Em vez de se justificar, explique à população os motivos para apoiar o governo, sugere ex-secretário de Saúde a secretários do GDF



Associado como ex-aliado crítico do governo, Fábio Gondim negou tais práticas, questionou execração pública, por parte de Rollemberg à colaboradores e sugeriu aos gestores que apontem motivos que justifiquem possivel apoio aos que reprovam atual gestão

Por Kleber Karpov

No domingo (18/Fev), uma publicação na coluna Eixo Capital do Jornal Correio Braziliense chamou atenção do ex-secretário de Estado de Saúde do DF (SES-DF), Fábio Gondim. Ao ser colocado na condição de ex-aliados, atualmente críticos da gestão do governador, Rodrigo Rollemberg (PSB), Gondim refutou tal posicionamento e se contrapôs a reação de secretários em ‘textão’ do ex-chefe de gabinete do GDF, Rômulo Neves em ‘tréplica’ a outro da secretaria de Estade de Planejamento e Gestão do DF (SEPLAG-DF), Leany Ramos.

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Por meio de uma rede social, Gondim negou ter realizado críticas ao governo e criticou as posturas de Rollemberg, por expor aliados “a um constrangimento ímpar, sem direito de defesa e sem considerar sua história pregressa” e mencionou o caso do ex-diretor do Departamento de Estradas e Rodagem do DF (DER-DF), Henrique Ludovice, porém, sem o nominar no texto.

“O governador não teve dúvidas. Diante do desabamento do viaduto, o exonerou, sumariamente, como que parar se isentar de culpa ou responsabilidade. Expôs seu aliado a um constrangimento ímpar, sem direito de defesa e sem considerar sua história pregressa. Obviamente, um aliado tratado assim deixa de se sentir compromissado com o antigo chefe… Mais um adversário para a já extensa lista do governador. Uma pena.”.

Gondim também sugeriu uma inversão de pauta, em relação a publicação de Eixo Capital, de se elencar apoiadores de Rollemberg, mas ironizou ao observar a raridade para os encontrar.

“Invertendo o raciocínio da coluna Eixo Capital de ontem, ao invés de apontar os ex-aliados que, hoje criticam o governo, vamos elencar os que ainda o apoiam? Claro que eles devem existir, mas são tão raros que, agora, não me lembro de nenhum. Ou seja, será, então, que estão todos errados e só o governador está certo?! Penso que Rollemberg seja um desses políticos que, talvez, não entendam a importância de respeitar a história das pessoas que compuseram as suas equipes. E, por isso, segue sozinho, querendo acreditar que o que faz é tão bom que não pode ser contestado.”.

Aos ex-colegas, secretários de Estado, Gondim sugeriu que, em vez de publicar textos para justificar críticas ao governo, mas o fizessem para apresesentar aos 73% da população que rejeitam o governo Rollemberg, “os motivos pelos quais eles deveriam passar a aprová-lo.”.

Confira a nota na íntegra

Saiu na coluna Eixo Capital do Correio Braziliense de ontem, 18/02/2015, que o governador Rodrigo Rollemberg “acumula críticos entre os ex-aliados”. Fala a colunista que a ex-Presidente da CLDF, Celina Leão, o ex-Subsecretário do Sistema Penitenciário, José Carlos Lóssio, e o ex-líder do governo na Câmara Legislativa, Raimundo Ribeiro, tornaram-se inimigos do governador, ainda no primeiro ano de mandato. Afirma, ainda, que o atual Presidente da CLDF, Joe Valle, é provável adversário na campanha à reeleição. Finalmente, alega que cinco ex-Secretários e o diretor do DER/DF também passaram a criticar o governo.

A coluna citou meu nome como sendo um dos cinco ex-Secretários que assumiu essa postura de crítica ao governo. Exatamente sobre essa afirmação é que eu quero fazer algumas considerações.

Em primeiro lugar, quero dizer que recebi e aceitei o convite para assumir a Saúde do Distrito Federal, com muita honra. Esse cargo, que normalmente é tido como um problema insolúvel para a maioria, foi, para mim, motivo de orgulho e muita dedicação. Encontrei na Saúde a causa mais nobre para dedicar a minha vida. Aceitei o comando do governador, procurei me sintonizar com as Secretarias de Planejamento e Fazenda, bem como com a Casa Civil, levando o mínimo de problemas para aquelas Pastas. Fiz parte de uma equipe maior, da qual, humildemente, sempre reconheci ser apenas uma peça.

Não vou me estender, aqui, elencando as realizações da minha passagem pelo governo, mas posso dizer que fizemos muito, eu e a maravilhosa equipe de profissionais da Saúde do DF. Nossas realizações podem ser conferidas no relatório acessível pelo link: http://online.pubhtml5.com/oocs/xpmj/.

