Consulta pública de vacinação em crianças abre e apresenta falhas

O Ministério da Saúde precisou disponibilizar um segundo questionário on-line para resolver os erros da plataforma



A consulta pública sobre vacinação de crianças de 5 a 11 anos teve início na noite desta quinta-feira (23/12) e já apresentou falhas. Ao tentar finalizar o preenchimento do formulário on-line, o internauta visualizava a mensagem: “pesquisa já atingiu o número máximo de respostas”.

Alguns minutos após internautas reclamarem do erro, o Ministério da Saúde abriu um segundo questionário, para que as perguntas pudessem ser aceitas. A reportagem perguntou ao Ministério da Saúde o que causou o erro na consulta pública, mas até a última atualização desta reportagem não obteve resposta. O espaço segue aberto.

O questionário on-line está previsto para permanecer no ar até o dia 2 de janeiro. Como antecipou o Metrópoles, a vacinação contra a Covid-19 para brasileiros de 5 a 11 anos será liberada a partir do próximo dia 10. De acordo com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, os pais dos crianças vão precisar apresentar um atestado médico para realizar a imunização do grupo etário.

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O filho do presidente Jair Bolsonaro (PL) e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL/SP) reclamou do erro apresentado no site do Ministério da Saúde. “Fui opinar na consulta pública e fui informado que o número máximo de pessoas já havia preenchido o formulário. Vou tentar de novo”, disse o parlamentar.

Ao Metrópoles, a médica infectologista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, Raquel Stucchi, comentou que também teve problemas na plataforma.

“Ao terminar o preenchimento, cliquei em ‘Enviar’ e meu formulário não foi enviado. A mensagem que apareceu, foi que o número máximo de pessoas já respondeu. A consulta pública tem limite de participação? Não seria até dia 02 [ de janeiro] ? Há seriedade neste processo?”, questionou a infectologista.

De acordo com a especialista, além do formulário apresentar problemas técnicos, ele foi redigido para induzir o cidadão ao erro, já que as perguntas estão com “negativas”. “Quem elabora prova sabe que não se deve fazer questões com frases negativas”, defendeu a especialista.

Perguntas dúbias

De acordo com especialistas, a consulta pública não é a melhor maneira de avaliar uma política pública de vacinação porque a população não tem conhecimento científico sobre o assunto. O ideal seria escutar médicos, estudiosos e técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que já atestaram a segurança da vacinação de crianças.

Os cientistas também alertaram que o formulário apresenta informações dúbias. Após responder informações pessoais — como nome, documentos, e em qual qualificação o cidadão está preenchendo a pesquisa –, a pessoa é direcionada para a página com as seguintes perguntas:

1. Você concorda com a vacinação em crianças de 5 a 11 anos de forma não compulsória conforme propõe o Ministério da Saúde?

2. Você concorda com a priorização, no Programa Nacional de Imunização, de crianças de 5 a 11 anos com comorbidades consideradas de risco para COVID-19 grave e aquelas com deficiência permanente para iniciarem a vacinação?

3. Você concorda que o benefício da vacinação contra a COVID-19 para crianças de 5 a 11 anos deve ser analisado, caso a caso, sendo importante a apresentação do termo de assentimento dos pais ou responsáveis?

4. Você concorda que o benefício da vacinação contra a COVID-19 para crianças de 5 a 11 anos deve ser analisado, caso a caso, sendo importante a prescrição da vacina pelos pediatras ou médico que acompanham as crianças?

5. Você concorda com a não obrigatoriedade da apresentação de carteira de vacinação para que as crianças frequentem as escolas ou outros estabelecimentos comerciais?

A vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19, com o imunizante da Pfizer, foi autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) há uma semana.

De acordo com a agência reguladora, a dosagem do imunizante será pediátrica, e o frasco terá cor diferenciada da fórmula para adultos. Apesar da autorização, cabe ao governo federal adquirir as doses e incluir crianças no Programa Nacional de Imunizações (PNI).

O assunto já foi rejeitado, em diversas ocasiões, pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). Além disso, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, defende que o tema não é consensual. Mesmo com respaldo científico da Anvisa, de entidades médicas e da Câmara Técnica que assessora o Ministério da Saúde, Queiroga acredita que a imunização das crianças ainda deve ser debatida.



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FONTEMetropoles
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