DF será o primeiro a distribuir remédios com 90% de cura de Hepatite C



Novos medicamentos foram adquiridos pelo Ministério da Saúde e beneficiarão 30 mil pacientes em todo o Brasil

O Distrito Federal é a primeira unidade da federação a receber do Ministério da Saúde as doses dos novos medicamentos adquiridos no exterior para tratamento de Hepatite C, que possuem mais de 90% de chance de cura. Serão beneficiadas no período de um ano 30 mil pessoas em todo o Brasil, sendo inicialmente 250 na capital do país. O anúncio foi feito nesta terça-feira (20), em solenidade no Ministério da Saúde.

São três medicamentos diferentes, os primeiros lotes desembarcaram ontem e são de sofosbuvir e daclatasvir. Até dezembro, também estará disponível o simeprevir. O investimento total é de R$1 bilhão e o custo do tratamento individual é de aproximadamente US$ 9 mil, o que na cotação de hoje representaria R$ 34.876,80.

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Ao lado do secretário de Saúde do DF, Fábio Gondim, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, qualificou o novo tratamento como um marco revolucionário e inovador na história do tratamento das doenças virais, já que a terapia passará a ser feita via oral (com comprimidos que causam menos efeitos colaterais) e terá, em geral, duração de três meses, ao invés de um ano como ocorria antes.

“Há 13 anos o Brasil oferece o tratamento contra a Hepatite C e mais de 100 mil pessoas já foram tratadas, mas com um índice de cura abaixo de 50%. Era um tratamento demorado e doloroso, com o uso de injeções. Agora, temos essa tecnologia inovadora que coloca o Brasil na vanguarda no tratamento da doença”, destacou o ministro.

“Esse tratamento representa a diferença entre a vida e a morte. A única alternativa era dolosa e tóxica, com menos de 50% de chance de cura. Somos a primeira unidade da federação a receber as doses e já estamos tomando as providências para que comece a ser distribuído o mais rápido possível. Isso representa qualidade de vida e mais chances para se ter uma vida normal”, complementou Gondim.

Durante a solenidade, houve a primeira entrega da medicação para a paciente Helenisar Campos. Ela conta que foi infectada em uma transfusão de sangue realizada há 15 anos. “Descobri a doença durante um processo de doação de sangue. Já fiz dois tratamentos sem sucesso. Com esses novos remédios, tenho a esperança da cura novamente”, disse.

DISTRIBUIÇÃO

As doses devem chegar aos estados em um período de 15 dias mas, no Distrito Federal, os 250 pacientes já cadastrados para utilizar os remédios poderão ter acesso a partir da semana que vem, após o treinamento dos médicos que prescreverão as doses. A capacitação ocorrerá nesta semana e será feita pelo Ministério da Saúde.

Os medicamentos estarão disponíveis na Farmácia de Alto Custo e no Hospital Dia, que fica na 508/509 Sul, mas os pacientes devem aguardar a ligação telefônica das equipes para serem informados sobre como adquirir o remédio.

Para receber, é necessário atender os critérios estabelecidos em protocolo da Organização Mundial da Saúde, entre eles, ser paciente co-infectado por HIV, ser pós-transplantado de fígado, e não ter tido sucesso em tratamentos realizados anteriormente.

“O tratamento antigo era feito com a medicação interferom peguilado e exigia um acompanhamento de médicos e enfermeiros, porque havia muitos efeitos colaterais que podiam causar, inclusive, a morte”, destacou o infectologista do Programa de Hepatites, DST e Aids da Secretaria de Saúde, José David Brito.

Segundo ele, também era difícil manter a frequência do paciente até as unidades para completar o tratamento porque a duração podia chegar até um ano e meio. Agora, o tratamento é oral praticamente não tem efeitos colaterais. A duração pode ser de três meses.

DADOS

Por ano, 350 mil a 700 mil pessoas morrem no mundo em função da doença, sendo 3 mil apenas no Brasil. Ainda no país, são 120 mil casos confirmados durante os últimos 13 anos, quando se iniciou o tratamento da hepatite C, mas a estimativa é que 1,4 milhões de brasileiros convivam com a doença, embora grande parcela não tenha conhecimento. A estimativa é o dobro feita para casos de HIV, que fica em torno de 700 mil pessoas. No Distrito Federal, a estimativa é de que 15 mil a 20 mil pessoas tenham contraído a doença.

HEPATITE C

Causada pelo vírus HCV, a doença é silenciosa porque, na maioria dos casos, demora de 15 a 20 anos para aparecerem os primeiros sintomas. O contágio se dá por transmissão parental (sangue contaminado), sexual, vertical (mãe para filho) e hospitalar.

O maior fluxo de transmissão ocorreu nos anos 80 e 90 por transfusão de sangue e uso de seringas compartilhadas para o uso de drogas injetáveis. Os testes só chegaram ao Brasil em 1993 e, a testagem rápida em 2011. A hepatite C causa cirrose, câncer e é responsável por 31% a 50% dos transplantes de fígado.

Interessados podem fazer os testes rápidos nas unidades básicas ou no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), que fica na Rodoviária do Plano Piloto.

Fonte: Agência Saúde DF



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