Direção do hospital de Samambaia tenta abolir fixação de avisos de falta de medicamentos



Um dos avisos fixados sugerem que servidores deixem de iniciar tratamentos com antibióticos zerados na Farmácia Central

Por Kleber Karpov

Denúncias apontam que a gestão do Hospital Regional de Samambaia (HRSAM) tenta impedir a fixação, nas paredes da unidade, de avisos de falta de medicamentos. Um profissional de Saúde encaminhou ao Política Distrital (PD), um recado, supostamente atribuído à gerente de Apoio Operacional (GAO) do HRSAM, Diana, pede a outro servidor a retirada do anúncio.

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Reprodução Whatsapp

Fonte de PD, que pede sigilo de identidade, encaminhou um trecho de uma mensagem trocada por meio do aplicativo Whatsapp, na sexta-feira (7/Jul). Nela, supostamente Diana, aponta questionamentos de representantes do Conselho Regional de Saúde de Samambaia, em relação as “trocas constantes de antibióticos no HRSAM”.

Na mesma mensagem a gerente ordena, supostamente, outro servidor da Saúde, identificado apenas por Paulo, que  “tire da parede listas com falta de insumos”. A gestora solicitou aos demais colegas gestores que evitem tais divulgações, afirmou que os profissionais devem ser informados apenas quando questionados, além de desautorizar quaisquer fixações de avisos em paredes e portas.

Sonegação de informação

Para o vice-presidente do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem do DF (SINDATE-DF), Jorge Vianna, a prática dos gestores do HRSAM é um “retrato do governo Rollemberg”. O sindicalista condenou a tentativa da gestão de deixar de informar sobre a falta de medicamentos e defendeu que o servidor é um fiscal da população.

“O servidor é um fiscal do serviço público, da população e deve, identificando qualquer ato que esteja irregular ou prejudicando o andamento do serviço, ele deve informar o usuário. Diga-se de passagem os gestores é que deveriam passar essa informação. É o estilo de governo que não faz e ainda ameaça quem faz. É o estilo do governo Rollemberg.”, disse Vianna.

Contrassenso

PD conversou com um gestor de saúde pública, que pede sigilo da identidade que apontou um contrassenso por parte da gestão. “A mim me parece um contrassenso a direção do hospital orientar que os servidores só sejam informados se perguntarem. Aliás a própria fixação que recomenda que não se inicie tratamento com antibiótico em falta na Farmácia Central, demonstra isso, pois se o medicamento está em falta e o servidor não tem conhecimento disso ele compromete o atendimento do usuário. Concordas que é um contrassenso?”, questionou o gestor.

O presidente do Sindicato dos Médicos do DF (SINDMÉDICO-DF), Guttemberg Fialho também segue as mesmas linhas de raciocínio em relação a gestão do HRSM. “Falta transparência com os pacientes e com os médicos. É necessário informar a medicação disponível para não ser prescrito medicação em falta e prejudicar o tratamento do paciente. Isso demonstra a irresponsabilidade dessa gestão que não observa o simples dever de informar.”, disse Fialho.

Ruídos

PD apurou o caso com a Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF), sobre possível aprovação da conduta da gestora. Por meio da Assessoria de Comunicação (ASCOM), a Superintendência da Região de Saúde Sudoeste sugere que tal procedimento pode evitar ruídos.

“A Superintendência da Região de Saúde Sudoeste considera mais efetiva e mais imune a mal entendidos que a comunicação a respeito da eventual falta de medicamentos seja feita diretamente a cada profissional, que é qualificado para prescrever um similar, dado o conhecimento específico sobre cada caso e a avaliação de cada paciente. Evidentemente, não se trata de negar o acesso a alguma informação, mas somente a escolha por um procedimento mais pessoal e mais seguro a eventuais ruídos.”.

O blog questionou à SES-DF a falta de medicamentos na Farmácia Central, uma vez que a lista, a ser retirada, supostamente que motivou o pedido de retirada da parede, com instrução de “Não iniciar tratamento” de pacientes com os antibióticos: Ampicilina, Micafungina, Ciprofloxacino, Cefepime e Vancomicina, porém, a SES-DF não se pronunciou sobre o caso.

Atualização: 9/7/17 às 17h40, para implementação de informação



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