O aumento considerável da criminalidade na capital da república próximo à abertura dos jogos olímpicos fez com que as autoridades se manifestassem e a população cobrasse mais eficiência das autoridades e órgãos de segurança
Segundo reportagem agora a noite do DFTV 2ª Edição, só nesse ano Brasília teve 170 mil ocorrências criminais, sendo que 8 a cada 10 ocorrências são contra o patrimônio, ou seja, roubos e furtos, e eles foram os que mais cresceram, destacando-se os roubos onde os bandidos abordam as vítimas com ameaças e violência.
Ainda segundo dados da Secretaria de Segurança e Paz Social, cuja titular é a Dra Márcia Alencar, os roubos a pedestres atingiram 23,2%, em ônibus 17,2%, a veículos 7,5% e os roubos a residências 50,5% em relação primeiro semestre do ano passado.
As alegações das autoridades é o baixo efetivo das corporações responsáveis pela segurança, principalmente a Polícia Militar, que tem um déficit de 5 mil homens. No entanto, desde o governo passado a promessa de aumento anual de mil policiais não foi cumprida e não há manifestação de que isso venha a ser concretizado nesse governo.
Outro fator alegado pelo especialista e comentarista da Globo em segurança pública, Daniel Lorentz, são as audiências de custódia onde o preso é apresentado ao juiz em até 24 horas e metade deles são novamente colocados nas ruas. Corrobora com isso o aumento de crimes praticados por menores. Só de janeiro a junho desse ano foram mais de 5 mil menores apreendidos em Brasília e muitos, beneficiados pela legislação que os coloca em liberdade, retornam à reincidência no cometimento de crimes.
A Secretária de Segurança, Márcia Alencar, afirmou que os crimes mais graves, como homicídio, tiveram uma redução. Porém uma declaração da secretária ficou no ar: “O aumento de roubos e furtos é uma tendência no país inteiro e que a sociedade seja coparticipe, corresponsável no processo de ocupação de seu espaço”. Ora, ela é Secretária de Segurança de Brasília ou Secretária Nacional de Segurança Pública? A Constituição Federal no seu Art. 144 diz que a segurança pública é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, mas o verbo “dever” deixa bem claro quem detém o poder para transformar e executar ações. É obrigação dela e do governo cuidar da capital, apresentar soluções práticas e controlar ou diminuir o aumento da criminalidade e para isso dois dos maiores fatores seria o aumento imediato de efetivo e a valorização da mão de obra especializada, ou seja, os policiais. Não se faz segurança pública com teorias.
Fizemos contato com algumas pessoas ligadas à segurança pública, dentre eles um oficial de alta patente, hoje na reserva, e que tem experiência suficiente para elencar alguns fatores que poderiam amenizar ou resolver de vez a questão de segurança e criminalidade no DF. Preservaremos sua identificação para evitar represálias.
Segundo ele, um fator importante é o resultado de comparação de atitudes de governo e a satisfação do público interno, tais como:
1) Insatisfação galopante no seio da tropa por falta de incentivo na carreira;
2) Perda de efetivo e envelhecimento da tropa;
3) Perda da mobilidade do policiamento (no final de 2006 colocávamos 750 viaturas no policiamento diário e hoje só colocamos cerca de 250 viaturas);
4) Gestores sem conhecimento de planejamento operacional;
5) Gestores descompromissados com os interesses da tropa;
6) Meios de policiamento sucateados (Viaturas e equipamentos individuais de proteção);
7) Explosão de desemprego;
8) Principais rodovias do DF sem policiamento ostensivo (tipo a DF 180 atrás de samambaia), principal rota de drogas;
9) PRF inoperante;
10) Má distribuição do efetivo;
11) Tropa sem esperança de um futuro melhor;
12) Tecnologia de comunicações e informática de baixa qualidade; e
13) Comando sem firmeza junto ao governo.
“Aliado a todo esse quadro, temos que considerar que estamos falando de um efetivo policial militar que deveria ter, no mínimo, 18 mil homens e só temos 14 mil ativos para cuidar de uma população de quase 3 milhões de habitantes. A previsão, segundo estudos já realizados e a crescente massa populacional, é que em 2024, a contar essa política reacionária, teremos pouco mais de 4 mil policiais para zelar pela segurança de mais de 4 milhões de habitantes, o que seria o caos total”, afirmou o oficial.
Fonte: Blog do Poliglota