CPI da Covid: “Ministério paralelo” ditava quem ia morrer e quem ia viver, diz Aziz

Presidente da CPI reagiu ao vídeo divulgado com exclusividade pelo Metrópoles que atesta a existência de um gabinete paralelo na pandemia



Por Victor Fuzeira

O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), se pronunciou, nesta sexta-feira (4/6), sobre a reportagem divulgada pelo Metrópoles que comprova a existência de um “ministério paralelo” no governo federal para o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus.

Em vídeo enviado à reportagem, Aziz afirma que o conteúdo corrobora algo já levantado pelo colegiado, de que o grupo em questão era o responsável por instruir o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre as medidas de combate à crise sanitária.

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O presidente da CPI da Covid afirma que o gabinete paralelo “é responsável pelas vidas de muitas pessoas que foram perdidas para a Covid-19”. “O gabinete paralelo ditava a tua saúde, a minha saúde; quem ia morrer e quem ia viver. Isso é o saldo que nós temos hoje”, frisou.

“Neste momento, muitos brasileiros estão estarrecidos quando olham um vídeo desses. Nós, que estamos na CPI, já sabíamos que existia um gabinete paralelo. [O vídeo é] Uma prova maior ainda que ele existe e, o pior de tudo, que no dia 8 de setembro tanto a Pfizer quanto o Butantan já tinham oferecido vacinas para o Brasil, e o Brasil não respondeu. Até dezembro, foram mais de 53 e-mails mandados ao Ministério da Saúde pela Pfizer, e não responderam”, acrescentou.

O senador voltou a criticar a postura do mandatário do país. E classificou os ataques de Bolsonaro como “desespero”. “Esse é o desespero do presidente, quando me agride, agride a minha família. Fala inverdades e manda robôs atacar quem está descobrindo a verdade.”

“Pode atacar a gente, pode atacar a CPI. Não vão nos derrubar. Estamos botando fatos, e fatos verdadeiros, e um deles é esse, em que, pasmem, senhores e senhoras, o ministro da Saúde não está presente. O ministro, que tem que implementar a política macro no Brasil sobre saúde para evitar mortes, não está presente”, disse.

O parlamentar afirmou que os ataques que sofre de apoiadores do mandatário da República não vão lhe “tirar um milímetro [da postura] de falar e descobrir a verdade”. “Nós estamos chegando”, finalizou Aziz, que preside o colegiado.

“Ministério paralelo”

Imagens obtidas pelo Metrópoles e divulgadas nesta sexta mostram o aconselhamento do chamado “ministério paralelo” sendo feito diretamente ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) – com trechos explícitos de ressalvas à aplicação de vacinas. Trechos de uma reunião, ocorrida em 8 de setembro, também confirmam que Arthur Weintraub intermediava os contatos entre o grupo e o Palácio do Planalto.

Entre os participantes do encontro, estão a imunologista Nise Yamaguchi, o deputado Osmar Terra, o virologista Paolo Zanoto e outros médicos de diversas especialidades. Confinados em uma sala de reuniões do Planalto, nenhum dos profissionais usa máscara.

As imagens também apontam Osmar Terra como o cacique intelectual do grupo. “Uma honra trabalhar com o senhor neste período”, disse Nise Yamaguchi ao deputado. Na CPI da Pandemia, a médica negou a existência de um gabinete paralelo e disse que prestava apenas “aconselhamento”.

Tratado com deferência especial, Paolo Zanoto parece ter intimidade com Bolsonaro. O chefe do Executivo faz questão de que o virologista saia da plateia e se sente ao seu lado. Para cumprimentá-lo, o presidente da República bate continência.

Na ocasião, Zanoto aconselha o mandatário a tomar “extremo cuidado” com imunizantes contra a Covid-19. “Não tem condição de qualquer vacina estar realisticamente na fase 3”, diz. Na data do encontro, e-mails da Pfizer estavam sem resposta nos computadores do Ministério da Saúde.

A orientação antivacina prossegue. “Com todo respeito, eu acho que a gente tem de ter vacina, ou talvez não”, pontua o virologista, enquanto uma médica balança a cabeça de forma negativa. Zanoto baseia sua argumentação em um suposto problema do coronavírus no desenvolvimento vacinal, sem apresentar qualquer evidência.

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FONTEMetrópoles
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