Doe sangue: Com demanda da epidemia de dengue Hemocentro opera com apenas 37% do estoque ideal de plaquetas

Epidemia aumenta em mais de 34% a demanda de transfusões. Em sete dias, estoque de sangue caiu de 42% para 37% do considerado ideal para atender demanda dos usuários de rede pública do DF e redes conveniadas



Por Kleber Karpov

O Distrito Federal registrou um aumento de 34% na quantidade de transfusões de plaquetas, com 3.101 procedimentos realizados, em decorrência da epidemia de dengue. As informações são da Fundação Hemocentro de Brasília (Hemocentro), a operar com apenas 37% do estoque considerado ideal para atender as demandas dos hospitais públicos do DF e redes conveniadas.

De acordo com dados do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (E-SUS Sinan) da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde (MS), compilados nesta segunda-feira (29/Abr) o DF contabiliza 290 óbitos e outras 64 em investigação no DF. Além de contar com 239.673 casos prováveis de infecções, com coeficiente de incidência de 8.807,9 por 100 mil habitantes do vírus da dengue, maior taxa de transmissão do país.

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“A demanda por transfusão aumentou, uma vez que os casos mais graves de dengue, muitas vezes, requerem transfusão de plaquetas, um dos hemocomponentes produzidos a partir do sangue doado.”, apontou o Hemocentro, por meio da Assessoria de Comunicação.

Segundo a gestão do Hemocentro, “em fevereiro de 2024, por exemplo, foram realizadas 3.101 transfusões de plaquetas em hospitais da rede pública do DF e hospitais conveniados, 34% a mais que no mesmo período do ano passado.”, isso ao referenciar os cerca de 2.000 procedimentos realizados no período em 2023.

30% para casos de dengue

Ainda de acordo com o Hemocentro, “Cerca de 30% das transfusões realizadas em fevereiro de 2024 foram destinadas a pacientes internados com dengue.”. Número esse que reflete, por exemplo, o caso da jornalista Edilma Neiva Ibiapina, 77 anos, que recebeu diagnóstico de dengue no dia 10 de abril, data do aniversário, após ser internada no hospital Santa Lúcia.

Edilma Ibiapina, primeira repórter mulher da TV Globo Brasília e, também, a fazer uma reportagem para o Jornal Nacional, além de apresentar os principais telejornais da emissora. – Foto: Arquivo Pessoal

Com a forma mais grave da doença, a jornalista teve que ser transferida para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), e contou com a ajuda de veículos de imprensa (16/Abr), para tentar conseguir doadores que pudessem garantir a transfusão necessária. Infelizmente Edilma Neiva não resistiu a doença e veio a falecer no dia seguinte.

Baixo estoque

Ainda segundo informações da Ascom, a Fundação, ainda que com disponibilidade de unidade móvel para receber doações de sangue e de plaquetas, atualmente, está a operar com apenas 37% do estoque considerado ideal para atender a demanda dos usuários de rede pública do DF e redes conveniadas. Estoque esse, em 23 de abril, estava a 47% abaixo do nível considerado aceitável. “Os estoques dos tipos sanguíneos O positivo, B positivo, A positivo e A negativo estão críticos. Já os tipos O negativo, B negativo e AB negativo estão baixos.”, informou a FHB.

Menos doadores

Se por um lado a epidemia de dengue reduziu, drasticamente, os estoques de sangue, plaquetas e hemocomponentes, em decorrência do aumento da demanda de transfusões, por outro, segundo o Hemocentro, a situação fica ainda mais crítica, pois também impactou na queda do número de doadores aptos a realizar doação de sangue.

Isso porque, quem teve a doença acaba por ficar impedido de fazer doação de sangue, conforme lembrou recentemente, a gerente de Captação de Doadores do Hemocentro, Kelly Barbi. “Quem teve a doença não pode doar num prazo de 30 dias e quem contraiu dengue hemorrágica, fica inapto por seis meses. Então, temos um aumento na quantidade de procedimentos, de pessoas precisando do sangue, e a diminuição na quantidade de potenciais doadores”, disse.

Mobilização

Importante reiterar o apelo de Kelly Barbi, para que a população se sensibilize e ajude a regular os estoques do Hemocentro, por meio de doações. “Não há substituto para o doador de sangue. A gente pede para que a população nos ajude, somos uma rede de solidariedade. Então, nós fazemos um apelo para que procurem a nossa unidade e façam a sua doação”, pontuou a gerente.

Doe sangue

Para doar sangue, é preciso ter entre 16 e 69 anos, pesar mais de 51 kg e estar saudável. Quem passou por cirurgia, exame endoscópico ou adoeceu recentemente, a recomendação é consultar o site do Hemocentro para saber se está apto a doar sangue.

Em caso de dengue, é necessário aguardar 30 dias após o fim dos sintomas para se candidatar à doação de sangue. Para quem teve dengue hemorrágica, o prazo é de seis meses. Se você teve contato sexual com pessoas que tiveram dengue nos últimos 30 dias, é preciso esperar 30 dias desde a última relação para doar sangue.

Quem teve gripe deve aguardar 15 dias após o desaparecimento dos sintomas para poder doar sangue. Quem teve Covid-19 deve aguardar 10 dias após o fim dos sintomas, desde que sem sequelas. Se assintomático, o prazo é contado da data de coleta do exame.

Kleber Karpov, Fenaj: 10379-DF – IFJ: BR17894
Mestrando em Comunicação Política (Universidade Católica Portuguesa/Lisboa, Portugal); Pós-Graduando em MBA Executivo em Neuromarketing (Unyleya); Pós-Graduado em Auditoria e Gestão de Serviços de Saúde (Unicesp); Extensão em Ciências Políticas por Veduca/Universidade de São Paulo (USP);Ex-secretário Municipal de Comunicação de Santo Antônio do Descoberto(GO); Foi assessor de imprensa no Senado Federal, Câmara Federal e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.



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