Congressuanas & Esplanadumas …A reforma das mulheres…

Coluna de notas, opiniões e pitacos sobre os bastidores dos corredores dos Poderes da República



Histórico & único

A última quarta-feira, 20 de dezembro, foi uma data histórica e única da história do país. Histórica para os próximos anos, décadas e séculos. Única porque foi realmente a única vez em toda a história do Brasil, até aqui, como lembrou e destacou o presidente da República – Luiz Inácio Lula da Silva, que o Brasil aprovou um conjunto de leis, normas e regras que versam sobre o sistema de impostos e tributos do país.

A reforma das mulheres

Não à toa um dos melhores momentos da sessão do Congresso Nacional que promulgou a nova emenda à Constituição, que trata sobre essa temática tributária, foi dita pela ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB). Em suma, na sua fala, Tebet registrou àquilo que qualquer estudante de primeiro ano de ciências contábeis e ou ciências econômicas sabe: esta reforma propiciará uma pequena grande (ou grande pequena) revolução, que permitirá aos pequenos comércios e negócios do país alavancarem suas iniciativas. E como esses pequenos comércios e negócios são geridos basicamente, em sua maioria, por mulheres, esta reforma pode, sim, ser chamada de reforma das mulheres.

Pataquadas

Mas como tudo neste Brasil que convive ainda lamentavelmente com uma seita endiabrada chamada de bolsonarismo, que faz questão de se alimentar da separação, da segregação, do ódio para continuar sobrevivendo, transformou o que foi histórico e único também numa sessão de pataquadas – graças, sobretudo, aos parlamentares bolsonarentos como Nicole e companhia, que para continuarem obtendo dividendos em suas redes digitais antissociais promovem toda sorte de algazarra, balbúrdia e infâmia.

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Tapa na cara

Como o “sangue de barata” não é algo muito cultivado no ambiente parlamentar, lógico que as provocações e as pataquadas de Nicole e companhia ao presidente Lula III não seriam bem aceitos pelos parlamentares petistas. Assim, o deputado Washington Quaquá (PT-RJ), irritado com a algazarra, balbúrdia e infâmia promovido pela turba extremista promoveu cenas deploráveis. Ao ter o braço puxado por um destes extremistas, deputado Messias Donato (Republicanos-ES), no momento em que filmava a turba bolsonarenta com seu celular para representá-los no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, num ato de puro reflexo, desferiu um tapa na cara do bolsonarista capixaba – que antes de forçar um choro na tribuna do plenário Ulysses Guimarães, deu uma risadinha marota, que demonstra que o tapa foi o seu troféu para aumentar a audiência nas suas redes digitais antissociais.

Inominável

As pataquadas promovidas pela turma da Nicole e companhia com a ajuda do petista Quaquá, todos aliás com novas denúncias apresentadas ao Conselho de Ética da Câmara de parte a parte, são apenas consequências do desastre que foi ter na Presidência da República nos últimos quatro anos uma figura inconsequente, inominável, irresponsável, admiradora de torturador e um notório defensor de regimes autocratas de direita. Sem o inominável Jair Messias Bolsonaro (PL) nenhuma destas tristes figuras como Nicole e companhia existiriam no cenário político tupiniquim. E isso precisa ficar registrado!

Inominável 2

Tanto é que o inominável se tornou letra pelas mãos do letrista, poeta, produtor artístico e jornalista Carlos Rennó, embalou musicalmente as eleições de 2022, graças aos ritmos dados pelos musicistas e cantores Chico Brown e Pedro Luís e ganhou vida quando cantado pela nata da inteligência brasileira, com nomes que vão de Wagner Moura, Bruno Gagliasso, Lenine, Zélia Duncan, Chico César, Paulinho Moska, Marina Lima, Mônica Salmaso, do professor Pasquale Cipro Netto, dentre outros.

Inacreditável

“‘Sou a favor da ditadura’, disse ele / ‘Do pau de arara e da tortura’, concluiu / ‘Mas o regime, mais do que ter torturado / Tinha que ter matado trinta mil’ / E em contradita ao que afirmou, na caradura / Disse: ‘Não houve ditadura no país’ / E no real, o incrível, o inacreditável / Entrou que nem um pesadelo, infeliz / Ao som raivoso de uma voz inconfiável / Que diz e mente e se desmente e se desdiz.”

Ataque aos negros

“Disse que num quilombo ‘os afrodescendentes / Pesavam sete arrobas’ – e daí pra mais / Que ‘não serviam nem pra procriar’ / Como se fôssemos, nós negros, animais / E ainda insiste que não é racista / E que racismo não existe no país / Como é possível, como é aceitável / Que tal se diga e fique impune quem o diz? / Tamanha injúria não inocentável / Quem a julgou, que júri, que juiz?”

