O deputado Fábio Felix (PSOL) – autor da proposta de criação no âmbito da CLDF de uma Comissão Especial destinada a acompanhar e a fiscalizar o plano de vacinação contra o novo coronavírus – foi eleito, nesta quarta-feira (13), presidente da Comissão da Vacina. Como vice-presidente, foi escolhido o deputado Jorge Vianna (Podemos) e o deputado Delmasso (Republicanos) foi designado relator do colegiado. Para Felix – que agendou a primeira reunião do grupo para segunda-feira (18) e sugeriu um encontro, na próxima semana, da comissão com o corpo técnico da Secretaria de Saúde –, os principais desafios serão: garantir o acesso de todos ao imunizante e combater a desinformação.
Ao agradecer aos colegas pela condução à presidência, Fábio Felix disse que 2021 “está sendo marcado pela esperança, com a chegada do imunizante, mas, infelizmente, enquanto cerca de 50 países estão em plena campanha, a população do DF e a brasileira não têm vacina disponível”. O parlamentar ratificou a urgência do processo lembrando as mais de 200 mil vidas perdidas para a Covid-19 e os impactos econômicos “gigantescos” devido à pandemia. “Por isso, temos de ser diligentes e conhecer de perto e com transparência o plano elaborado pelo GDF”, afirmou. Também chamou a atenção para a “necessidade da divulgação de informações corretas, que venham da ciência, em tempo de tanta notícias falsas”.
Por sua vez, o deputado Jorge Vianna, que é servidor da área de saúde, propôs que o lema da comissão seja “salvar vidas”. “Temos de atuar com responsabilidade e nos somarmos à mobilização a favor da campanha de vacinação”, observou. Na análise do distrital, há muitas dúvidas em torno do plano local de imunização, contudo, avaliou que a Comissão da Vacina “demonstra à sociedade o engajamento da Câmara Legislativa na questão”. Para ele, a Casa deverá participar do processo, ajudar e contribuir e, se necessário, o colegiado deve bater à porta do Ministério da Saúde para garantir as doses em número suficiente à população do Distrito Federal.
Sair da pandemia
O relator da comissão, deputado Delmasso, acrescentou uma preocupação ao debate. Considerando o envio de 400 mil doses da vacina, segundo aventado pelo ministério, e acrescentando o número de brasilienses que já tiveram Covid-19 e foram curados – “supondo que estes estejam imunizados” –, o índice chegaria a apenas 16% da população do DF, longe dos 70% estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o mínimo de vacinados para que uma localidade seja declarada “fora da pandemia”. E, mesmo argumentando que a vacinação deve ser um ato voluntário, o distrital defendeu que o GDF e a CLDF se envolvam na campanha para que as pessoas sejam imunizadas. “Essa é a única arma que temos para sair da pandemia e ninguém aguenta mais tantas restrições, embora ainda sejam necessárias”, declarou.
O deputado João Cardoso (Avante), que é membro titular do colegiado, salientou o fato de o Legislativo local “suspender o recesso parlamentar para trabalhar diretamente no acompanhamento da vacinação”. Também disse ser necessário “não politizar a questão”, destacando que a comissão tem um caráter humanitário: “Vamos trabalhar pelo próximo”. Enquanto a deputada Júlia Lucy (Novo), suplente, alertou o grupo para a pluralidade de opiniões da sociedade: “Conheço quem não vai querer tomar a vacina e teremos que lidar com isso”. Para a parlamentar, um dos objetivos do colegiado será “esmiuçar os dados e transmiti-los à população”. Ela ainda demonstrou preocupação com matérias legislativas que venham condicionar o acesso a direitos à imunização, pois, levando em conta as condições atuais, “não haverá vacina para todos de forma rápida”.
Ao encerrar a reunião extraordinária realizada por videoconferência, o deputado Fábio Felix condenou a condução pelo governo federal da crise de saúde gerada pela pandemia. “Será que o Distrito Federal pode confiar na gestão do Ministério da Saúde para garantir vacinar toda a população, evitar mais mortes pela Covid-19 e sair da pandemia”, indagou. O parlamentar ainda insistiu na necessidade de enfrentar a “campanha difamatória e de baixo nível contra a vacina e a ciência”.