O dia a dia dos profissionais da saúde tem sido de sobrecarga física e emocional. A rotina intensa de assistência ao próximo durante a pandemia de Covid-19 trouxe novos desafios: dos cuidados redobrados para evitar contaminação a uma maior complexidade/gravidade dos pacientes. Tudo isso faz com que os Heróis da Saúde enfrentem um desgaste ainda maior.
Médica da UTI Adulto do Hospital Regional do Gama (HRG) há três anos, Juliana Costa Gomes, de 39 anos, relata que estar na linha de frente no combate ao coronavírus demonstra uma paixão ainda maior pela profissão. “Amor, entrega, compaixão, acolhimento. Mas há também momentos de raiva, cansaço, sobrecarga”, revela ao falar sobre os sentimentos vivenciados nos últimos meses.
Ao lado da equipe do HRG, a médica dedica-se a cuidar dos pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva. São médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, técnicos, profissionais da limpeza e administrativo, a quem ela agradece pelo trabalho conjunto em prol daqueles que necessitam de cuidados intensivos.
Também com formação em farmácia, Juliana conta que trabalhou na área por quatro anos, mas sentia falta de um contato maior com as pessoas. Foi então que viu na medicina a oportunidade de realização profissional e pessoal. “Eu me entreguei de corpo e alma ao curso. Tive dificuldades inclusive para escolher a área de atuação, pois amava tudo”, lembra. Ao longo da jornada, começou sua atuação como intensivista, onde está até hoje.
Em meio à situação desafiadora dentro da UTI, a médica ressalta a dedicação dos profissionais que compõem as equipes – desde as multiprofissionais até a parte administrativa – bem como o papel imprescindível do Sistema Único de Saúde (SUS) no combate à Covid-19. “O SUS é a nossa menina dos olhos. Somos porta de entrada para tudo que se relaciona com o processo saúde-doença. Com o aumento da demanda pela Covid, pudemos perceber que se não houvesse o SUS, estaríamos em um caos ainda maior”, destaca.
Apesar das histórias desafiadoras e nem sempre com o desfecho buscado pelos médicos, Juliana relembra feliz de um paciente que define como “um milagre”. Segundo a médica, o jovem ficou intubado mais de duas semanas, recebeu altas doses de bloqueador neuromuscular – medicação que compromete muito a performance muscular após a alta – e sedativos, mas conseguiu sair do respirador e ter alta. “Duas semanas depois, voltou a fazer caminhadas, dirigir e trabalhar. Não ficou com sequela alguma e sou extremamente grata por isso”, comemora.
Lidando na linha de frente desde o início da pandemia, Juliana teve Covid, mas desenvolveu apenas sintomas leves. Em fevereiro, tomou a segunda dose da vacina e sentiu-se recompensada pelos meses de esforço árduo. “Ficou claro para mim que temos muitos trabalhadores da ciência lutando por nós”, enaltece.
Para aliviar o cotidiano difícil, a médica faz musculação, que a ajuda diminuir a tensão, busca ler literatura não médica, ter um tempo de lazer com os filhos, meditar e dormir. “Sempre que eu encosto, eu durmo (risos)”, brinca.
Fazendo uma retrospectiva desse período, ela leva aprendizados para a vida. “Tem sido desafiador, porém passei a valorizar muito mais meus momentos com a família e também minha profissão”, reflete.
Por fim, nossa Heroína da Saúde deixa um apelo para a população. “Por favor, estejamos atentos às medidas de proteção e distanciamento social. Cuidem-se e cuidem também do seu próximo, que é tão vulnerável quanto você. Tenhamos empatia e compaixão”, finaliza.