Em segundo lugar, importante observar que eu nunca fiz uma única crítica ao governo. Nunca! Jamais me coloquei em posição de apontar falhas na área da Saúde, da qual fui titular no Distrito Federal, nem na gestão orçamentária e financeira ou na área administrativa, áreas das quais fui Secretário em outro Estado. Também jamais apontei qualquer falha da Casa Civil, cargo que também já ocupei no passado. Por isso, confesso que me surpreendi ao ver meu nome figurar na lista de ex-aliados que passaram a criticar o governo. Me surpreendi, mas não estranhei, já que, de fato, como grande parte da população, mas com todo o respeito, também tenho críticas em relação aos resultados alcançados pelo governo.

Acho que todo homem público tem que ter duas qualidades: lealdade e gratidão. Quem me conhece melhor sabe que essas, talvez, sejam as características mais fortes em mim. Fui muito grato ao governador Rollemberg por ter confiado em mim inicialmente. E, obviamente, também fui leal, evitando qualquer exposição ao governo. Claro que o fato de ser grato e leal não significa que eu concorde com tudo que vi no governo e, justamente por isso, pedi exoneração do cargo de Secretário de Saúde.

Gratidão e lealdade. Características que o governador também deve ter… É natural que ele seja obrigado a fazer substituições na sua equipe. O que não pode acontecer é de as pessoas serem descartadas sem cuidado e expostas à execração pública, como tem acontecido. Isso rompe completamente o elo de gratidão e lealdade de parte a parte e cria um antagonismo do qual Rollemberg vem sendo justificada vítima.

Nesse ponto, quero concordar com uma fala do ex-Chefe de Gabinete, Rômulo Neves, também citado na coluna Eixo Capital, na qual ele diz, em outras palavras e em resposta à Secretária de Planejamento Leany Lemos, que para deixar o governo é preciso mais coragem do que para ficar. De fato, por mais que o desempenho desses cargos seja extenuante, por um lado, por outro lado são cargos de muito prestígio e poder, que abrem portas e enriquecem currículos, e são objeto de disputa política ferrenha para ocupá-los. É preciso, sim, muito mais coragem para abrir mão do que para continuar neles.

A impressão que se tem é a de que, para o governador, seus auxiliares nada mais são do que isso: auxiliares. Ele mandou exonerar sem cerimônia pessoas que se expuseram e toparam lutar ao seu lado por uma Brasília mais justa. Vejam o recente exemplo do diretor do DER/DF. O governador não teve dúvidas. Diante do desabamento do viaduto, o exonerou, sumariamente, como que parar se isentar de culpa ou responsabilidade. Expôs seu aliado a um constrangimento ímpar, sem direito de defesa e sem considerar sua história pregressa. Obviamente, um aliado tratado assim deixa de se sentir compromissado com o antigo chefe… Mais um adversário para a já extensa lista do governador. Uma pena.

Invertendo o raciocínio da coluna Eixo Capital de ontem, ao invés de apontar os ex-aliados que, hoje criticam o governo, vamos elencar os que ainda o apoiam? Claro que eles devem existir, mas são tão raros que, agora, não me lembro de nenhum. Ou seja, será, então, que estão todos errados e só o governador está certo?! Penso que Rollemberg seja um desses políticos que, talvez, não entendam a importância de respeitar a história das pessoas que compuseram as suas equipes. E, por isso, segue sozinho, querendo acreditar que o que faz é tão bom que não pode ser contestado.

Como já foi dito, nunca fiz críticas ao governo. Me isentei de qualquer opinião pública para preservar o governo, que, afinal, está passando por dificuldades reais. Não o fiz, mas me reservo o direito fazê-lo, afinal, sou brasiliense, nascido e criado na nossa cidade e, acima de tudo, eleitor com plenos direitos civis. Acredito ser natural receber críticas no exercício do poder. Por isso mesmo, custei a acreditar nas intervenções de Secretários que tentavam justificar, com certa truculência, críticas direcionadas ao governo. Vou dar uma sugestão aos ex-colegas: não percam tempo se justificando para os que fizeram essas críticas. Expliquem, se for possível, para os 73% da população que reprovam o governo os motivos pelos quais eles deveriam passar a aprová-lo.

Pelo exposto, fica claro que não são os ex-aliados que se afastaram do governo, mas, ao contrário, é o governador que afasta meticulosamente seus antigos aliados, se isolando cada vez mais. Há muito tempo já não tenho condições de apoiar o governo, mas continuarei minha caminhada sem fazer críticas. Nesse sentido, penso que a população já tem feito isso com muito mais ênfase e pertinência do que eu faria. De minha parte, prefiro olhar para frente, apontar soluções e dar boas ideias de como melhorar o nosso Distrito Federal.

 



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