Deputados querem explicações sobre contratos com desvio de finalidade
Parlamentares apuram suspeita de pagamentos pessoais a ex-coordenador
A CPI da Saúde deve ouvir nesta quinta-feira (29) o ex-coordenador-geral do Samu Rodrigo Caselli. A expectativa é de que ele fale aos deputados a partir das 9h30. Os parlamentares querem que ele explique supostos desvios de finalidade em contratos do órgão.
Entre as denúncias, a CPI apura se empresas custearam reformas de prédios, manutenção de elevadores e festas de confraternização da Secretaria de Saúde.
Também investigam o uso de verba pública para pagar manutenção de elevadores, reforma e construção de salas em um prédio alugado pelo Samu no SIA e a compra de TVs e monitores e possíveis benefícios pessoais a Caselli.
As denúncias foram apresentadas à CPI pelo presidente do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem (Sindate-DF), João Cardoso da Silva. Segundo ele, os relatos são de servidores que testemunharam as irregularidades, mas optaram por não se identificar.
Contrato automotivo
Cardoso também denunciou os contratos do Samu com a Barros Automotiva, empresa que seria responsável pela manutenção das ambulâncias. A firma teria comprado material de construção para um galpão que abriga os veículos, além de pagar R$ 500 a servidores que buscaram ambulâncias recém-compradas em São Paulo, segundo o sindicalista.
Ele diz que as despesas foram embutidas em notas de serviço, mas não soube informar à CPI quantos servidores foram beneficiados. O presidente do Sindate citou, ainda, gastos de uma escolinha de futebol do servidor do Samu responsável pelo contrato, que teriam sido honrados pela Barros Automotiva. Consertos e manutenções em veículos pessoais de servidores também estariam sendo feitos dentro do contrato.
Dono da empresa de automóveis, Luiz Carlos Barros negou ao G1 todas as irregularidades citadas. “O Samu pode ter usado o nome da minha empresa para fazer as compras [de material]. Não tem nada a ver com a gente”, afirmou.
Ele também se disse surpreso com as denúncias. “Isso só pode ser brincadeira. Por que eu iria pagar festinha? É muito fácil fazer essas conjecturas. Prestamos um excelente serviço. Na nossa época, nunca houve ambulância quebrada”, disse.
A Secretaria de Saúde diz que o contrato com a empresa foi firmado em 2013 e concluído em outubro. O valor inicial de R$ 2,7 milhões foi aditivado em 23%, alcançando R$ 3,3 milhões. A gerência diz que o serviço teve a “devida prestação” e, hoje, é feito por outra empresa.
Massageadores cardíacos
A terceira empresa citada por Cardoso é a Zoll, responsável por aparelhos de massagem cardíaca. Segundo ele, a firma não chegou a prestar nenhum serviço de fato, mas recebeu pela contratação. O sindicalista não citou valores.
Em agosto, reportagem do G1 mostrou que os equipamentos estavam sem manutenção. O Samu tem um massagador cardíaco em cada uma de suas 38 ambulâncias e mais 12 de reserva. O aparelho substitui a massagem cardíaca manual feita por socorristas.
A Secretaria de Saúde afirma que a Zoll citada pelo diretor do Sindate é a fabricante do equipamento, e não a fornecedora. O contrato foi feito com a MI Comércio de Produtos Hospitalares entre 2013 e 2015, segundo a pasta, e contemplava manutenção e reposição de peças para 50 equipamentos ao custo de R$ 7,1 milhões.
A secretaria diz que a empresa cumpriu manutenção preventiva mês a mês, e corretiva, quando necessária, durante todo o tempo de contrato.
Fonte: G1