Dengue: pacientes e profissionais seguem sacrificados



Por Nicolas

O presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF), Gutemberg Fialho, visitou as estruturas provisórias de combate à dengue em São Sebastião e Brazlândia, nesta quarta-feira. O objetivo foi verificar as condições de trabalho e de assistência à população.

“Entendemos que é uma estrutura emergencial, mas não chegaríamos a essa situação se as ações preventivas tivesses sido adotadas em tempo”, afirma Gutemberg. Embora um incentivador da participação dos médicos no atendimento nas tendas, ele alerta que “não se pode obrigar médicos a mudar sua rotina de trabalho e pessoal para compor as escalas de trabalho feitas de forma impositiva”.

Outro aspecto verificado pelo presidente do SindMédico-DF refere-se às condições de assistência, oferecidas à população e que não são, nem de longe, adequadas. Primeiro, porque pacientes das diversas cidades do DF são obrigados a se deslocar até Brazlândia e São Sebastião, que são distantes e de difícil acesso para quem não possui veículo próprio. Em segundo lugar, porque a triagem feita no hospital ou na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) é falha e tem encaminhado pacientes até com sintomas de outras doenças, que são examinados e reencaminhados para onde foi feito o primeiro atendimento.

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Na manhã da vista, na UPA de São Sebastião, um acompanhante se indispôs com a atendente porque levou o pedido de um médico da própria rede pública, solicitando exame de sorologia para dengue. A atendente lhe dizia que o paciente teria quer passar novamente por triagem e consulta, porque o pedido tinha que “entrar na estatística de atendimento da UPA”.

Ainda, Gutemberg Fialho foi informado de que os médicos estão trabalhando uma hora a mais do que sua jornada normal, pois fazem intervalo de 15 minutos para almoço. As fichas dos pacientes chegam aos médicos incompletas, faltam formulários para pedido de exames e a distribuição de fichas cessa às 14h. Se o acolhimento continuasse, o atendimento entraria pela noite, em função da demanda. Um terço dos pacientes comparecem para o primeiro atendimento; os demais são retornos.

O início da campanha de imunização contra a gripe influenza H1N1 criou outra complicação, pois os técnicos de enfermagem são desviados para a vacinação.

Sem pediatras nas tendas, crianças lotam corredores do HRBz

Nas barracas de campanha, em Brazlândia, algumas mudanças foram feitas em relação aos absurdos encontrados pelo SindMédico-DF, na visita realizada em março: à época não tinha água nas tendas – hoje uma gambiarra leva água até elas, mas ainda não há pias para higienização das mãos; onde foram vistos possíveis criadouros do Aedes, hoje foram tampados os buracos nas cisternas desativadas nos fundos do terreno do hospital; os banheiros químicos foram retirados e os pacientes e acompanhantes agora podem usar os do hospital, em estado satisfatório de manutenção e limpeza, apesar de não haver fecho nas portas, o que incomoda especialmente as mulheres – tanto servidoras quanto usuárias.

Mas, um outro problema foi detectado por Gutemberg, dentro do hospital: crianças que não têm atendimento pediátrico nas barracas são internadas no HRBz (Hospital Regional de Brazlândia) e estão espalhadas pelos corredores da unidade. “É uma situação que nunca antes eu vi no hospital”, afirma o presidente do SindMédico-DF.

Também lá a falta de técnicos em enfermagem está prejudicando o serviço, uma vez que eles são igualmente necessários na vacinação contra a H1N1.

A rotina de jornada com interrupção de menos de uma hora para almoço se repete. “A questão da programação do Forpontonão é desculpa para isso. A solução é administrativa e os médicos, bem como os demais servidores que estiverem trabalhando além do horário normal, têm que ser compensados e esse tempo tem que ser acrescentado ao banco de horas”, afirma Gutemberg Fialho.

As constatações observadas nessas visitas serão levadas ao conhecimento da alta gestão da Secretaria de Saúde, ao CRM e ao Ministério Público.

Fonte: SindMédico DF



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