Conheça os seis pecados do imigrante brasileiro quando chega aos Estados Unidos



Por Daniel Toledo

Você sabia que a quantidade de brasileiros que vive hoje nos Estados Unidos é quase a população inteira de Curitiba? De acordo com o Ministério das Relações Exteriores e o IBGE, em 2020, havia 1,8 milhão de brasileiros vivendo por lá, enquanto a capital do Paraná possui 1,9 milhão de habitantes. Até 2018, o aumento por ano era menor, somando 1,6 naquele ano. Mas, durante a pandemia, subiu 200 mil pessoas, sendo assim um crescimento de 19%.

Em 2022, muitos deles passam por questões financeiras, como créditos hipotecários que não estão conseguindo pagar, por exemplo. Mas, além dos problemas pontuais decorrentes de mudanças políticas e crises globais, há desconfortos que estão nesse pacote da imigração há décadas e que podem ser evitados com alguns cuidados especiais.

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O advogado Daniel Toledo, que atua na área do Direito Internacional, fundador da Toledo e Associados e sócio do LeeToledo PLLC, citou seis pecados do imigrante brasileiro. São eles:

1 – Choque de Realidade do Imigrante

Muita gente chega e se fecha em sua casa. Depois, faz um amigo brasileiro no condomínio que, muitas vezes, não faria no Brasil. Isso porque está com medo, precisa de informação, saber onde é o mercado, entre outras coisas simples da rotina. Então, ao invés de buscar esses dados num local seguro, quer se aproximar das pessoas para pegar migalhas de um e de outro – é quando a cabeça vira uma confusão. Tudo isso por medo de se estruturar, de buscar informação no lugar certo e até de contratar alguém para trazer essa informação a ele. Medo de assumir responsabilidades.

“Eu tive clientes que vieram com visto estampado para os Estados Unidos, com 500 mil dólares na conta, mas torraram 200 mil porque não sabiam o que fazer. Ficavam com medo de pôr dinheiro num ou outro lugar e perder. E tem aluguel, prestação de carro, seguro… Doze meses depois, foram 200 mil dólares queimados. Não era mais fácil ter arriscado? Pelo menos, se fosse perder, seria algo que poderia recuperar e teria uma chance de dar certo. Mas, desse jeito, eram 100% de chance de dar errado. Por medo, falta de orientação e de vontade de contratar alguém para dar um rumo empresarial para eles”, conta.

2 – Super empolgação do imigrante quando chega

Às vezes, as pessoas vão para os Estados Unidos com tudo certo (visto, empresa e outros), mas se empolgam, assinam Amazon TV, Apple TV e tantas outras possibilidades, o que vai consumindo o dinheiro que está na conta do banco. “Há quem faça tudo pela Amazon e coloque as contas em débito automático, para não se preocupar com luz, telefones e essas coisas… Às vezes, as pessoas acreditam que gastaram 2 mil, mas na verdade a conta passou dos 5. Ao invés de alugar, por exemplo, um apartamento ou casa de dois dormitórios para família, para começar, escolhe um de três, pensando em visitas. Isso significa pagar todo mês um espaço a mais que sua sogra, seu amigo ou seu irmão que vão usar duas vezes ao ano. Vale lembrar que isso significa custo de manutenção extra, produto de limpeza e luz. Quando se chega, o ideal é gastar apenas o necessário”, exemplifica o advogado.

3 – Falta de planejamento familiar de imigrantes

“O brasileiro está acostumado com o brasileiro. Então, ele sabe que contar para alguém que tem um pouco mais de dinheiro e quer ir para outro país, vão pedir emprestado ou arrumar uma maneira de ter acesso àquilo. Por esse motivo, se fecham dentro do seu próprio mundo e optam por fazer o planejamento sem ajuda”, destaca Daniel.

O problema é que, ao fazer isso, chegam a não contar para os próprios filhos com a antecedência necessária, por medo de passarem para frente. Assim, essas crianças e adolescentes não são preparados devidamente em inglês, não as colocam para se familiarizar com a língua e a cultura, nunca levaram esse filho para os Estados Unidos e o impacto pode ser muito grande. Dependendo da idade – porque são principalmente os jovens que têm mais dificuldade de se adaptar – acaba sendo um problema.

