Por Kleber Karpov
A Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF) reportou o primeiro caso de sarampo no Distrito Federal, confirmação essa identificada na segunda-feira (17/Mar). Segundo a SSES-DF se trata de uma paciente infectada, com idade entre 30 a 39 anos e histórico de viagens internacionais. A usuária do SUS não teve complicações e tampouco precisou ser hospitalizada.
De acordo com a Secretaria, a paciente apresentou os primeiros sintomas em 27 de fevereiro e as manchas vermelhas na pele surgiram em 1º de março. A confirmação ocorreu após exames laboratoriais realizados no Laboratório Central do Distrito Federal (Lacen-DF) e na Fundação Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro (Fiocruz-RJ).
Segundo aponta a Pasta, ainda nos primeiros sintomas de sarampo, a SES-DF aditou medidas preventivas, a exemplo de realização de busca ativa, de 278 pessoas que tiveram contato com a paciente, já domiciliar para evitar a disseminação. A Secretaria realizou orientações sobre a doença, sinais de alerta, verificação do cartão de vacinação e bloqueio vacinal seletivo — estratégia que deve ser aplicada no prazo máximo de 72 horas após a exposição ao vírus para interromper a cadeia de transmissão.
Ainda na terça-feira (18/Mar), a SES-DF notificou toda rede pública e privada de saúde sobre o caso, além de orientar as unidades de saúde para se atentarem para casos suspeitos.
“O objetivo do comunicado é alertar toda a rede, tanto pública quanto privada, de que houve um caso. Não há indícios de novos registros. No entanto, é essencial que todos estejam em alerta e que a população tenha, pelo menos, uma dose da vacina”, explicou o subsecretário de Vigilância à Saúde da SES-DF, Fabiano dos Anjos.
Alta taxa de transmissão
Com tais medidas SES-DF ligou o sinal de alerta, uma vez que o sarampo, se trata de uma doença potencialmente grave e altamente contagiosa, causada por um vírus da família paramyxorividae. Com ocorrência apenas em humanos, normalmente transmitido por meio de contato direto e pelo ar, uma vez infectado, a carga viral infecta o trato respiratório e se espalha por todo o corpo.
Casos no mundo
O alerta Epidemiológico Sarampo na Região das Américas da Organização Panamericana da Saúde (OPAS) de registros mensais de vigilância do sarampo e da rubéola da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 28 de fevereiro, em 2025, aponta que até 1 de fevereiro de 2025, foram contabilizados um total de 7.633 casos suspeitos de sarampo, notificados em 54 Estados Membros nas seis regiões da OMS. Desses, 3.098 (40,6%) foram confirmados por laboratório, com base em critérios clínicos ou epidemiológicos.
Em janeiro a OMS alertou para o aumento de casos de sarampo no mundo e reforçou a importância da vacinação para prevenir a disseminação da doença. Estudo da Organização em conjunto com a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) apontou na Europa um total de 127.350 ocorrências de casos de sarampo em 2024, o dobro do número registrado em 2023.
“Os casos de sarampo estão aumentando. É uma das doenças mais transmissíveis. Se uma pessoa se contamina, quase todos ao seu redor vão pegar o vírus, se não estiverem vacinados. Para proteger sua criança, garanta que as vacinas estejam em dia.”, alertou a OMS.
No Brasil
No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde (MS), desde o registro dos últimos casos de sarampo no ano de 2015, o país recebeu em 2016 a certificação da eliminação do vírus, sem ocorrência de casos confirmados até 2017. No ano seguinte, 2018, com o grande fluxo migratório associado às baixas coberturas vacinais, o vírus voltou a circular, e em 2019, após um ano de franca circulação do vírus por mais de 12 meses com o mesmo genótipo (D8), o Brasil perdeu a certificação de “país livre do vírus do sarampo”.
O país voltou, em 2023, após a era de negacionismo sob a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL/RJ) em relação às vacinas contra a Covid-19, o país sob comando do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com o MS, comandado pela ministra Nísia Trindade, o Brasil retomou a alta cobertura vacinal e chegou a receber da OMS a certificação de eliminação de sarampo, dado a alta cobertura vacinal em 2023.
Em 2024, o país registrou 4 casos confirmados importados, o primeiro no estado do Rio Grande do Sul por pessoa infectada no Paquistão, o segundo em de Minas Gerais proveniente da Inglaterra, e outros dois, de São Paulo vindos da Itália.
Nesse ano, Dados do Centro Nacional de Inteligência Epidemiológica e Vigilância Genômica da Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) vinculado ao MS, em 2025, o brasil tem registro de 70 casos notificados. Na sexta-feira (14/Mar), a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) confirmou dois casos de sarampo em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Duas crianças da mesma família foram atendidas em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no município (2/Mar), com alta médica na quinta-feira (13/Mar) e passam bem.
Em fevereiro deste ano, SES-RJ também confirmou outro caso em Itaboraí, na região metropolitana do Rio de Janeiro, em uma criança de 6 anos de idade, constatado em outubro de 2024. Os casos de Itaboraí e São João de Meriti não têm relação entre si, segundo a vigilância epidemiológica estadual.

Crianças
A OMS e a Unicef lembram que o sarampo é um dos vírus mais contagiosos e pode gerar complicações graves a exemplo de pneumonia, encefalite, cegueira e até a morte. Outro alerta das instituições, aponta os riscos às crianças. Cerca de 40% dos casos afetam crianças com menos de cinco anos.
Vacinação
A gerente da Rede de Frio da SES-DF, Tereza Luiza Pereira, orienta que toda a população mantenha o cartão de vacinação atualizado, independentemente de planos de viagem. “O sarampo é uma doença altamente contagiosa e pode causar complicações graves. Reforçamos a importância de manter a vacinação em dia, especialmente para crianças a partir de 12 meses, além de adolescentes e adultos que ainda não receberam as doses recomendadas”, destaca.
Posição essa reforçada pelo secretário de Saúde do DF, Juracy Cavalcante Lacerda Júnior. “É fundamental manter a adesão da população à dose contra o sarampo. Essa é uma responsabilidade de todos e, com a tríplice viral, não estamos protegendo apenas a nossa saúde, mas também a de toda a comunidade. A vacinação é uma barreira eficaz e deve ser uma prioridade para todos nós”, ressalta.

De acordo com a SES-DF, atualmente, a cobertura vacinal contra o sarampo no DF é de 97,2% para a primeira dose e 88,3% para a segunda em crianças menores de 2 anos. A meta é alcançar 95% na segunda aplicação.
A pasta no entanto alerta a contraindicação da imunização às gestantes, pessoas com comprometimento imunológico devido a doenças ou medicamentos e indivíduos com histórico de reações alérgicas graves a doses anteriores ou a componentes da vacina. A gravidez deve ser evitada por 30 dias após a aplicação do imunizante.
Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.
