‘Democratizar o esporte é levar condição a quem precisa’

Secretária de Esporte apresenta projetos que buscam estimular a prática de atividades físicas para toda a população



Por Ana Luiza Vinhote

A prática de esporte se tornou ainda mais essencial durante a pandemia do novo coronavírus. Adotando todos os protocolos de segurança, o Governo do Distrito Federal (GDF) passou a liberar atividades físicas em parques e academias. Ao mesmo tempo, a Secretaria de Esporte e Lazer passou a ter como missão divulgar junto à população que o esporte também é extremamente importante para a manutenção da saúde. Para isto, o investimento foi diversificado, desde o incentivo financeiro a atletas profissionais, a doação de equipamentos a amadores e a reforma de espaços de esporte e lazer que são ocupados por qualquer cidadão comum.

“O esporte está sendo olhado por outro viés. Antes as pessoas consideravam que era apenas lazer, mas quanto mais elas praticarem atividades físicas, mais qualidade de vida elas terão”, reforça a secretária de Esporte e Lazer, Giselle Ferreira, em entrevista à Agência Brasília. “Além disso, os projetos sociais esportivos transformam vidas. Democratizar o esporte é levar um equipamento, um uniforme, uma condição a quem precisa”, destaca.

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Giselle apresenta programas novos, como o Vestindo o Esporte, que já distribuiu 426 kits de uniformes para categorias de base, amadora e infantil, e o Educador Esportivo Voluntário, que em breve vai colocar estagiários da área para auxiliar a prática correta de exercícios físicos em quadras e pontos de encontro comunitário (PECs). Ela ainda fala dos investimentos em reformas de espaços no Parque da Cidade e a construção de campos sintéticos nas cidades. “Não perdemos nenhum valor por falta de projetos”, comenta ao contabilizar emendas federais e locais que a pasta têm executado.

A titular da pasta também comentou sobre as mudanças nos centros olímpicos e paralímpicos (COPs), que ganharam wi-fi, além de antecipar que o governo pretende levar projetos de ruas de lazer, como Viva W3 e o Eixão do Lazer, para todas as 33 regiões administrativas.

Confira abaixo a entrevista.

Como o governo trabalha para incluir o esporte no dia a dia dos moradores da capital?
O esporte está sendo olhado por outro viés. Antes, as pessoas consideravam que era apenas lazer. Quanto mais as pessoas praticarem atividades físicas, e os parques estiverem abertos, mais qualidade de vida elas terão. O esporte também é saúde, vai aumentar a imunidade, vitamina D. Não estamos falando só da saúde física, mas mental também. Conseguimos a reabertura dos parques, o Eixão, a W3 Sul. Também nos reunimos com o Conselho Regional de Educação Física do DF [CREF], o Sindicato das Academias do DF [Sindac-DF], entre outros, para construir os protocolos de segurança. Voltamos, aos poucos, para o novo normal.

Como vai funcionar o programa Vestindo o Esporte?
Visitamos várias cidades para acompanhar a prática de esporte de perto. Muitas vezes, encontramos crianças descalças, sem roupas adequadas para jogar futebol, por exemplo. Por isso, decidimos distribuir 426 kits de uniformes para as categorias de base, amadora e infantil. Percebemos que a gente não deve só investir em reformas de espaços esportivos, mas também dar identidade a essas pessoas, que devem ser mais de 10 mil. É uma forma de incentivá-las também.

Este ano, também foi lançado o Educador Esportivo Voluntário. Explica um pouco como ele será desenvolvido
Primeiramente, vamos contratar 120 voluntários profissionais com formação em curso superior. Depois serão selecionadas mais 280 pessoas – entre graduandos, atletas e comunidade esportiva. Eles vão receber uma ajuda de custo de R$ 800 para dar aulas, oficinas em equipamentos públicos indicados pela Secretaria. Percebemos que tinha muita gente que estava envolvida com projetos voluntários e não tinham nenhum recurso para continuar a iniciativa.

Esporte nas Ruas oferece às administrações regionais e organizações sem fins lucrativos acesso a materiais e equipamentos esportivos gratuitamente. Quantos itens já foram entregues?
Mais de mil. Já estivemos em Ceilândia, Brazlândia, Recanto das Emas, Riacho Fundo, Vicente Pires… As administrações regionais selecionam cerca de 35 entidades a depender da cidade e da demanda e fazemos a entrega de bolas, redes, raquetes, coletes, cones de treino, colchonetes, tatames, quimonos, medalhas, troféus e outros materiais, que permitam a adequada prática esportiva.

O que muda na vida das crianças e jovens carentes que conseguem ter acesso ao esporte?
Estamos com inscrições abertas para o programa Jovem Candango. Serão 1,8 mil pessoas de 14 a 18 anos que terão seu primeiro emprego e renda [cerca de R$ 733], além de promover a formação técnico profissional do aprendiz por meio de atividades teóricas e práticas. Esses projetos sociais esportivos transformam vidas. Democratizar o esporte é levar um equipamento, um uniforme, condição a quem precisa. A palavra convence, mas o exemplo atrai.

