Equipe do Hospital da Criança prepara mais de 50 mil refeições por mês

Hospital se dedica à alimentação saudável e com segurança; a produção dos alimentos segue controles rigorosos



O Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) produz, em média, 59 mil refeições mensais – incluindo as que são servidas a pacientes, acompanhantes e funcionários. O volume expressivo é fruto do esforço da equipe de nutricionistas e técnicos de nutrição do HCB, que acompanha a produção tanto dos alimentos entregues na internação quanto dos que são servidos aos profissionais do Hospital.

A gerente de Nutrição e Suprimentos do HCB, Patrícia Arraes, explica que o menu compilado pela equipe terceirizada é submetido aos profissionais do hospital. “Dentro do nosso edital, temos todas as especificações do que um cardápio equilibrado, harmônico, tem que ter. Nosso grupo de nutricionistas e técnicos de nutrição olha, dia a dia, a composição desse cardápio e fazemos as críticas. Da mesma forma, em relação aos pacientes, o cardápio é avaliado por nós – tanto em análise quantitativa quanto qualitativa de macro e micronutrientes, valor nutricional”, afirma.

A seleção dos pratos oferecidos na internação parte de um cardápio único, mas precisa ser adaptada à realidade de cada paciente. Segundo Arraes, o perfil de atendimento do HCB é um desafio, já que algumas doenças e tratamentos requerem abordagem nutricional específica. “Classificamos os pacientes e a dinâmica depende muito de como cada um vai se comportar durante a internação. Para crianças hipertensas, por exemplo, indicamos uma dieta hipossódica e vamos adaptando de acordo com a evolução do paciente”, relata a gerente.

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Essa classificação é feita nas primeiras 24 horas de internação, quando a equipe de nutrição faz a primeira visita e verifica exames, intolerâncias alimentares e informações que interfiram na alimentação. O acompanhamento nutricional segue ao longo do período em que a criança estiver no hospital; dessa forma, os profissionais alteram o plano alimentar de acordo com os resultados do tratamento e as necessidades da criança.

O cardápio de cada paciente é elaborado nas primeiras 24 horas de internação pela equipe de nutrição do hospital

O cardápio oferecido agradou Helloysa Marques, de 9 anos. Internada pouco antes do almoço, a primeira refeição da menina no HCB foi repleta de variedade. A mãe dela, Gabrielle Marques, conta: “Ela comeu o almoço, com arroz, feijão, beterraba, abóbora e peito de frango, e gostou. É uma comida que eu faria em casa”.

A surpresa, porém, veio na hora do lanche. “Primeiro eu escondi o que era e falei para adivinhar porque é uma coisa que ela gosta. Nem passou pela cabeça dela que seria pipoca. Quando eu falei, ela ficou surpresa e até achou estranho, mas está amando”, relata Gabrielle.

“Vamos aos leitos perguntar qual é o cardápio favorito, nos organizamos e fazemos aquele cardápio específico para aquela criança. Saem muitos pedidos por hambúrguer, batata frita, sorvete”

Patrícia Arraes, gerente de Nutrição
e Suprimentos do HCB

A inserção de pratos como a pipoca chamam a atenção de quem acredita na fama de que hospitais têm comida ruim. A equipe de nutrição do HCB se esforça para incluir, nas refeições servidas às crianças, aquilo de que elas gostam. “Vamos aos leitos perguntar qual é o cardápio favorito, nos organizamos e fazemos aquele cardápio específico para aquela criança. Saem muitos pedidos por hambúrguer, batata frita, sorvete”, diz Patrícia Arraes.

Esses pedidos são atendidos respeitando o tratamento de cada um. “Há casos específicos. Temos uma paciente que é autista e só aceita o medicamento no achocolatado, e o médico liberou. É uma linha muito tênue. Nos cuidados paliativos, por exemplo, liberamos quase tudo”, esclarece.

Existem casos, no entanto, em que o pedido não pode ser atendido. “Eu pedi laranja, que eu como lá em casa, e não trouxeram. Trouxeram uva de caroço; tem que tirar devagarzinho, mas não é difícil”, conta Vítor Montalvão, 4 anos.

