Enfermeiro é brutalmente agredido na UBS 1 de Taguatinga

Equipe afirma que xingamentos e ofensas são rotineiras na unidade. “Será que vou precisar ser morto em meu ambiente de trabalho para que alguma coisa mude?”, indaga profissional que levou socos e chutes.



Por Nicole Borges Siqueira

Mais uma vez, a Enfermagem se tornou vítima de violência em uma instituição pública de saúde do Distrito Federal. Desta vez, o caso ocorreu na Unidade Básica de Saúde (UBS) 1 de Taguatinga. Após fazer a triagem e o devido encaminhamento de uma criança, um enfermeiro foi agredido com socos, pontapés, arranhões e ameaças de morte desferidas pelo padrasto do paciente.

“A população precisa entender que a Enfermagem não tem culpa nessas situações. Pelo contrário, nós trabalhamos sobrecarregados e fazemos tudo para resolver os problemas dos pacientes da melhor forma possível. Infelizmente, esses casos de xingamentos e agressões são constantes na UBS 1 de Taguatinga. Será que vou precisar morrer em meu local de trabalho para que algo mude?”, indaga o enfermeiro que foi vítima do agressor.

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De acordo com a ocorrência, registrada no em 18 de setembro de 2023, um casal compareceu com a criança à unidade, se queixando de febre e falta de apetite. Na triagem, foi constatado que o paciente se encontrava estável, sem alterações significativas e apresentava manchas vermelhas pelo corpo. Os principais sintomas indicavam suspeita de dengue.

No momento, havia apenas um médico no atendimento, com pacientes em situação mais crítica. O casal com a criança haviam chegado por volta de meio-dia, justamente no horário de almoço do médico. Assim, foram encaminhados para fazer exames no Hospital Regional de Taguatinga (HRT), com a orientação de retorno para finalização do atendimento. Neste momento, o padrasto do garoto pediu atestado médico e o enfermeiro respondeu que só poderia dar o de comparecimento naquele momento.

O enfermeiro explicou que o atestado médico para fins de justificar ausência no trabalho seria emitido tão logo voltassem do HRT, uma vez que a quantidade de dias dependeria do resultado dos exames e do período necessário de recuperação definido pelo médico. Neste momento, o padrasto começou a ficar agressivo.

A criança e os responsáveis voltaram à UBS por volta das 18 horas, mas já havia pacientes com prioridade esperando atendimento desde as 13h30. Como o caso do garoto continuava estável, sem sinal clínico alterado e sem febre, o enfermeiro encaminhou o atendimento para o dia seguinte, uma vez que não se justificava mandar como emergência para o hospital e não havia como prestar atendimento médico na UBS naquele momento.

O padrasto mais uma vez insistiu para que o enfermeiro emitisse o atestado e o servidor voltou a explicar que só podia emitir o atestado de comparecimento naquele momento, uma vez que somente o médico poderia dar o documento que ele pediu. Neste instante, o homem ficou ainda mais agressivo e diante dos xingamentos, o enfermeiro decidiu chamar o segurança. Ao virar as costas para acionar o vigilante, o servidor foi atingido por socos, pontapés, arranhões e ameaças de morte.

De acordo com levantamento feito pelo Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal (Coren-DF) em junho de 2022, 834 profissionais de enfermagem afirmam que já sofreram violência em unidades de saúde do DF: 144 profissionais disseram que já foram agredidos fisicamente e 690, verbalmente.

Segundo os dados do Coren-DF. 644 profissionais de enfermagem já sofreram humilhação, 589 foram xingados, 488 foram ameaçados, 85 foram empurrados, 40 levaram tapa, 26 levaram soco e 9, puxão de cabelo.

“É lamentável o descaso das autoridades responsáveis pela segurança das unidades públicas de saúde do DF. Nós já acionamos o GDF e a SES várias vezes, mas a situação permanece igual. Vamos continuar lutando para garantir a segurança dos nossos profissionais e espero que o governo não espere alguém morrer para tomar alguma providência realmente efetiva”, afirma o presidente do Coren-DF, Elissandro Noronha.



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FONTECoren-DF
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