Cristiano Araújo sai em defesa das Organizações Sociais?



No mesmo dia em que o presidente do Conselho de Saúde do DF entregou o relatório com as diretrizes da 9ª Conferência de Saúde que estabelece a Saúde Pública do DF, 100% SUS, distrital sugere em reunião a adoção das OSs por modelo de gestão da Saúde do DF.

Por Kleber Karpov

Um áudio atribuído ao deputado distrital, Cristiano Araújo (PTB), circula em grupos do aplicativo Whatsapp e na rede social Facebook. No áudio gravado durante uma reunião com moradores Cidade Estrutural (8/Out), Cidade Estrutural, bairro da Região Administrativa (RA) Setor Complementar de Indústria e Abastecimento (SCIA), o Distrital fala das dificuldades encontradas pela Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF), elogia o Hospital da Criança (HC) e a Rede Sarah Kubitscheck  e sugere a implantação das Organizações Sociais por modelo de gestão da saúde pública do DF.

“O governo serviço médico, os médicos tão folgando em vez de estar trabalhando e quando você chega no posto o que que tá faltando?  Falta médico. Então assim eu acho que essa forma que está ai de gerir a saúde é uma forma muito boa mas hoje ela não está mais servindo. Tem um corporativismo muito grande.

[…] Na Secretaria de Saúde gasta-se milhões de reais com medicamentos, com insumos, […] as vezes falta uma novalgina, um dipirona, tudo… O que que tá acontecendo, porque que tem milhões, se gasta milhões e não chega lá na ponta o remédio. Porque começa decidir na compra. O governo acaba comprando mais caro. Então se comprou mais caro alguém já ganhou com isso. Aí nesse caso […]central, aí já chega material menos. Vem aqui pro postinho, não chegou nada. Então gente, a gente tem que pensar uma forma de mudar a maneira de gerir a saúde.

Porque eu acho o seguinte,  […] eu tô na política a 10 anos, vou completar agora 10 anos que eu fiz da política um projeto de vida. Tô andando a pé no morro, tô batalhando, tô tentando ajudar. Mas tem dez anos gente, que eu vejo o mesmo problema. Na época do Arruda era assim, o Arruda era um cara que tinha muito, era bom gestor. […] Mas vocês sabem que ele era um cara que fazia, quando ele falava, ele fazia mesmo, aí depois caiu o Arruda veio o Wilson Lima, piorou, veio o Rogério Rosso, não fez também quase nada,   ai veio o Agnelo que investiu muito na saúde também não…

Então assim gente o quê que está errado? Será que ninguém sabe que a saúde tem problema? Todo mundo sabe que tem. Então o quê que eu acho que tem que se fazer. Tem que se mudar a maneira de gestão. Onde que eu acho que tem gestões que são boas, por exemplo. Aqui no Goiás, que é vizinho nosso, tem um sistema chamado de OS [Organização Social] então a pessoa pega, e quem administra o hospital é o HUGO [Hospital de Urgências de Goiânia], contratado pelo governo. Onde ele exige que os médicos vão, não pode faltar medicamentos, não pode criar, criar um [?].

Onde aqui em Brasília que tem, parecido com isso?  Hospital da Criança. Quem conhece o Hospital da Criança aqui? É bom não é? Lá parece, não parece? Outro hospital que eu vou ter, para vocês terem isso na cabeça de vocês quando vierem perguntar sobre isso. O Sarah Kubitscheck. Quem conhece o Sarah? O Sarah também é bacana não é? O atendimento é mais humano pelo menos. É humanizado. Então gente o governo tem que se  pensar em fazer uma mudança nesse sentido, porque senão a senhora vai continuar perdendo 24 horas, ai você vai lá 24 horas e o médico não vai estar lá. Ou senão vai tá lá mas não vai ter remédio.

[…] Aquele médico do Hospital de Base que ficou desesperado: -Eu não quero trabalhar mas aqui, não tem uma luva para eu usar, não tem nada! Quer dizer o próprio servidor público está entrando em pânico. (SIC)”, diz Araújo.

O que houve deputado?

