar, um fato recente, posterior a apresentação e recurso de Celina Leão ao STJ. Uma possível confusão por parte da PCDF e do MPDFT em relação a um dos investigados no escândalo denunciado por Liliane Roriz.

Notibrás publicou matéria na segunda-feira (1º/Nov), observando que embora o ex-assessor de Celina Leão, Sandro Vieira, fosse um dos alvos das investigações, na prática, outro assessor,  até o dia anterior, lotado no gabinete de Liliane Roriz, deveria ser o verdadeiro Sandro a ser investigado. Nesse caso, se trata de Sandro Rizzo Alves de Almeida, especialista em tecnologia da informação e suspeito de estar envolvido em investigações da Lava Jato.

Sandro Rizzo, que era lotado no gabinete de Liliane Roriz, foi exonerado, a pedido da parlamentar, pelo presidente, interino, da CLDF, Juarezão (PSB)(31/Out).

 

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