Ataque aos indígenas

“Disse que agora ‘o índio está evoluindo / Cada vez mais é um ser humano igual a nós / Mas isolado é como um bicho no zoológico’ / E decretou e declarou de viva voz / ‘Nem um centímetro a mais de terra indígena! / Que nela jaz muita riqueza pro país’ / Se pronuncia assim o impronunciável / Tal qual o nome que tal ‘hino’ nunca diz / Do inumano ser, o ser inominável / Do qual emanam mil pronunciamentos vis.”

Ataque às mulheres e a comunidade LGBTQIA+

“Disse que se tivesse um filho homossexual / Preferiria que o progênito ‘morresse’ / Pruma mulher disse que não a estupraria / Porque ‘você é feia, não merece’ / E ainda disse que a mulher, ‘porque engravida’ / ‘Deve ganhar menos que o homem’ no país / Por tal conduta e atitude deplorável / Sempre o comparam com alguns quadrúpedes / Uma maldade, uma injustiça inaceitável! / Tais animais são mais afáveis e gentis.”

Refrão

Para resumir a bela letra e canção, o refrão resume o que é e o que será do Brasil após tal período de destruição ao qual passamos no quadriênio 2018-2022: “Mas quem dirá que não é mais imaginável / Erguer de novo das ruínas o país?”

Ataque ao meio ambiente

“Chamou o tema ambiental de ‘importante / Só pra vegano que só come vegetal’ / Chamou de ‘mentirosos’ dados científicos / Do aumento do desmatamento florestal / Disse que ‘a Amazônia segue intocada / Praticamente preservada no país’ / E assim negou e renegou o inegável / As evidências que a Ciência vê e diz / Da derrubada e da queimada comprovável / Pelas imagens de satélites.”

Elogio da violência

“E proclamou : ‘Policial tem que matar / Tem que matar, senão não é policial / Matar com dez ou trinta tiros o bandido / Pois criminoso é um ser humano anormal / Matar uns quinze ou vinte e ser condecorado / Não processado’ e condenado no país / Por essa fala inflexível, inflamável / Que só a morte, a violência e o mal bendiz / Por tal discurso de ódio, odiável / O que resolve são canhões, revólveres.”

Desejo pela morte

“‘A minha especialidade é matar / Sou capitão do exército’, assim grunhiu / E induziu o brasileiro a se armar / Que ‘todo mundo, pô, tem que comprar fuzil’ / Pois ‘povo armado não será escravizado’ / Numa cruzada pela morte no país / E num desprezo pela vida inolvidável / Que nem quando lotavam UTIs / E o número de mortos era inumerável / Disse ‘E daí? Não sou coveiro’. ‘E daí?’

Desprezo pelos livros

“‘Os livros são hoje ‘um montão de amontoado’ / De muita coisa escrita’, veio a declarar / Tentou dizer ‘conclamo’ e disse ‘eu canclomo’ / Não sabe conjugar o verbo “concl…amar” / Clamou que ‘no Brasil tem professor demais’ / Tal qual um imbecil pra imbecis.”

Império dos ignorantes

“Vigora agora o que não é ignorável / Os ignorantes ora imperam no país / (O que era antes, ó pensantes, impensável)… / Quem é essa gente que não sabe o que diz? / Mas quem dirá que não é mais imaginável / Erguer de novo das ruínas o país?”

Ódio em estado puro

“Chamou de ‘herói’ um coronel torturador / E um capitão miliciano e assassino / Chamou de ‘escória’ bolivianos, haitianos… / De ‘paraíba’ e ‘pau de arara’ o nordestino / E diz que ‘ser patrão aqui é uma desgraça’ / E diz que ‘fome ninguém passa no país’ / Tal qual num filme de terror, inenarrável / Em que a verdade não importa nem se diz / Desenrolou-se, incontível, incontável / Um rol idiota de chacotas e pitis.”

Negacionista

“Disse que mera ‘fantasia’ era o vírus / E “histeria” a reação à pandemia / Que brasileiro ‘pula e nada no esgoto / Não pega nada’, então também não pegaria / O que chamou de ‘gripezinha’ e receitou (sim!) / Sim, cloroquina, e não vacina, pro país.”

Sonho de ditador

“E assim sem ter que pôr à prova o improvável / Um ditador tampouco põe pingo nos is / E nem responde, falador irresponsável / Por todo ato ou toda fala pros Brasis.”

Pesadelo nazifascista

“E repetiu o mote ‘Deus, pátria e família’ / Do integralismo e da Itália do fascismo / Colando ao lema uma suspeita ‘liberdade’… / Tal qual tinha parodiado do nazismo / O slogan ‘Alemanha acima de tudo’ / Pondo ao invés ‘Brasil’ no nome do país. E qual num sonho horroroso, detestável / A gente viu sem crer o que não quer nem quis / Comemorarem o que não é memorável / Como sinistras, tristes efemérides…”

O absurdo do absurdo

“Já declarou: ‘Quem queira vir para o Brasil / Pra fazer sexo com mulher, fique à vontade / Nós não podemos promover turismo gay / Temos famílias’, disse com moralidade / E já gritou um dia: ‘Toda minoria / Tem de curvar-se à maioria!’ no país / E assim o incrível, o inacreditável / Se torna natural, quanto mais se rediz / E a intolerância, essa sim intolerável / Nessa figura dá chiliques mis / Mas quem dirá que não é mais imaginável / Erguer de novo das ruínas o país?”

