O maior programa de captação e escoamento de águas pluviais do Governo do Distrito Federal (GDF) será inaugurado neste sábado (29), a partir das 9h30. Com investimento de R$ 180 milhões, o Drenar DF é mais do que uma grandiosa obra de infraestrutura: é a solução para um problema histórico na capital do país e levará mais qualidade de vida e segurança para a população.
O sistema de drenagem duplica a capacidade da rede existente, minimizando os impactos imediatos das chuvas para os moradores das quadras iniciais da Asa Norte. Além disso, contribui com a preservação do Lago Paranoá, reduzindo a pressão e o índice de sujeira da água que chega ao corpo hídrico por meio da bacia de detenção, e oferece mais um ponto de lazer e desporto para os cidadãos – o Parque Internacional da Paz.
As obras foram divididas em cinco lotes e executadas pela Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap). A empreitada foi concluída em etapas. No período mais intenso dos serviços, 35 frentes de trabalho atuavam em todos os lotes de forma simultânea, com registro de 450 empregos diretos e indiretos.
R$ 180 milhões
investimentos no Drenar DF, o maior programa de captação e escoamento de águas pluviais do GDF
A rede de tubulação soma 7,7 km de extensão e foi projetada para suportar chuvas intensas e transportar grandes volumes de água até o ponto de escoamento. As galerias começam na altura da Arena BRB (Estádio Nacional Mané Garrincha), seguindo em paralelo às quadras Norte 902 (perto do Colégio Militar), 702, 302, 102, 202 e 402, cruzando a W3 Norte e o Eixo Rodoviário Norte (Eixão), além da via L2 Norte, e chegando à L4 Norte.
Ao longo do percurso, foram construídas 291 bocas de lobo em pontos estratégicos da Asa Norte, selecionados com base em levantamento sobre trechos críticos de alagamento ou de empoçamento. Os dispositivos, que estavam vedados com blocos de tijolo e concreto, começaram a ser abertos nesta quinta-feira (27) – etapa essencial para a liberação do sistema.
“A sobrecarga do sistema atual é descarregada na rede do Drenar DF, tudo isso para que não ocorram mais alagamentos, enchentes e enxurradas nas quadras iniciais da Asa Norte”
Hamilton Lourenço Filho
diretor técnico da Terracap
Para evitar sobrecarga e eventuais transtornos à população, a nova rede de tubulação intercepta a antiga em sete pontos. Os dispositivos de derivação são semelhantes a janelas e permitem que parte do volume captado pela rede antiga seja direcionado para o novo sistema. Além de duplicar a capacidade de escoamento da região, a estratégia otimiza os recursos investidos no projeto e o tempo de execução das obras.
“A rede antiga será mantida e continuará em operação. O que acontece é que nós estamos aliviando o sistema atual com as novas bocas de lobo. A sobrecarga do sistema atual é descarregada na rede do Drenar DF, tudo isso para que não ocorram mais alagamentos, enchentes e enxurradas nas quadras iniciais da Asa Norte”, explica o diretor técnico da Terracap, Hamilton Lourenço Filho.
Preservação ambiental

Na ponta final do projeto, está a bacia de detenção. O reservatório ocupa um terreno de 37 mil m² – equivalente a quatro campos de futebol tradicionais – no Parque Urbano Internacional da Paz, no Setor de Embaixadas Norte. Além disso, o tanque tem capacidade para reter até 96 mil m³ de água, volume suficiente para abastecer 40 piscinas olímpicas.
A bacia terá a função de reduzir a pressão da água que chega ao lago e o índice de sujeira incorporado a partir do processo de decantação. Com isso, auxiliará na manutenção da qualidade e da balneabilidade do lago, que hoje é considerada adequada em 95% de sua extensão. Antes, o volume chegava em alta velocidade e repleto de resíduos, animais mortos e lixo em geral.
Parque Urbano Internacional da Paz

Com a entrega do Drenar DF, Brasília também ganha mais um cartão-postal: o Parque Urbano Internacional da Paz. Construído em contrato à parte do sistema de drenagem com investimento na ordem de R$ 2,2 milhões, o espaço de lazer e desporto promete ser o novo point dos brasilienses para fotos e momentos de contemplação da natureza.
O parque abriga a bacia de detenção, uma praça homônima, ciclovia, calçada e estacionamento, além de arbustos e árvores frutíferas e para sombreamento. O projeto foi desenvolvido pela Terracap em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh-DF) e seguindo exigências do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Escavação

As galerias do Drenar DF foram criadas longe dos olhos da população, graças ao método não destrutivo tunnel liner. A técnica consiste na abertura de poços de visita (PVs) – únicas estruturas à vista -, utilizados para a escavação das galerias subterrâneas.
35
frentes de trabalho chegaram a atuar de forma simultânea no Drenar DF, com registro de 450 empregos diretos e indiretos
No total, foram abertos 108 PVs, que já estão equipados com tampas de concreto e escadas, e servirão para manutenção, limpeza e inspeção após o início da operação do sistema. As entradas de acesso têm profundidade média de 11,32 metros, e algumas chegam a 21,3 metros de altura – o equivalente a um prédio de seis andares.
Após a abertura dos PVs, os operários partiam para a escavação dos túneis. Inicialmente, eram esperadas duas categorias de solo: mole, que esteve presente em quase todo o trecho de 7,7 km do sistema de drenagem, e pouco rígido, verificado em pontos distintos do projeto. Nos dois casos, os técnicos chegaram à conclusão de que a escavação poderia ser manual, com uso de pá, picareta e martelete elétrico.
Um terceiro tipo de solo, rígido, foi identificado durante a escavação do lote 2, próximo à bacia de detenção. Para lidar com o desafio, foi preciso trocar a estratégia: os operários passaram a usar escavadeiras e furadeiras hidráulicas – equipamentos especializados, munidos de brocas, capazes de perfurar e romper solos resistentes. O rompimento do último trecho de solo rígido ocorreu no dia 8 deste mês.
Próximos passos
A segunda fase do projeto, que deve ser executado pela Terracap, compreende as quadras 4 e 5 até as quadras 14 da Asa Norte. O material está em aprovação na Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) e aguarda recursos. Um terceiro projeto está em estudo para atender as quadras de finais 15 e 16.