Em 2020, o governo lançou a Rua do Lazer no Paranoá, nos moldes do Eixão e da W3 Sul. Há pedidos para adoção do programa no Gama e Itapoã. Como estão as tratativas?
Recebemos pedidos para Samambaia, Brazlândia e outras cidades também. Estamos retomando aos poucos e fazendo um cronograma com outros órgãos, com a Secretaria de Governo, o Detran [Departamento de Trânsito], entre outros órgãos. A ideia é que todas as cidades tenham essa rua, que é mais uma opção para praticar atividades esportivas e recreativas ao ar livre gratuitamente.

Como estão os chamamentos públicos para a contratação de entidades para gerir os Centros Olímpicos e Paralímpicos (COPs)?
Quando assumimos a gestão, os contratos com as entidades que cuidavam pedagogicamente dos centros olímpicos tinham acabado. Fizemos outra seleção e já estamos bem adiantados na parte de contratação. É importante ressaltar que conseguimos dobrar a quantidade de atendimentos semanais – de 29 mil para 61 mil – , além de ter diminuído os custos. Economizamos R$ 3,2 milhões. Antes, apenas dois dos 12 centros tinham internet. Agora todos têm e compramos computadores novos. Na semana passada, inauguramos o Wi-Fi nesses espaços, ou seja, todo mundo que estiver nesses locais terá acesso à internet de forma gratuita. Também implementamos duas modalidades: o futebol feminino e os eletrônicos. Temos que estar antenados com a modernidade. Nada aqui é engessado, mudamos de acordo com as necessidades.

O governo vai investir na reforma e na construção de campos sintéticos de futebol?
Desde 2009 esses equipamentos públicos não recebiam reformas. Estamos em processo de licitação para comprar grama e outros materiais necessários. Também estamos instalando campos sintéticos novos em Brazlândia, Ceilândia, Cruzeiro, Gama, Planaltina, Recanto das Emas, Sobradinho II e Taguatinga Norte. Neste segundo semestre, vamos entregar esses espaços. Já foi feita a demarcação da área e a base. A parte mais difícil é nivelar o terreno, mas as obras estão dentro do cronograma. Os campos terão cercamento, traves e iluminação. O investimento é de R$ 4 milhões, sendo de recursos próprios da secretaria e de emendas parlamentares de deputados distritais.

A primeira grande obra no Parque da Cidade também começou este ano. Como está o andamento dos serviços?
O Parque da Cidade faz parte da nossa história e temos muito orgulho de gerir esse local. Vinte e sete quadras poliesportivas estão recebendo reparos, como pintura, substituição de alambrados, pisos, iluminação e adequação de acessibilidade. São cinco quadras de tênis, vinte poliesportivas e duas de beach tennis. Fizemos a manutenção dos banheiros e da Praça da Capoeira. Também estamos finalizando o projeto da Piscina com Ondas, que é mais arquitetônico e estruturante. Vamos contratar uma empresa especializada para realizar o serviço. É a primeira vez que a Secretaria de Obras está conseguindo executar recursos federais. O montante que vai reformar das quadras do Parque da Cidade [R$ 1 milhão], por exemplo, estava parado desde 2017. Não perdemos nenhum valor por falta de projetos. A deputada Celina Leão também destinou R$ 37 milhões de emendas parlamentares para a reforma de vários espaços esportivos.

O Parque da Cidade também vai receber uma pista de patinação e de skate…
Exatamente. O projeto para a pista de patinação, que prevê um circuito de 200 metros com arquibancada, praça e mais calçadas entre a ciclovia e a pista de caminhada, foi aprovado. A proposta para a pista de skate foi apresentada para o governador Ibaneis Rocha e prevê duas pistas, vestiário e área de convívio.

Além das competições esportivas profissionais sem público, o GDF também autorizou as amadoras. A secretaria tem algum projeto para esta categoria, que foi uma das afetadas pela pandemia?
O governador e a equipe da Casa Civil tiveram um olhar bastante sensível com essa categoria. As competições movimentam muito o esporte na nossa cidade. Demos todo o suporte para estes atletas. Estamos com mais de R$ 15 milhões em orçamento, recursos da Câmara Legislativa [CLDF] para esta área. Muitos parlamentares apoiam vários campeonatos com emendas. Estamos firmando uma parceria com a CBF [Confederação Brasileira de Futebol] para incentivar o futebol amador e de base, e finalizando todo um cronograma de ações.

E os atletas profissionais da cidade?
Temos o Bolsa Atleta que atende 130 atletas e 107 paratletas que obtêm bons resultados em competições nacionais e internacionais de suas modalidades. O objetivo é dar condições para que eles se dediquem aos treinos e competições. Neste ano, investimos mais de R$ 2,6 milhões neles. Há o programa Compete também, que pagamos o transporte de 294 esportistas que disputam em outras regiões. Além de incentivar, estamos sempre trabalhando para conseguir mais recursos.

Quem quiser ter acesso a esses programas, o que precisa fazer?
Todos os nossos serviços podem ser acessados pelo nosso site. Nossa missão à frente da Secretaria de Esporte e Lazer é incentivar a prática de esportes. Quem não tiver acesso à internet em casa, pode ir aos centros olímpicos.



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FONTEAgência Brasília
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