Crise na Saúde do DF: Caos é reflexo de omissão do Estado



Por muito menos outros secretários de saúde, foram exonerados. Será que governador do DF aguarda uma intervenção federal?

Por Kleber Karpov

Quem acompanha a Saúde do DF, talvez ainda se lembre do motivo da exoneração do ex-secretário de Estado de Saúde do DF (SES-DF), Elias Miziara, em 21 de agosto de 2014, na gestão do ex-governador do DF, Agnelo Queiroz (PT). À época, Miziara declarou, em entrevista ao jornal, Bom Dia DF que a população tinha um “mau hábito” de procurar as emergências dos hospitais à noite.

Desde então, a Saúde, apenas piorou. Que o digam, os representantes de entidades sindicais que acumulam reclamações de falta equipamentos, medicamentos, insumos, roupas, profissionais, manutenções, enfim, que os profissionais de saúde são obrigados a atender, sem a mínima condição de trabalho.

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Enquanto o problema atenua e ganha proporções perigosa, algumas ações ou inércia na gestão da Saúde remontam a uma velha teoria, do sucateamento deliberado da Saúde, que com interesses escusos, pode estar patrocinando os problemas. A finalidade? Certamente, as entidades sindicais, os parlamentares e o próprio Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) devem saber dizer, sem pestanejar.

Porém, esses mesmos personagens há muito alertam sobre a consequência de se deixar a saúde chegar ao ponto em que chegou. A exemplo do que dizem, o presidente do Sindicato dos Médicos do DF (SINDMÉDICO-DF), Gutemberg Fialho, ou ainda o vice-presidente do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem do DF (SINDATE-DF), Jorge Vianna, são categóricos em afirmar que as pessoas estão morrendo nas unidades de Saúde do DF, por mortes evitáveis.

Em uma semana

A falta de gestão por parte da SES-DF parece não ter fim, processos são mudados, alterados ou descontinuados a todo momento, a logística de aquisições, parecem estar sempre atrasadas ou mal planejadas e o governador do DF, parece assistir a tudo isso, como se nada estivesse acontecendo. Para ilustrar o caso, apenas nos últimos sete dias, alguns casos, chamaram a atenção da imprensa.

Tomógrafo escondido no HBDF

No Hospital de Base do DF (HBDF), após denúncia do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Saúde do DF (SINDSAÚDE-DF), o presidente da CPI da Saúde do DF, da Câmara Legislativa do DF (CLDF), Wellington Luiz (PMDB), fez uma diligência no HBDF onde ‘encontrou’ um tomógrafo, desmontando, deliberadamente acondicionado atrás de uma ‘parede falsa’, em local de trânsito restrito aos  servidores do Hospital.

E o mais grave, a direção do hospital, alegou não ter conhecimento da existência do aparelho, conforme informações veiculadas na imprensa. Em outras ocasiões, o próprio o ex-secretário de Saúde, Fábio Gondim, saberia pontuar os equipamentos parados naquela ou em outras unidades de Saúde do DF, como o fez, inclusive em audiências públicas realizadas na CLDF, na Câmara dos Deputados ou no Senado Federal.

 

Elevadores no Hospital de Samambaia

Outro caso que chamou atenção foi denunciado por servidores e mostrado pelo diretor do SINDATE-DF, Newton Batista. No Hospital Regional de Samambaia (HRSam), pacientes em estado grave; em pós-cirúrgicos; gestantes ou mães no pós-partos, são transportados, pelas escadas, entre os andares, em macas duras.

Esses pacientes são transportados por profissionais de Saúde, escalados com horas extras, para fazer esse ‘traslado’. Isso porque os elevadores da unidade estão quebrados.

Falta de tomógrafo no Hospital de Santa Maria

Um dos motivos do apoio da população de Santa Maria à greve dos servidores é a cobrança de estrutura para os pacientes. No Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), durante a mobilização dos profissionais de Saúde, uma das cobranças dos trabalhadores era a manutenção do tomógrafo da unidade, parado há mais de um ano. Mas a cobrança de mamógrafos e da reativação da pediatria no Hospital também não foram esquecidas pelos trabalhadores.

Raio X no HRT

No Hospital Regional de Taguatinga (HRT) o problema assustou. Isso porque em tese a unidade está utilizando o que deve vir a ser a solução para acabar com a falta de filmes de revelação de exames de Raio X. No HRT o exame já está digitalizado, porém, servidores denunciaram que, por falta de pagamento, a unidade, teve o serviço suspenso.

Embora, nesse caso em específico, a SES-DF, por meio da Assessoria de Comunicação (ASCOM)  tenha contestado a denúncia sobre eventual suspensão do serviço. “Ocorre que os equipamentos, que são digitalizados, estavam em fase de instalação, de forma progressiva. Durante esta instalação, a licença de software era de 10 dias e acabou expirando antes da conclusão do procedimento, o que afetou dois computadores – outros quatro se mantiveram em perfeito funcionamento.”.

Mas não é de se estranhar…

Até recentemente, o próprio governador do DF, que há mais de um ano afirma que o Hospital da Criança de Brasília (HCB) é uma referência em gestão de unidades de Saúde, por meio de Organizações Sociais (OSs), mas desconhecia a fila do Sistema de Regulação (SISREG) com quase 17 mil crianças aguardando atendimento, somente naquele hospital.

Intervenção

As perguntas que políticos, gestores, servidores e pacientes têm feito são: Como o governo mantém um secretário que deixou as unidades chegarem a esse ponto? Será que o governador e o secretário estão sucateando a rede, apenas para justificar a implantação de OSs?

Enquanto o governo não age para mostrar o contrário, embora, fontes palacianas, apontem, que a permanência do secretário de Saúde, Humberto Lucena de Fonseca, só continua porque Rollemberg, não conseguiu nomes de gestores que se prontifiquem a substituí-lo, a manutenção do caos, pode custar muito caro para Rollemberg. Pois a cada dia, ganha mais força o clamor por uma eventual intervenção federal no DF.

Em tempo

O discurso que a gestão herdou uma  herança maldita, de R$ 4 bilhões, pode não colar. Afinal, quem acompanha a Saúde do DF, há algum tempo, no que tangem a exoneração de Miziara, vai se lembrar de episódios em que pacientes eram atendidos no chão do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), que havia falta de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI), que os hospitais regionais do Gama (HRG) e de Santa Maria (HRSM), já sofriam com a falta de pediatras.



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