Em reunião, membros da comissão, criticam posicionamento dos parlamentares que compõem a bancada petista na CLDF de apoiar candidato do governo para a presidência de Mesa Diretora
Por Kleber Karpov
Uma nota da Comissão Executiva Regional (CER) do Partido dos Trabalhadores (PT), no DF, cria um cenário desconfortável aos deputados distritais que devem escolher nessa quinta-feira (15/Dez), a nova composição da Mesa Diretora da Câmara Legislativa do DF (CLDF). Publicada no site do Partido, a Executiva do PT-DF, se posiciona contrária a decisão dos parlamentares.
A Executiva do PT-DF, faz duras críticas à gestão do governador, Rodrigo Rollemberg (PSB), em que menciona a incapacidade do chefe do Executivo, “adotar qualquer prática de gestão que melhore a vida das pessoas”.
A nota menciona ainda que Rollemberg mente e joga a população do DF contra os servidores, além de abordar o autoritarismo do governo, socialista, ao colocar a polícia para agredir, jovens, estudantes e trabalhadores.
A Executiva do PT-DF mencionou ainda as condições em que se encontram o caos da Saúde e da Segurança Pública do DF. “A cidade assiste estarrecida ao caos na saúde, estimulado intencionalmente por este governo para justificar a privatização deste serviço. Presenciamos, também, o crescimento da violência urbana. Em todas as áreas de governo o que estamos vendo é a mais absoluta incompetência. A sensação da população é que não existe governador no DF.”.
Bancada petista
Na CLDF, a bancada petista, composta pelos deputados distritais, Wasny de Roure, Chico Vigilante e Ricardo Vale, declararam apoio ao candidato a presidente da Mesa Diretora, vinculado ao governo, Agaciel Maia (PR).
Além de Maia, Wellington Luiz (PMDB), Sandra Faraj (SD) e Joe Vale (PDT), estão entre os nomes que circulam na condição de candidatos à presidência da CLDF. Porém, em se tratando de oposição à Rollemberg, apenas o pmdebista pode ser considerado como tal, dado as relações estabelecidas entre os parlamentares com o Governador.
Sanções
Política Distrital, conversou com o presidente do PT-DF, Roberto Policarpo, sobre possíveis sanções que os parlamentares, caso votem em desacordo com a recomendação da Executiva do PF. Segundo Policarpo, a Executiva não deliberou decisão nesse sentido. “A gente não tirou a decisão de obrigação dos deputados votarem de determinada forma, foi apenas uma linha política. A executiva não quis enquadrá-los.”, disse.
Prejuízo
Policarpo, no entanto, observa que uma votação favorável ao governo causa prejuízos ao Partido. “O prejuízo que tem é político. É ruim do ponto de vista político para o partido. Mas não tem nenhum tipo de sanção caso não reavaliem a posição tomada até o momento.”, ponderou.
Ainda sobre a conversa com Policarpo, o presidente do PT local afirma que os parlamentares consideram que não é por votar em um candidato apoiado pelo governo, que os deputados que venha a conotar apoio explícito à Rollemberg.
Nos bastidores
Informações dos bastidores do PT, deixam claro que o posicionamento da Executiva do PT-DF, tenta amenizar o impacto desse prejuízo, uma vez que a cúpula petista tem conhecimento que a proposta de apoio dos distritais, partiu do próprio governador. O Partido pretende com isso, se justificar perante a população do DF e, principalmente, junto a própria militância ao que parece ser um grande contrassenso.
Opinião
Desde o início do mandato de Rollemberg, Vigilante conclama a população do DF sobre as reais condições financeiras do DF. Para isso o distrital divulga, diariamente, dados do Sistema Integrado de Gestão Governamental (SIGGO), para contrapor ao discurso do governo e demonstrar que o caos instalado no DF é decorrente de falta de gestão, sob a afirmação “Dinheiro tem, o que falta é gestão”.
