Por Nathália Caldas
Desde a criação, o Dia Nacional da Criança Traqueostomizada tem sido uma oportunidade para falar sobre o procedimento e promover a inclusão dos pacientes na sociedade. A traqueostomia é um método cirúrgico que consiste na abertura de uma passagem de ar, através de uma cânula (tubo), diretamente na traqueia. A técnica é vital em situações em que a respiração natural é comprometida.
A traqueostomia normalmente é necessária em caso de malformações, síndromes genéticas no pescoço e na face, como laringofissuras graves, paralisias vocais, atresia bilateral de coanas, Sequência de Robin, entre outras. No caso das crianças, é mais comum em recém-nascidos prematuros que precisam ficar muito tempo entubados ou bebês que receberam pouco oxigênio no nascimento e apresentam danos neurológicos, por isso podem perder a capacidade natural de proteger as vias aéreas. Por exemplo, ao ingerir leite materno, há o risco de o líquido ir em direção ao pulmão.
O otorrinolaringologista e cirurgião de cabeça e pescoço, João Zanotelli, destaca a importância da traqueostomia em casos de urgência. “A traqueostomia é uma ferramenta essencial para garantir a respiração e proteção adequadas dos pulmões em bebês e crianças que enfrentam desafios respiratórios significativos desde o nascimento”, afirma o médico.
Há muitos preconceitos e receios que rodeiam o procedimento por parte dos familiares, principalmente com relação ao tempo em que a cânula permanecerá e os cuidados necessários em casa. “É fundamental uma equipe multidisciplinar para acompanhar a criança, determinar o momento adequado para a retirada da cânula e oferecer suporte às famílias durante todo o processo”, esclarece Zanotelli. A equipe normalmente é composta por otorrinolaringologista, cirurgião pediátrico, cirurgião de cabeça e pescoço ou cirurgião torácico, fonoaudiólogo, pediatra, neuropediatra, fisioterapeuta e enfermeiros.
Em casos de danos neurológicos e síndromes genéticas graves, a traqueostomia pode ser necessária para o resto da vida. Com orientação adequada e apoio das equipes assistentes, as famílias podem aprender a cuidar da criança traqueostomizada em casa, fortalecendo os laços afetivos. “O desafio vira aprendizado, ainda mais quando é balizado por carinho e amor”, enfatiza o especialista.
O Dia Nacional da Criança Traqueostomizada foi instituído pela Lei nº 14.249/2021 e celebrado pela primeira vez em 2022. “A criação de uma data específica para divulgação, educação e conscientização da população e das equipes assistentes, especialmente das unidades básicas de saúde, é muito importante para o sucesso do processo e a inclusão dessas crianças na sociedade da melhor maneira possível. Com certeza, pelo 18 de fevereiro elas agradecem”, finaliza Zanotelli.