Distritais adiam requerimento de convocação do irmão de Rollemberg



Uma das principais opositoras do governador na Casa, Celina Leão chamou de covardes os colegas que não permaneceram no plenário para votação

Por Suzano Almeida

Com atenções voltadas para o registro de suas candidaturas na Justiça Eleitoral, os deputados distritais não votaram, nesta terça-feira (14/8), o requerimento de convocação de Carlos Augusto Sobral Rollemberg, irmão do governador Rodrigo Rollemberg (PSB).

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A ausência dos colegas de Casa motivou protestos de Celina Leão (PP): “É uma pena ver esse plenário vazio em um momento tão grave, ver a covardia de alguns deputados em discutir esse caso de corrupção. Eu já vinha falando que o senhor Guto Rollemberg era lobista e, digo mais: ele trabalha dentro dos tribunais contra seus opositores”.

De acordo com a parlamentar, o ex-assessor especial da Casa Civil Marcello Nóbrega, exonerado do cargo após o escândalo, “tem muito a falar”. “Se ele abrir a boca, entrega o governador e a mulher dele”, acusou.

Guto e Nóbrega estão entre os principais suspeitos de envolvimento no suposto esquema investigado pela Coordenação Especial de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e aos Crimes contra a Administração Pública (Cecor), da Polícia Civil, e pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). As apurações embasaram o Inquérito 386/2018, que deu origem à Operação (12:26). O Metrópoles teve acesso ao documento com exclusividade.

O petista Chico Vigilante foi um a deixar o plenário antes do término dos trabalhos. Segundo ele, a votação não ocorreu porque a assessoria técnica da Casa explicou não haver embasamento jurídico para se aprovar convocações de Guto e Nóbrega. O expediente mais adequado, de acordo com o órgão do Legislativo local, seria um convite, medida a ser avaliada em outra sessão da Casa.

Em tom mais ameno, o deputado Raimundo Ribeiro (MDB) defendeu a convocação imediata dos investigados. “Todos têm oportunidade de se defender. Por isso, a Câmara Legislativa, cumprindo o seu papel, deverá imediatamente chamar essas pessoas e dar a elas a oportunidade ímpar de defesa”. Apesar do discurso, o emedebista também deixou a sessão antes do término.

Defesa
O deputado Rodrigo Delmasso aproveitou a ocasião para defender a atuação de Fernando Messina e Hermano Carvalho enquanto eram seus subordinados. Os dois estão envolvidos nas investigações da Operação (12:26).

“O trabalho da Polícia Civil e do MP foi fenomenal e de forma isenta. Ele vai mostrar o que de fato aconteceu e vai separar o joio do trigo. Mas foram citadas pessoas que trabalharam comigo. Eles sempre defenderam o nosso mandato e sempre me ensinaram a trabalhar dentro da legalidade. Hermano e Messina nunca fizeram qualquer proposta escusa para nós”, defendeu Delmasso.

Apurações
A Operação (12:26) foi deflagrada no último dia 7, quando foram mobilizados 54 policiais e 12 delegados. Houve o cumprimento de 15 mandados de busca e apreensão em Brasília e São Paulo. As equipes estiveram na sede do Palácio do Buriti para recolher documentos e mídias que pudessem ajudar na investigação.

Os mandados tinham seis alvos principais: o então assessor especial da Casa Civil Marcello Nóbrega; o administrador do Lago Norte, Marcos Woortmann; Leonardo Rocha de Almeida Abreu (irmão de Guilherme, chefe de gabinete da Casa Civil); Luiz Fernando Messina, ex-assessor do deputado distrital Rodrigo Delmasso; e Hermano Gonçalves de Souza Carvalho, ex-secretário de Desenvolvimento Econômico da gestão de Agnelo Queiroz e também ex-assessor de Delmasso.

O Inquérito 386/2018 traz uma série de outros nomes – entre eles, o de Guto Rollemberg. Alvo de interceptações telefônicas da Polícia Civil a partir de autorização judicial, o advogado é caracterizado como “ponto focal” de diversas ingerências junto à administração pública e com alto poder de “motricidade” perante o governo, embora não exerça nenhum cargo no Governo do Distrito Federal (GDF).

O outro lado
No mesmo dia em que a Operação (12:26) foi deflagrada, o GDF emitiu nota para esclarecer pontos específicos divulgados até então pela Polícia Civil e pelo Ministério Público. No documento, o governo nega as acusações feitas pelos investigadores sobre a existência da prática de advocacia administrativa e tráfico de influência.

Em nota enviada à reportagem, Guto Rollemberg diz que “nunca recebeu nem jamais receberia vantagem de qualquer natureza pelas denominadas ‘interferências’ no GDF”. O advogado considerou “as investidas” que está sofrendo como “um ardil político para tentar atingir o governador”.

Marcello Nóbrega, exonerado no dia em que o escândalo veio à tona, não quis comentar o caso.

Fonte: Metrópoles



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