Sob esse discurso, que também se estende aos demais parlamentares da base petista, sobre outras demandas da cidade, a exemplo de aumento de impostos, defendido pelo Executivo, ou ainda resolução da situação crônica da Segurança, Saúde e Educação, as duas últimas, quase sob o crivo de serem geridas por Organizações Sociais (OSs), coloca a bancada petista em posição delicada perante a sociedade.
Afinal, não se pode esquecer que o discurso de Rollemberg, responsabiliza o ex-governador, Agnelo Queiroz, petista em relação ao caos ‘herdado’ pelo atual governo. Nesse contexto o apoio explícito da bancada petista ao candidato de interesse do governo pode representar um ‘tiro no pé’.
Tentar sustentar o discurso de se defender os interesses da população, se aliando ao governo, quando os distritais lidam, todos os dias, com temas sensíveis que alcançam o Executivo, a exemplo de possíveis práticas de corrupção, gestão manipulada em prol de interesses escusos, alguns desses investigados pela própria CLDF, em Comissões Parlamentares de Inquéritos (CPIs), a exemplo do Transporte Urbano e da Saúde.
Sobre esse prisma, o PT, tem levado boas ‘bordoadas’ de toda sociedade brasileira, a incoerência com que a base petista tratou algumas questões políticas foi resultado, em grande parte, da própria dissidência dentro do partido e não seria absurdo afirmar que Dilma Rousseff, perdeu o mandato em consequência de decisões atabalhoadas.
Nesse contexto, resta as perguntas: Será que a população do DF deve voltar a assistir a Câmara Legislativa se tornar cercadinho quintal do Buriti? O DF já passou por isso e o resultado todos conhecem.
O que dizem os distritais
Política Distrital procurou os três parlamentares da bancada petista na CLDF para saber que posicionamento devem tomar após a manifestação da Executiva do PT.
Ricardo Vale foi categórico em afirmar que “A decisão está tomada sem volta. O Executiva do partido não tomou posição alguma, apenas reclamou do acordo que fizemos com o bloco do Agaciel. Isso não altera nada aqui na Câmara!”.
Os deputados Wasny de Roure e Chico Vigilante não se pronunciaram, até o momento da publicação da matéria.
Confira a nota da Executiva do PT, na íntegra:
A COMISSÃO EXECUTIVA REGIONAL DO PARTIDO DOS TRABALHADORES reunida nesta terça-feira, dia 13 de dezembro de 2016, vem a público chamar as forças progressistas e democráticas, bem como toda a sociedade do Distrito Federal para se mobilizarem pela denúncia vigorosa do descalabro, da incompetência, do autoritarismo e da irresponsabilidade que tomaram conta da nossa querida Capital a partir da posse de Rodrigo Rollemberg e seus aliados no governo distrital.
O governador já demonstrou que é incapaz de adotar qualquer prática de gestão que melhore a vida das pessoas. Continua mentindo quando joga a população contra os servidores e adota posturas próprias do autoritarismo quando coloca a polícia para agredir os jovens, os estudantes e os trabalhadores.
A cidade assiste estarrecida ao caos na saúde, estimulado intencionalmente por este governo para justificar a privatização deste serviço. Presenciamos, também, o crescimento da violência urbana. Em todas as áreas de governo o que estamos vendo é a mais absoluta incompetência. A sensação da população é que não existe governador no DF.
Foi com base nestas constatações e análises que o Diretório Regional do PT, em reunião realizada no dia 19 de novembro, decidiu: “As expressões públicas de nossa oposição devem se fazer presentes também na atuação de nossos parlamentares. Por exemplo, o debate sobre a constituição da nova mesa diretora não pode ser desconectada de nossa estratégia para a construção de alternativas à esquerda a Rodrigo Rollemberg“.
Neste sentido a Comissão Executiva Regional entende que a bancada de deputados distritais do PT adotou posição divergente das orientações partidárias ao apoiar o governador e seu candidato no processo de eleição da Mesa Diretora da Câmara Legislativa.
A Comissão Executiva não concorda com esta decisão e reitera que a postura mais coerente com o desejo da militância petista é não promover qualquer aproximação com o atual governador.
Brasília – DF, 13 de dezembro
Comissão Executiva Regional – CER
Da Redação, com informações de PT DF