A mãe do menino, Josina Montalvão, explica que a laranja foi negada devido ao tratamento do filho, mas conta que outras frutas foram oferecidas e agradaram a criança. “Mandaram melancia e maçã, também, que ele gosta. No almoço, ele sempre tem preferência por batatinha, ovo e gosta de salada”, diz. Vítor gosta quando o lanche do hospital tem iogurte e queijo e dá sugestões para a equipe da cozinha: “Tem que colocar o queijo dentro do pão amassado e eu também gosto de bolo com cobertura”.

Vítor Montalvão ganhou iogurte e sugere que o lanche inclua pão com queijo e bolo com cobertura

Os acompanhantes também recebem as refeições no HCB. Josina fala que “o arroz é muito gostoso, você come e sente ele bem temperado, bem caprichado”. Já Gabrielle Marques, mãe de Helloysa, diz que a feijoada que comeu chamou até a atenção da filha.

As opiniões reforçam os dados coletados pela equipe da nutrição. “Hoje, temos percentual de satisfação alto – nossa média é acima de 95%. Durante as visitas, conseguimos saber quantos por cento do prato a criança comeu, qual o percentual de aceitação”, afirma a gerente Patrícia Arraes.

Segurança e variedade

O estado de saúde dos pacientes em tratamento, o grande volume de refeições produzidas todos os dias e a quantidade de pessoas que se alimentam no Hospital da Criança de Brasília fazem com que a vigilância seja constante no que se refere à qualidade da comida.

Esse cuidado vai desde o planejamento de um cardápio saudável até as medidas para garantir a segurança dos alimentos produzidos: o HCB segue as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e monitora constantemente os padrões de produção.

“Conferimos todos os controles, aferimos a temperatura dos alimentos e temos laudos microbiológicos regularmente, tanto do alimento quanto das bancadas e das mãos dos manipuladores”, explica Arraes. Ela garante que “são controles bem rígidos com relação à qualidade e à integridade do alimento. Se alguém passa mal e acha que foi pela comida, levamos esse alimento para laboratório para análise”.

o planejamento dos cardápios também se baseia na culinária de diferentes locais do país

Visando a qualidade e variedade, o planejamento dos cardápios também se baseia na culinária de diferentes locais do país. Patrícia Arraes diz que, como o Distrito Federal reúne pessoas de todos os estados brasileiros, há um cuidado em trazer pratos regionais, especialmente para os funcionários. A sazonalidade das frutas também é observada.

“Procuramos atender essas especificidades, até porque a qualidade do alimento é melhor. No mês de setembro, por exemplo, temos mais morango. Se eu for procurar abacate, por exemplo, em um mês em que ele está sempre verde, não vou conseguir oferecer para as crianças”, afirma a gerente.

Educação para a saúde

Uma preocupação dos nutricionistas é fazer com que as famílias atendidas no HCB adotem hábitos de vida saudáveis. Arraes explica que, quando se trata de pacientes internados, essa mudança é mais desafiadora: “Temos mais sucesso quando eles frequentam o ambulatório; fazemos um acompanhamento mais longo e conseguimos um trabalho mais efetivo em relação à orientação nutricional”.

Ainda assim, há um esforço contínuo para auxiliar na mudança da alimentação das crianças internadas e de seus pais, oferecendo alternativas mais saudáveis para os pratos que a família prepara em casa. “Aqui, damos o melhor para o paciente, mas sabemos que, quando voltar para casa, talvez não seja o que ele vai ter. Procuramos entender o contexto dele lá fora e, na hora da alta, mandamos uma orientação por escrito”, conta.

No atendimento ambulatorial, a eficácia na mudança de hábitos é alcançada por meio do acompanhamento constante com profissionais especializados. Os nutricionistas clínicos participam da abordagem multiprofissional, por exemplo, nos tratamentos de diabetes, obesidade e de fibrose cística. A equipe planeja intensificar, em 2025, atividades educativas como palestras e interações lúdicas, ajudando cada vez mais famílias a se alimentarem de forma saudável.



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FONTEAgência Brasília
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