Por Denise Caputo
O desabafo do deputado Professor Reginaldo Veras (PDT), na sessão desta quarta-feira (12), sobre a crise na saúde e as vidas perdidas por falta de leitos de UTI no Distrito Federal, sensibilizou e mobilizou outros parlamentares no plenário virtual da Casa. “O conjunto de mentiras do governo, a má gestão, a insensibilidade, as denúncias frequentes de corrupção, a nossa incapacidade de fiscalizar, a omissão do Ministério Público: todos nós temos culpa pelas 500 pessoas que morreram por falta de UTI”, disse Veras.
Em seu discurso, classificado como “desabafo”, o distrital relatou fatos que antecederam a morte do psicólogo Rômulo Bezerra em decorrência de complicações da Covid-19. Internado no hospital de campanha do Gama, em leito de cuidados intermediários (UCI), Rômulo acabou precisando ser transferido para uma UTI. Mas, conforme contou Veras, não havia nenhum leito disponível, mesmo após determinação da Defensoria Pública. “A situação dele se agravou no mesmo dia em que o governador Ibaneis Rocha disse que havia ‘zerado’ a fila de UTIs. A família sofrendo, e eles tentando enganar a população”, lamentou.
Reginaldo Veras prosseguiu: “Quem tem culpa pelas mortes por falta de UTI? O negacionista do presidente, que se negou a comprar vacina? Os incompetentes do governo, que não criaram mecanismos pra atender a população do DF? Os 24 deputados que não instalaram a CPI?”.
A deputada Arlete Sampaio (PT) disse concordar com a fala do colega: “É a situação concreta que vivemos, por conta da omissão criminosa do presidente, que já chegou a dizer que a melhor vacina é o vírus. E o governador acompanhou essa visão e não tomou as providências devidas”.
“Esse desabafo do Veras é fundamental neste momento de descaso e de condução criminosa em nível federal e distrital”, afirmou o deputado Fábio Felix (PSOL). E continuou: “Quem vai responder por não cumprir as decisões judiciais de garantir UTIs? Passou da hora de termos uma CPI, passou da hora de largar de omissão”.
Por sua vez, o líder do governo na Casa, deputado Hermeto (MDB), argumentou que os problemas na área da saúde são crônicos. “Mas estamos trabalhando”, completou, elencando uma série de obras que estão sendo realizadas pelo governo local.
“Somente obras não satisfazem a população”, rebateu Leandro Grass (Rede). “O que precisamos defender é a vida. O governador derrama sangue, tem negligenciado as pessoas à espera de UTI”, acusou. Grass defendeu, então, a instalação das CPIs da Pandemia e do Iges-DF: “Legislativo que se preza legisla e fiscaliza com rigor. Não nos acovardemos. Precisamos de todos os órgãos de fiscalização andando em sintonia”.