Qualquer mudança gera desconfortos, e junto com essa novidade vem uma série de providencias a serem tomadas como arrumar móvel, casa, decoração, esperar a aprovação de associação de condomínio, aprovar visto, iniciar um negócio do zero e tudo o mais. É preciso se adaptar a uma série de situações. Os filhos vão estudar em uma escola americana, espanhola ou portuguesa e vão sentir diferenças, seja por timidez, adaptação, leitura ou gramática. São pequenas coisas que, quando juntas se tornam grandes. E se a pessoa não tem essa preparação e estrutura, principalmente emocional e psicológica, pode colocar tudo a perder.

4 – Participar de Grupos de imigrantes

Existem muitos grupos de imigrantes, principalmente de Facebook e de WhatsApp. Na verdade, a maioria desses grupos tem um único propósito: marketing. Acaba sendo um espaço de uma pessoa indicando a outra. “Eu comecei a perceber uma série de coisas, pois eu fazia parte de alguns, e saí de um monte deles. Eu percebi que a intenção das pessoas ali não era ter informação real, algo que somente um profissional poderia dar suporte. Elas queriam uma dica, na maioria das vezes sobre o mais barato e não o melhor”, explica o especialista.

Ele conta que a maioria das pessoas que está nesses grupos acabou de chegar ou está pensando em ir, e em boa parte dos casos não tem conhecimento e repassam inclusive informações incorretas. “Cuidado para não perder o foco. Se um profissional que você contratou diz qual é o caminho, é porque já mora há muitos anos nos Estados Unidos, conhece todo o mercado, passou por coisas, cometeu erros e acertos e isso impacta diretamente os resultados”, acrescenta.

5 – Falta de planejamento dos imigrantes antes de mudar para os Estados Unidos

Existe muita gente querendo sair do Brasil no desespero, porque teve um problema na empresa, sofreu algum tipo de violência, foi demitido ou se aposentou. “Eu já vi muitas histórias acontecerem e eu percebo que a maioria retorna ao seu país de origem – e eu não estou falando só de brasileiros – é por falta de planejamento. As pessoas calcularam mal, se estruturam mal, não pensam em custo de vida, valor da viagem, quanto vai ter que investir na empresa, quanto vai pagar por essa orientação técnica profissional etc. As pessoas não colocam isso na conta e começam a vir uma série de outras coisas”, lamenta.

Junto com isso, vem a ansiedade e o desconforto. As variáveis são muitas: filhos que não se adaptam rapidamente, dificuldade com a língua, adaptação da conversão de moeda – e tudo isso precisa ser planejado.

6 – Descontrole Emocional dos Imigrantes

É normal que, com tanta pressão e mudanças, muita gente acabe agindo na emoção e não pense no que pode vir depois. “Vi gente que, no desespero, disse que queria demitir todos os funcionários da empresa. ‘Mas você está com visto L1, você vai perder o visto…’. Vejo também muitos criando atrito com as pessoas por aqui sem pensar no depois.

Muitas coisas podem impactar o lado emocional. “As mesmas pessoas que pressionam alguém a tomar uma decisão ‘pra ontem’ esquecem que você poderia dar um resultado muito melhor se pudesse pensar por um ou dois dias. Então, aprenda você mesmo a impor esses limites, para tomar a decisão mais acertada e equilibrada”, aconselha Toledo.

Daniel Toledo é advogado da Toledo e Advogados Associados especializado em Direito Internacional, consultor de negócios internacionais, palestrante e sócio da LeeToledo PLLC. Para mais informações, acesse: http://www.toledoeassociados.com.br. Toledo também possui um canal no YouTube com mais 163 mil seguidores https://www.youtube.com/danieltoledoeassociados com dicas para quem deseja morar, trabalhar ou empreender internacionalmente. Ele também é membro efetivo da Comissão de Relações Internacionais da OAB Santos, professor honorário da Universidade Oxford – Reino Unido e consultor em protocolos diplomáticos do Instituto Americano de Diplomacia e Direitos Humanos USIDHR.

 



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