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Deputado Distrital, Cristiano Araújo, em apoio aos servidores da Saúde do DF

Causou estranheza o posicionamento do Distrital, uma vez que nos últimos meses, Araujo tem se mostrado um árduo defensor dos servidores da Saúde do DF, em especial aos sindicalizados do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Saúde do DF (SindSaúde-DF), entidade que, juridicamente, diz representar todas as categorias ligadas a saúde pública do DF..

Em uma matéria publicada por Blog do GBU (26/Fev/14), intitulada Distrital ouve reivindicações do SindSaúde, Cristiano afirmou: “Meu mandato sempre esteve em favor dos servidores e estarei trabalhando para a melhoria de todas as categorias. Saio confiante do encontro e vamos  trabalhar para viabilizar as reivindicações dos trabalhadores.”.

Politica Distrital tentou fazer contato com o parlamentar. De acordo com a assessoria de comunicação , foi informado que tentariam contato com Araújo, porém até a publicação da matéria, o blog não obteve retorno.

CSDF se pronuncia

Ao Política Distrital o presidente do Conselho de Saúde do DF (CDDF), Helvécio Ferreira,  explicou que a maioria dos parlamentares do DF desconhecem o sistema de Saúde Pública do DF e sugeriu: “Poderíamos pautar um debate sobre o modelo de gestão  e assistência à saúde na CLDF [Câmara Legislativa do DF]. Acredito que o deputado queira ajudar, precisamos de um encontro presencial institucional para ampliar o debate sobre OS.”, afirmou ao lembrar a determinação estabelecida pela 9ª Conferência de Sáude do DF: “As diretrizes estruturantes de consolidação do SUS no DF estabelecem o modelo SUS 100 % Público, de qualidade.”, concluiu.

Contraponto

Ao Política Distrital o deputado distrital, Chico Vigilante, embora não tenha se pronunciado em relação ao comentário de Araújo, mandou um recado:

“Eu Chico Vigilante, sou contra a implantação de OS para gerir a Saúde publica do DF. Em todo lugar que isso foi tentado deu errado. Nós tivemos experiência no estado do Maranhão e lá eram cooperativas. No início o salário dos médicos era altíssimo. Durou dois anos e meios, depois o sistema quebrou tinha desconstituído o sistema público do Maranhão, destruiu o sistema público e hoje está um arraso, um caos.

Tivemos uma experiência aqui da organização chamada Real Sociedade Espanhola que tocada o hospital de Santa maria, não deu certo. O governador está confundindo quando ele diz: -Não, mas o Sarah Kubitscheck é uma organização social. O Sarah Kubitscheck, eu participei da elaboração da Lei no Congresso Nacional. É um Lei Federal que rege o funcionamento do Sarah. O recurso é passado direto do Tesouro Nacional para o Sarah. Não passa pelo Ministério da Saúde, não entra nos recursos do SUS [Sistema Único de Saúde] e mais, o Sarah não tem pronto socorro e é atendimento seletivo, não é para todos.

Aí ele vem dizer não, tem o hospital da Criança. OK. O Hospital da Criança é uma organização, uma entidade, responsável. Começou a construção depois o governo assumiu. É seletivo também. Nós estamos falando de saúde pública para atender a todos, saúde pública é universal. Não pode ser tocada por uma Organização Social. Isso é uma balela, é um absurdo e eu sou contra entregar a Saúde Pública para uma OS porque vai virar um caos completo. Se está ruim… aí vai piorar. Aí vai derrubar por terra o ditado de Tiririca: -Pior do que está não fica. Digamos que uma OS assuma o Hospital de Ceilândia [Hospital Regional de Ceilândia (HRC)]. O HRC tem 300 leitos, portanto o contrato é para internar, é para colocar 300 pessoas dentro do Hospital. Fora disso se chegar 301, 302, não vai ter internação dos dois. E essas pessoas vão sobrecarregar ainda mais o restante da saúde publica que vai ficar. Portanto Organização Social é balela é coisa para quem não tem competência para gerir o serviço público. O que tem é que colocar gestores que entendam realmente de administração hospitalar e não colocar pessoas porque apoia esse ou aquele deputado.”

Confira o áudio [Fonte: Reprodução da Internet]:

Atualizado em: 09/10/2015 às 22h16



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