Com a pandemia do novo coronavírus, o ano de 2020 tem sido atípico nas residências do mundo todo. Famílias precisaram readequar as rotinas. Crianças passaram a ficar mais tempo em casa e os pais tiveram de se dividir entre as tarefas domésticas, muitos acumulando o home office e ainda a atenção integral aos filhos.
A nova configuração de vida, uma preocupação: mais tarefas, mais tempo em casa, maior o risco de acidentes domésticos. Mesmo antes da pandemia, já era sabido que cerca de 70% dos acidentes com queimaduras acontecem em casa. Deles, 40% acometem as crianças.
A cozinha é o cômodo onde mais acontecem os acidentes com crianças. A escaldadura, ou seja, contato com líquidos quentes, é a causa mais comum. Entre os menores de 6 anos de idade, a curiosidade acaba os levando a puxar cabos de panela e toalhas de mesa. Quando alimentados no colo, o acidente também pode acontecer.
Nas crianças maiores de 6 anos de idade, os acidentes mais comuns são por chama direta, utilizando um líquido inflamável, facilmente encontrado nas residências, como por exemplo, o álcool.
Mas a cozinha não é a única vilã. “É importante destacar o aumento em queimaduras por utensílios domésticos elétricos, como ferro de passar roupa, chaleiras elétricas, alisadores de cabelo elétrico, entre outros”, alerta o cirurgião pediátrico Rodrigo Feijó, diretor e chefe do Centro de Tratamento de Queimados do Hospital Infantil de Florianópolis.
O álcool 70% é outro item que merece atenção. É importante evitar o uso abusivo em crianças, pois o produto é altamente inflamável perto de chamas. “O ideal é lavar as mãos com água e sabão, deixando o álcool gel em pequenos frascos só para ser usado fora de casa”, ressalta a cirurgiã pediátrica Maria Cristina do Vale, membro da SBQ (Sociedade Brasileira de Queimaduras).
O revezamento entre pais e mães no cuidado com os filhos pode evitar acidentes. “Caso os dois tenham que trabalhar no mesmo horário, o ideal é sugerir uma atividade mais calma para crianças, como filmes, pinturas, mas sempre sob o olhar dos responsáveis”, sugere a cirurgiã.
Prevenção – As crianças muitas vezes são mais vítimas de queimadura devido à falta de maturidade, por isso um diálogo desde a infância pode prevenir acidentes. “Uma criança de três anos entende quando falo de fogo. Tenho que aproveitar o conhecimento para começar a explicar o que pode fazer mal a ela. Seria uma prevenção direta com a criança”, explica a cirurgiã plástica Rutiene Maria Giffoni Rocha.
“Tendo o diálogo cedo sobre prevenção, contamos com a retaguarda das crianças em casa educando os adultos”, conta a médica.
Tratamento de queimaduras – No caso de não conseguir evitar o acidente, os pais precisam saber como proceder. A primeira medida é colocar a área queimada sob água corrente de temperatura ambiente. Para se deslocar para o hospital, colocar um pano limpo e úmido sob a ferida.
É importante não colocar nenhum produto na lesão até que um médico possa avaliar. “A criança com queimadura deve sempre ser avaliada pelo médico, mesmo as pequenas lesões podem complicar”, alerta a cirurgiã pediátrica Maria Cristina do Vale, membro da SBQ.
Cada queimadura pede um tratamento, o de queimaduras extensas é de alta complexidade e necessita de internação em unidade de queimados com pediatria. Esse tratamento é longo e, dependendo da queimadura, mesmo depois da alta hospitalar continua.
Fonte: SBQ