Política na latrina

“Por vezes saem, caem, soam como fezes / Da sua boca cada som, cada sentença… / É um nonsense, é um caô, umas fake-news / É um libelo leviano ou uma ofensa / Porque mal pensa no que diz, porque mal pensa / ‘Não falo mais com a imprensa’, um dia diz / Mas de fanáticos a horda lamentável / Que louva a volta à ditadura no país / A turba cega-surda surta, insuportável / E grita ‘mito!’, ‘eu autorizo!’, e pede ‘bis!’”

Política escatológica

E disse ‘merda, bosta, porra, putaria / Filho da puta, puta que pariu, caguei!’ / E a cada internação tratando do intestino / E a cada termo grosso e um ‘Talquei?’ / O cheiro podre da sua retórica / Escatológica se espalha no país / ‘Sou imorrível, incomível e imbrochável’ / Já se gabou em sua tão caracterís- / Tica linguagem baixo nível, reprovável / Esse boçal ignaro, rei de mimimis.”

Desprezo à vida

“Mas nada disse de Moise Kabagambe / O jovem congolês que foi aqui linchado / Do caso Evaldo Rosa, preto, musicista / Com a família no automóvel baleado / Disse que a tropa ‘não matou ninguém’, somente / ‘Foi um incidente’ oitenta tiros de fuzis… / ‘O exército é do povo e não foi responsável’ / Falou o homem da gravata de fuzis / Que é bem provável ser-lhe a vida descartável / Sendo de negro ou de imigrante no país.”

Falhou no golpe

“Bradou que ‘o presidente já não cumprirá / Mais decisão’ do magistrado do Supremo / Ao qual se dirigiu xingando: ‘Seu canalha!’ / Mas acuado recuou do tom extremo / E em nota disse: ‘Nunca tive intenção / (Não!) De agredir quaisquer Poderes’ do país / Falhou o golpe mas safou-se o impeachável / Machão cagão de atos pusilânimes / O que talvez se ache algum herói da Marvel / Mas que tá mais pra algum bandido de gibis / Mas quem dirá que não é mais imaginável / Erguer de novo das ruínas o país?”

Eructação e flatulência

“E sugeriu pra poluição ambiental / “É só fazer cocô, dia sim, dia não” / E pra quem sugeriu feijão e não fuzil / ‘Querem comida? Então, dá tiro de feijão’ / É sem preparo, sem noção, sem compostura / Sua postura com o posto não condiz / No entanto ‘chega! […] vai agora [inominável]’ / Cravou o maior poeta vivo, no país / E ecoou o coro ‘fora, [inominável]!’ / E o panelaço das janelas nas metrópoles!”

Devaneios e delírios

“E numa live de golpista prometeu / ‘Sem voto impresso não haverá eleição!’ / E praguejou pra jornalistas: ‘Cala a boca! / Vocês são uma raça em extinção!’ / E no seu tosco português ele não pára / Dispara sempre um disparate o que maldiz / Hoje um mal-dito dito dele é deletável / Pelo Insta, Face, YouTube e Twitter no país / Mas para nós, mais do que um post, é enquadrável / O impostor que com o posto não condiz / Disse que não aceitará o resultado / Se derrotado na eleição da nossa história / E: ‘Eu tenho três alternativas pro futuro: Ou estar preso, ou ser morto ou a vitória’ / Porque ‘somente Deus me tira da cadeira / De presidente’ (‘Oh Deus proteja esse país!’) / Tivéssemos um parlamento confiável / Sem x comparsas seus cupinchas, cúmplices / E seu impeachment seria inescapável / Com n inquéritos, pedidos, CPIs.”

“Não há cortina de fumaça indevassÁvel”

“Que encubra o crime desses tempos inci-vis / E tampe o sol que vem com o dia inadiÁvel / E brilha agora qual farol na noite gris / É a esperança que renasce onde HÁ véu / De um horizonte menos cinza e mais feliz / É a passagem muito além do instagramÁvel / Do pesadelo à utopia por um triz / No instante crucial de liberdade instÁvel / Pros democráticos de fato, equânimes / Com a missão difícil mas realizável / De erguer das cinzas como fênix o país / E quem dirá que não é mais imaginável / Erguer de novo das ruínas o país?  Mas quem dirá que não é mais imaginável / Erguer de novo das ruínas o país?”



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