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22 dez 2024 21:55


Covid-19 se torna ameaça, também, para crianças e jovens

Por Gutemberg Fialho

Ao contrário da primeira onda da covid-19, agora, bebês, crianças e jovens também estão sendo atingidos pela doença. As variantes do vírus, mais transmissíveis e agressivas, têm feito com que os casos infecção nesses pacientes se tornem mais comuns: o que levou, inclusive, o Hospital Materno-Infantil de Brasília (HMIB) a virar referência, em meados de março deste ano, para atendimento pediátrico em casos da doença. Assim, o Hospital Regional da Asa Norte (HRAN) passa a atender somente adultos. A situação serve de alerta para pais e/ou responsáveis.

Segundo dados do último Boletim Interno do HMIB, do dia 9 de março do ano passado até o dia 13 deste mês, foram notificados 3.613 casos suspeitos de covid-19 na unidade. Desses 320 pacientes foram confirmados para o novo coronavírus: a maioria deles, surpreendentemente, bebês menores de 1 ano, um total de 107 (33,5%). Em segundo lugar, crianças de 1 até 5 anos, com 79 (24,7%) casos registrados.

Apenas em março deste ano, o HMIB teve 40 pacientes que positivaram para a doença (88% casos em crianças e 12% em gestantes e puérperas). Do número de crianças internadas com suspeita de covid-19, 16 pacientes foram confirmados, 22 dos casos foram inconclusivos e três foram a óbito.

Em todo o País, segundo dados do DataSUS até o dia 8 de março, desde o primeiro caso confirmado e registrado de covid-19, no ano passado, 779 crianças com até doze anos morreram vítimas da doença. Ou seja, a doença é uma ameaça, sim, aos pequenos. E devemos estar atentos. O perfil da doença mudou e é preciso estar consciente de que todo cuidado é pouco, em especial àqueles que frequentam presencialmente as aulas. Os pais devem cobrar das escolas que mantenham em dia todo o protocolo de segurança relacionado à doença.

Outro ponto para os pais ficarem atentos é a Síndrome Inflamatória Multissistêmica (MIS-C), que pode acometer crianças e adolescentes que já tiveram covid-19, ainda que assintomáticas. A síndrome pode ser grave, causando inflamações em todo organismo na tentativa de defesa contra o novo coronavírus. No DF, em 2020, a SES-DF registrou 45 casos da doença. Apenas no HMIB, 12 pacientes com a doença estiveram internados para tratamento.

E, ao mesmo passo em que a covid-19 avança, nesta época do ano, são comuns em crianças (em especial as menores de 1 ano) as doenças respiratórias, cujos sintomas se parecem com os do novo coronavírus, o que pode confundir os pais. Por isso, é importante estar atento. Segundo pediatras, para pais de menores de 1 ano – que não podem usar máscaras -, os cuidados devem ser redobrados: sempre lavar as mãos, em especial para tocar os bebês, fazer o uso de máscara, evitar aglomerações e utilizar o álcool em gel.

Como médico, indico que os pais fiquem de olho nos seus filhos. Há vacinas em teste contra a covid-19 para as crianças e adolescentes menores de 18 anos, mas ainda sem resultados concretos. Além dos números oficiais, o que sei, por outros colegas, é que a transmissibilidade das novas variantes é assustadora. E, portanto, essa doença – que por si só já é uma grande ameaça – revela sua capacidade de se renovar e atingir até aqueles que sequer podem responder por seus atos. Cuidemos das nossas crianças. O novo coronavírus não é brincadeira.

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